Não! Portugal não é racista!
Mais do que impregnar pelos ouvidos, devemos todos olhar ao nosso redor e fazer um exercício de memória: Já fomos vítimas ou assistimos a um acto de racismo em Portugal? No meu caso, respondo de forma peremptória: NÃO!
Tenho para mim que Portugal não é racista. Quanto muito, é egoísta! Passo a explicar:
Sou descendente de uma família que teve de fugir de Moçambique devido ao criminoso processo de descolonização em África. Ali nasceram quatro gerações do lado materno da minha mãe.
A minha trisavó foi a primeira mulher solteira a desembarcar em Lourenço Marques, ida da Metrópole com os pais. O acontecimento foi de tal forma marcante que o Governador da Província foi recebê-la ao porto da “Cidade das Acácias”.
Se o tratamento dado a quem sempre serviu os meus familiares – negros autóctones, na sua maioria – foi bom ou mau, não posso dizer. Mas há algo importante que sei: Foi com a ajuda dos últimos empregados do meu avô materno que todos chegaram em segurança à fronteira da África do Sul, onde eu viria a nascer.
Conto esta história pessoal pois ela é igual a tantas outras contadas por portugueses que viveram episódios semelhantes. A verdade é que a grande maioria da população branca de Moçambique respeitava todas as raças. Tratava-se de uma colónia portuguesa naturalmente multicultural.
Os primeiros objectos chineses que vi na vida foram comprados a chineses que viviam em Lourenço Marques, a comida do hoje país independente tem influência dos sabores introduzidos pelos indianos e grande parte da economia ainda é controlada por judeus e muçulmanos, o que demonstra que também a religião não foi uma barreira para a integração de outros povos.
Posto isto, o que fez Portugal? Fez o que jamais deveria ter feito…
Se os territórios ultramarinos estavam perdidos, não estava perdida a identidade portuguesa no coração de todos os povos que referi. Mas o egoísmo – e é aqui que entra o egoísmo e muita ingratidão – de quem governava Portugal levou, por exemplo, à recusa da nacionalidade portuguesa a quem, mesmo não sendo branco, serviu no Exército Português, estudou em Portugal (muitos cabo-verdianos formaram-se pela Faculdade de Direito em Lisboa) e trabalhou na Administração das Colónias.
Com a fuga de tantos e tantos milhares para Portugal (de todas as raças) passaram a existir portugueses de primeira e de segunda, sendo que a estes últimos não restou outra hipótese senão solicitar uma nova nacionalidade. E assim lá fomos mais uma vez ingratos para com a história de vida de quem muito deu a Portugal, com sangue, suor e lágrimas, lutando por vezes contra os seus.
Mas os anos foram passando e as feridas cicatrizando, até surgir o movimento da globalização, o tal que defende a abolição das fronteiras, como se o mundo se tornasse num só país e de preferência sem regras, pois no caos só sobrevivem os mais capazes. E com tal movimento surgiram novas forças políticas, observatórios, institutos e toda uma panóplia de organismos que vivem à sombra de um racismo inexistente, sabendo-se que o seu verdadeiro objectivo é empregar os apaniguados, financiar os partidos e – diria até – destruir os valores morais e éticos que há décadas ou mesmo séculos regem a Sociedade Portuguesa.
Nunca se falou de racismo em Portugal com o afinco de agora. E porquê? A resposta é simples: porque nunca como agora a Esquerda sentiu o tapete fugir-lhe dos pés, nem teve tanta dificuldade em contra-argumentar quando confrontada com o facto de ter escancarado as portas, permitindo a entrada de milhares de imigrantes e centenas de refugiados sem uma selecção prévia, o que está directamente relacionado com o aumento da criminalidade em Portugal.
Tivesse a maioria dos governantes portugueses lido Pessoa e teria percebido que o Quinto Império é a Língua Portuguesa. É que maltratar os seus dá sempre mau resultado, sejam brancos, pretos, amarelos ou de qualquer outra cor.
N.d.R.:Artigo publicado em primeira mão na rede social Facebook, no dia 17 de Agosto de 2020.
José Miguel Encarnação