Será Jesus Cristo duas Pessoas, uma Humana e outra Divina?
Jesus Cristo tornou-se Homem. Este é o mistério da Encarnação. O que significa “Encarnação”?
O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica refere nos pontos 85 e 86: “O Filho de Deus encarnou no seio da Virgem Maria pelo poder do Espírito Santo, por causa de nós homens e para nossa salvação, ou seja: para nos reconciliar a nós pecadores com Deus; para nos fazer conhecer o Seu amor infinito; para ser o nosso modelo de santidade; para nos tornar «participantes da natureza divina» (2 Pedro 1, 4)”. “A Igreja chama «Encarnação» ao mistério da admirável união da natureza divina e da natureza humana na única Pessoa divina do Verbo. Para realizar a nossa salvação, o Filho de Deus fez-se «carne» (João 1,14) tornando-se verdadeiramente homem. A fé na Encarnação é o sinal distintivo da fé crista”.
O ponto 87 do mesmo compêndio acentua a mesma ideia: “Jesus é, inseparavelmente, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, na unidade da Sua Pessoa divina. Ele, o Filho de Deus, que é «gerado, não criado, consubstancial ao Pai», fez-se verdadeiramente homem, nosso irmão, sem com isto deixar de ser Deus, nosso Senhor”.
A Igreja revela que Jesus Cristo é Deus e homem verdadeiros, detentor de duas naturezas – uma divina e outra humana, sem confundir uma com a outra, mas unida na Pessoa da Palavra (o Verbo). Assim, na humanidade de Jesus, todas as coisas – os Seus milagres, o Seu sofrimento e a Sua morte – devem ser atribuídas à Sua Pessoa divina, a qual age por meio da Sua natureza assumida.
Enquanto Deus, Jesus possui todos os atributos divinos; Ele tem poder sobre a toda a Criação. Com a Sua natureza divina, Jesus pode fazer tudo o que Deus faz.
Enquanto homem, Jesus possui todas as qualidades que nós – humanos – possuímos. Por meio da Sua natureza, Jesus pode experimentar tudo o que os humanos experimentam e fazer tudo o que os humanos fazem, excepto pecar.
Mas quando Ele age como homem ou Deus, é uma das Pessoas de Jesus Cristo que age? Sim! Porque Jesus Cristo é um homem, Ele come, bebe, enfim, age de forma humana. Jesus Cristo é Deus, Ele pode profetizar, fazer milagres, etc. Jesus age através da Sua natureza divina ou da Sua natureza humana.
E é importante que Jesus seja Deus e homem verdadeiros? Absolutamente, sim! Se não fosse Deus verdadeiro, mas apenas um mero ser humano, o Seu sacrifício não seria capaz de conseguir os méritos infinitos de que apenas Deus é digno de alcançar. Por outro lado, se não fosse homem verdadeiro, não poderia verdadeiramente sofrer e morrer. A redenção só poderia ser alcançada tendo as duas naturezas numa Pessoa.
Muito parecido com o mistério da Santíssima Trindade (três Pessoas, uma natureza) é o mistério da Encarnação da Segunda Pessoa (uma Pessoa, duas naturezas). A união da natureza divina de Jesus Cristo com a Sua natureza humana em uma Pessoa (a Pessoa da Palavra) é denominada de União Hipostática. Como estudámos na lição sobre a Santíssima Trindade, o termo “natureza” (do Grego “ousia”) indica “o que é”, enquanto que o termo “pessoa” (do Grego “hypostasis-hipostase”) indica “quem é”.
Em Jesus Cristo – a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade – as duas naturezas (humana e divina) estão unidas, mas não se confundem. Segundo o Catecismo da Igreja Católica, o acontecimento único da Encarnação do Filho de Deus não significa que Jesus Cristo é parte Deus e parte homem, nem tal implica que Ele seja o resultado de uma mistura confusa do divino com o humano. Ele tornou-se homem verdadeiro enquanto continuava a ser Deus verdadeiro. Jesus Cristo é Deus verdadeiro e homem verdadeiro.
Este “fenómeno” da união hipostática é único. Nunca antes houve e nunca mais haverá algo parecido. É por isso que alguns teólogos ao tentarem explicar a união hipostática cometem vários erros.
Pe. José Mario Mandía