A Causa do Pecado
Para além do mal físico, também existe o mal moral ou pecado. O pecado surge de uma decisão livre das criaturas dotadas de intelecto e vontade: anjos e homens.
O Catecismo da Igreja Católica, no ponto número 311, ensina-nos: “Os anjos e os homens, criaturas inteligentes e livres, devem caminhar para o seu último destino por livre escolha e amor preferencial. Podem, por conseguinte, desviar-se. De facto, pecaram. Foi assim que entrou no mundoo mal moral,incomensuravelmente mais grave que o mal físico. Deus não é, de modo algum, nem directa nem indirectamente, causa do mal moral. No entanto, permite-o por respeito pela liberdade da sua criatura e misteriosamente sabe tirar dele o bem: ‘Deus todo-poderoso […] sendo soberanamente bom, nunca permitiria que qualquer mal existisse nas suas obras se não fosse suficientemente poderoso e bom para do próprio mal, fazer surgir o bem’”(Santo Agostinho, “Enchiridion de fide, spe et caritate”,3,11).
Em TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ Nº 50, vimos como alguns anjos repudiaram Deus através de uma decisão irrevogável. Eles tentaram aliciar Adão e Eva para se juntarem a eles na sua revolta contra Deus, seduzindo-os com uma mentira: «Vós sereis como Deus (Génesis 3:5)». E os nossos primeiros pais caíram na cilada: «Ela agarrou o seu fruto e comeu; e também deu um pouco a seu marido, e ele comeu (Génesis 3:6)».
Quais foram as consequências para o Homem por ter traído Deus? Perderam os presentes sobrenaturais e preternaturais. Os presentes naturais foram danificados. A natureza humana foi ferida (se bem que não corrompida, como Martinho Lutero pregava).
NÍVEL SOBRENATURAL
(1) Perdemos a graça santificante, a nossa parte na vida íntima e no amor de Deus. O Paraíso simboliza o estado de graça. «Assim o SENHOR Deus expulsou-os do jardim do Paraíso, para cultivarem o solo de onde foram tirados. Ele expulsou o homem; e no leste do jardim do Paraíso colocou um querubim, e uma espada que se vira para todos os lados, para guardar o caminho de acesso à árvore da vida (Génesis 3:23)».
NÍVEL PRETERNATURAL
(2.1) A perda do Presente da Rectidão ou Integridade. Este presente permitiu ao homem ter auto-domínio e harmonia completos. A perda deste presente levou a uma perda completa da harmonia no seio do homem, nas suas relações com os outros e com o resto do mundo criado.
(2.2) A perda do Presente do Conhecimento Infundido. O homem caiu na ignorância. Teve que lutar para adquirir conhecimento.
(2.3) A perda do Presente da Imortalidade: «Vós sois pó, e ao pó voltareis(Génese 3:19)».
(2.4) A perda do Presente da Impassibilidade: «“Multiplicarei grandemente a sua dor na gravidez; com dor dará à luz os seus filhos…”; e Ele disse: “Adão, no sofrimento comerás todos os dias da tua vida… Com o suor do teu rosto comerás o pão até ao teu regresso ao pó, de onde tu foste feito…” (Génesis 3:16, 17, 19)».
NÍVEL NATURAL
(3.1) A perda do auto-domínio (ver ponto 2.1), resultando em paixões mais fortes, o que obscurece o intelecto e enfraquece a vontade. A Liberdade baseada no intelecto e na vontade está agora limitada e dominada pelas paixões. Ao mesmo tempo, o homem deseja impor-se aos outros e cresce em orgulho (I João 2:16). O homem anseia por poder.
(3.2) O homem esquece-se que a sexualidade destina-se à procriação, e procura o prazer que lhe está associado. A Sensualidade (luxúria da carne – I João 2:16) entra no mundo. Homem anseia por prazer.
(3.3) O homem perdeu o controlo do material da criação. Caiu na avareza e cobiça (luxúria da vista – I João 2:16). Tornou-se escravo dos bens materiais.
Pe. José Mario Mandía