TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (146)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (146)

Que posso obter com a Confissão?

Já ouviu falar de “kintsugi”? De acordo com a Wikipedia, “Kintsugi” (“união de ouro” – “união dourada”), também conhecida como “kintsukuroi” (a “reparação dourada”), é a arte japonesa de reparar objectos de cerâmica partidos, ou danificados, com laca (verniz) polvilhada ou misturada com ouro em pó, prata ou platina. O resultado? O objecto de porcelana, depois de consertado, fica mais valioso do que antes. Isto é, mais valioso do que quando foi originalmente concebido.

Ora, o mesmo acontece às nossas almas quando nos confessamos. A Confissão “repara-nos”, tornando-nos posteriormente mais valiosos. Pela Confissão, Deus perdoa-nos os pecados, desde que os lamentemos verdadeiramente. Mas não é tudo! O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica resume, no ponto 310, os efeitos resultantes de uma boa confissão: “Os efeitos do sacramento da Penitência são:

1– A reconciliação com Deus;

2– O perdão dos pecados;

3– A reconciliação com a Igreja;

4– A recuperação, se perdida, do estado de graça;

5– A remissão da pena eterna merecida por causa dos pecados mortais e, ao menos em parte, das penas temporais que são consequência do pecado;

6– A paz e a serenidade da consciência, e a consolação do espírito;

7– O acréscimo das forças espirituais para o combate cristão”.

E o que acontece quando uma pessoa está em estado de graça e só cometeu pecados veniais desde a sua última confissão? O Sacramento ajuda alguma coisa? Faz alguma diferença? Com certeza! Claro que sim!

Há duas coisas que temos de nos lembrar:

1– Os pecados veniais ferem-nos e enfraquecem-nos. Não matam a graça (santificadora) da nossa alma, mas o pecado venial, sem arrependimento, debilita-nos a ponto de nos tornar dispostos a cometer um pecado mortal. Assim sendo, é necessário obter cura e a graça dos Sacramentos da Eucaristia e da Confissão. Quando sentimos os primeiros sintomas de uma gripe, imediatamente tomamos Vitamina C. Vamos fazer o mesmo pela nossa alma.

2– Assim como os Sacramentos conferem graça, de todas as vezes que nos confessamos Deus nosso Pai faz-nos crescer na vida divina, a qual compartilha connosco (a graça santificante), e também confere mais luz ao nosso intelecto e força à nossa vontade (graças actuais). A Confissão não apenas perdoa os pecadores como nos pode transformar em santos. É por isso que a Confissão, quando exercida de modo frequente (digamos, uma vez por semana ou a cada duas semanas), é uma obrigação para qualquer pessoa que esteja seriamente a tentar tornar-se santa.

Outro efeito importante deste sacramento é que podemos adicionar à lista acima um aumento do conhecimento de nós mesmos e uma maior percepção da bondade e misericórdia de Deus. Tal faz-nos crescer em humildade, sendo que esta é a base de todas as outras virtudes. Visto que a nossa luta contra o orgulho é tarefa de uma vida, a Confissão é o “instrumento” que garante a vitória na batalha que diariamente travamos contra o nosso ego.

Durante uma audiência com crianças que haviam acabado de receber a Primeira Comunhão, em Outubro de 2005, o Papa Bento XVI disse acerca da Confissão: “Embora, como disse, não seja necessário confessar-se antes de cada Comunhão, é muito útil confessar-se com uma certa regularidade. É verdade, geralmente os nossos pecados são sempre os mesmos, mas fazemos a limpeza das nossas habitações e dos nossos quartos pelo menos uma vez por semana, embora a sujeira seja sempre a mesma. Para viver na limpeza, para recomeçar; se não, talvez a sujeira não possa ser vista, mas acumula-se. O mesmo vale para a alma, para mim mesmo; se não me confesso, a alma permanece descuidada e, no fim, fico satisfeito comigo mesmo e não compreendo que me devo esforçar para ser melhor, que devo ir em frente. E esta limpeza da alma, que Jesus nos dá no Sacramento da Confissão, ajuda-nos a ter uma consciência mais ágil, mais aberta e também de amadurecer espiritualmente e como pessoa humana”.

Posto isto, quer o leitor ser SANTO? Faça pois uma visita regular ao seu confessor!

Pe. José Mario Mandía

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