O que pedimos quando dizemos “Santificado seja o vosso nome”?
Depois de nos dirigirmos a Deus, ao nosso Pai, apresentamos-Lhe sete petições: “As primeiras três, mais teologais, aproximam-nos d’Ele, para a sua glória: pois é próprio do amor pensar antes de mais n’Aquele que amamos. Elas sugerem o que em especial devemos pedir-Lhe: a santificação do seu Nome, a vinda do seu Reino, a realização da sua Vontade. As últimas quatro apresentam ao Pai de misericórdia as nossas misérias e as nossas expectativas. Pedimos que nos alimente, nos perdoe, nos defenda nas tentações e nos livre do Maligno” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica nº 587).
Esta estrutura lembra-nos os Dez Mandamentos, sendo que os três primeiros referem-se a Deus, e os sete seguintes referem-se ao próximo, ao outro. Como pode ser visto claramente, esta oração desvia a nossa atenção de nós mesmos. Já explicámos anteriormente que estamos a falar com o “nosso Pai”, não com o “meu Pai”. Nesta oração, que Jesus nos ensinou, não existe “eu”, “meu” ou “eu mesmo”. Esta oração ensina-nos como ser altruístas, pensar primeiro em Deus, depois nos outros e esquecer de nós mesmos.
PRIMEIRA PETIÇÃO: SANTIFICADO SEJA O TEU NOME –O que significa “santificar”? O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica responde, no ponto 588: “Santificar o Nome de Deus é, antes de mais, um louvor que reconhece Deus como Santo. De facto, Deus revelou o seu santo Nome a Moisés e quis que o seu povo lhe fosse consagrado como uma nação santa na qual Ele habita”. Também sobre esta matéria diz o Catecismo da Igreja Católica: “A palavra ‘santificar’ deve ser entendida, aqui, antes de mais, não no seu sentido causativo (só Deus santifica, torna santo), mas sobretudo num sentido estimativo: reconhecer como santo, tratar de um modo santo. É assim que, na adoração, esta invocação é por vezes entendida como louvor e acção de graças (cf. Salmos 111, 9; Lucas 1, 49). Mas esta petição é-nos ensinada por Jesus na forma optativa: um pedido, um desejo, e expectativa na qual Deus e o homem estão empenhados. Desde a primeira petição ao nosso Pai, mergulhamos no mistério íntimo da sua divindade e no drama da salvação da nossa humanidade. Pedir-Lhe que o seu nome seja santificado é envolvermo-nos «no desígnio benevolente que Ele de antemão formou a nosso respeito» (Ef., 1, 9), para que «sejamos santos e imaculados diante d’Ele, no amor» (Ef., 1, 4)” (CIC nº 2807).
“Como é santificado o Nome de Deus em nós e no mundo?”, pergunta o Compêndio, dando de seguida a resposta no ponto 589: “Santificar o Nome de Deus que nos chama «à santificação» (1 Tes., 4, 7) é desejar que a consagração baptismal vivifique toda a nossa vida. É pedir, além disso, com a nossa vida e a nossa oração, que o Nome de Deus seja conhecido e bendito por todos os homens”.
Colocamos esta petição em acção quando glorificamos Deus em todo o nosso ser – corpo e alma. No capítulo 6 da Primeira Carta aos Coríntios, São Paulo exorta-nos a glorificar Deus no nosso corpo porque (1) nós (alma e corpo) somos membros de Cristo, e (2) templos do Espírito Santo: “Vós não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? Devo, portanto, tomar os membros de Cristo e torná-los membros de uma prostituta? Nunca! Vós não sabeis que quem se une a uma prostituta torna-se um só corpo com ela? Pois, como está escrito: ‘Os dois se tornarão um’. Mas aquele que está unido ao Senhor torna-se um só espírito com Ele. Evite a imoralidade. Qualquer outro pecado que um homem comete está fora do corpo; mas o homem imoral peca contra o seu próprio corpo. Vós não sabeis que o vosso corpo é um templo do Espírito Santo dentro de vós, que vós recebestes de Deus? Vós não sois de vós mesmos; vós fostes comprados por um preço. Portanto, glorifiquem a Deus no vosso corpo” (1 Coríntios 6, 15-20).
Quando rezamos para que o Nome de Deus seja santificado, somos lembrados de que não honramos o Seu Santíssimo Nome sempre que cometemos pecado. Assim, esta petição leva-nos a reparar as nossas rebeliões contra Deus.
Bendito seja Deus! Bendito seja o Seu Santo Nome!
Pe. José Mario Mandía