O que disse o Magistério a respeito do Arianismo e do Macedonianismo?
Foi Jesus Cristo quem apresentou a Humanidade à Santíssima Trindade. Desde os tempos primordiais que a Cristandade mantém a crença firme na devoção das três Pessoas num só Deus. Houve quem tentasse explicar o mistério da Santíssima Trindade, mas ao defenderem um (não identificado) Deus negaram a natureza divina, ou o Filho, ou o Espírito Santo. Pensavam que havia uma contradição: como era possível três ser igual a um (3 igual a 1)? Estas heresias levaram a que a Igreja definisse aquilo que cristãos acreditavam verdadeiramente.
O Arianismo, a primeira das heresias, negava que Jesus fosse Deus (o nome deriva do padre Ário, que viveu entre 250 e 336 d.C. Os arianos ensinavam que o Logos (“Palavra”: João 1:1) era um ser divino, gerado por Deus antes da criação do Mundo. Ário baseava os seus ensinamentos numa passagem do Livro dos Provérbios: «O Senhor criou-me no começo dos Seus trabalhos(João 1:1)». Embora Ele fosse a primeira e a mais perfeita das criaturas de Deus, este “Filho de Deus” era subordinado a Deus, ao Pai. Assim sendo, não era nem coeterno nem consubstancial ao Pai.
Para resolver a questão e preservar a unidade do Império Romano, o imperador Constantino I convocou um concílio de bispos cristãos, em Nicéia, que durou entre Maio e Agosto do ano 325 d.C. O concílio, no qual estiveram presentes cerca de trezentos prelados, estabeleceu a data para a celebração da Páscoa em toda a Igreja. Promulgou-a em lei canónica e introduziu o Credo de Nicéia, o qual define a convicção de que Jesus é Deus e consubstancial ao Pai.
O Credo declara: “Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado, consubstancial ao Pai. Por Ele todas as coisas foram feitas. E, por nós, homens, e para a nossa salvação, desceu dos céus: e encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as escrituras; E subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim”.
A segunda heresia ficou conhecida como Macedonianismo (porque os seus defensores eram oriundos da Macedónia), os quais negavam que o Espírito Santo fosse Deus. Este facto levou o imperador Teodósio I a convocar o Primeiro Concílio de Constantinopla em 381 d.C. Este viria a reafirmar o Credo de Nicéia, mas alargou-se com vista a abranger os ensinamentos da Igreja sobre a Natureza Divina do Espírito Santo. Este Credo “alargado” denomina-se Niceno-Constantinopolitano. É o Credo que normalmente se pronuncia nas missas de Domingo. Depois de introduzirem mais detalhes sobre a Paixão e Morte do Senhor, foi profundamente confirmada a crença católica: “Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos profetas”.
Também afirma acreditar “na Igreja. Una, Santa, Católica e Apostólica. [Professa] um só baptismo para remissão dos pecados. [Espera] a ressurreição dos mortos; E a vida do mundo que há de vir”.
Em tempos mais recentes (a 30 de Junho de 1968, para sermos mais exactos) estas doutrinas foram proclamadas de novo, pelo Santo Papa Paulo VI, numa carta apostólica no formato de ofício, intitulada “Solemni Hac Liturgia”, que contém o Credo do Povo de Deus: “Cremos em um só Deus – Pai, Filho e Espírito Santo – Criador das coisas visíveis – como este mundo, onde se desenrola nossa vida passageira –, Criador das coisas invisíveis – como são os puros espíritos, que também chamamos anjos –, Criador igualmente, em cada homem, da alma espiritual e imortal”.
Pe. José Mario Mandía