TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (198)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (198)

Soberba, avareza e luxúria. O que são?

Vamos hoje examinar os três primeiros dos sete pecados capitais ou vícios capitais e as respectivas curas.

SOBERBA –A soberba é um desejo desordenado de manifestar excelência. É um desejo desordenado de receber elogios dos homens e é exactamente o oposto da atitude de João Baptista: «É necessário que Ele cresça e que eu diminua» (João 3, 30).

A soberba brota directamente do orgulho para que possa ser corrigida, conhecendo e aceitando a verdade sobre si mesma e sobre Deus. Por isso, Santo Agostinho rezava: “Noverim me, noverim Te” – “Senhor, faz-me conhecer-me e faz-me conhecer-Te”.

Conhecendo a nós próprios e conhecendo melhor a Deus, conhecemos os nossos lugares de direito, sabemos onde estamos. Deus usa as circunstâncias que nos humilham para nos mostrar o que realmente somos: criaturas de barro barato. Daí que devamos aproveitar as humilhações que Deus nos incute, porque são ocasiões a que Deus recorre para nos autoconhecermos.

A virtude sobrenatural da fé é ainda mais enriquecida pelo dom da sabedoria que vem do Espírito Santo – ajuda-nos a crescer em humildade.

AVAREZA –A avareza é o amor desordenado em relação a posses ou riquezas. Esta definição mostra-nos novamente que há, pelo contrário, o desejo ordenado nesta matéria. Precisamos, pois, de certos bens para nos sustentarmos, para a vida familiar, para a vida profissional. No entanto, quando exageramos, o valor das coisas materiais escraviza o nosso coração. Tornamo-nos muito avarentos e ansiosos por possuir bens materiais. A avareza nasce da insegurança. Porém, Jesus afirma: «Nada temais, pequeno rebanho, pois de bom grado o Pai vos concedeu o seu Reino. Vendei os vossos bens e ajudai os que não têm recursos; fazei para vós outros bolsos que não se gastem com o passar do tempo, tesouro acumulado nos céus que jamais se acaba, onde ladrão algum se aproxima, e nenhuma traça o poderá corroer. Por isso, onde estiverem os vossos bens mais preciosos, certamente aí também estará o vosso coração» (Lucas 12, 32-34).

A cura para a avareza é moderarmos a nossa relação com os bens materiais e ajustarmo-nos quanto ao modo como os utilizamos. Devemos também pedir a virtude sobrenatural da esperança, que nos faz colocar os nossos corações, não neste mundo, mas no Céu. Além disso, devemos pedir ao Espírito Santo o dom do conhecimento, que nos torna capazes de conhecer o valor relativo das coisas desta terra.

LUXÚRIA –A luxúria é o desejo desordenado por prazer sexual. O prazer sexual dentro do casamento, quando dirigido à procriação e educação dos filhos, não só não é desordenado, como também é santo, pois é esta a vontade de Deus para o casamento. Tem sido, aliás, uma parte do Seu plano desde o início.

A cura para a luxúria inclui fazer um bom uso do tempo e evitar a ociosidade; afastar – ou melhor, fugir – de situações que conduzam ao pecado (certas leituras, espetáculos, conversas, etc.) e à custódia ou cárcere dos sentidos, especialmente dos olhos, da memória e da imaginação. Devemos orar constantemente e de forma perseverante, para alimentarmos a presença de Deus nos nossos corações. Mais: devemos estar sempre receptivos aos Sacramentos.

As virtudes cardeais da prudência, força e temperança desempenham neste contexto um papel importante. Devemos também pedir ao Espírito Santo que nos conceda o dom da força.

Os pecados capitais também são denominados como vícios capitais. Tal é particularmente verdadeiro para o vício da luxúria. Devemos lembrar-nos da experiência do Rei David, que ficou ocioso enquanto o seu exército lutava e não teve o cuidado de proteger os seus olhos.

O Segundo Livro de Samuel (11, 1-15) narra esta tragédia na vida de David onde não só comete adultério, mas também o pecado do escândalo (levar ou fazer outros pecarem), com um assassinato como consequência.

Pe. José Mario Mandía

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