De que modo os fiéis participam na Missa?
A Sagrada Missa é um acto de Cristo, onde se oferece a Ele próprio: Ele é tanto Sacerdote como Vítima, Ele é ambos; É o Ofertante e a Oferenda.
A Igreja (a qual é o Corpo Místico de Cristo) e cada um dos Seus membros participa no Seu sacrifício pela oferta de Si mesmo. Ao contrário do que muita gente pensa, a participação na Missa não significa necessariamente ter de cantar no coro, ler as leituras ou servir na Missa. Se assim fosse, muito fiéis não poderiam ou não teriam a possibilidade de participar na Missa.
Toda a Igreja – na terra (Igreja militante), no purgatório (Igreja sofredora) e no Paraíso (Igreja triunfante) – participa em cada uma das missas. O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CCIC), no ponto 281, refere: “Na Eucaristia, o sacrifício de Cristo torna-se também o sacrifício dos membros do seu Corpo. A vida dos fiéis, o seu louvor, o seu sofrimento, a sua oração, o seu trabalho são unidos aos de Cristo. Enquanto sacrifício, a Eucaristia é também oferecida por todos os fiéis vivos e defuntos, em reparação dos pecados de todos os homens e para obter de Deus benefícios espirituais e temporais. A Igreja do céu está unida também à oferta de Cristo”.
Mas podemos interrogar-nos pelo facto da oferta de Cristo já ser infinita e a nossa oferta ser tão infinitamente menor que a Dele e não parecer contribuir para nada.
Ora, relembremos o milagre dos pães e dos peixes, em que um pequeno rapaz aparece com cinco pães e dois peixes. Então, os discípulos disseram a Jesus: – O que é isto no meio de tantos? (João 6:9). E Nosso Senhor ordeno-lhes: – Tragam-nos a mim (Mateus 14:18). É pois exactamente isto que fazemos aquando do Ofertório. Oferecemos-Lhe os nossos cinco pães e dois peixes, sabendo que quando Jesus os tomar em Suas mãos o Espírito Santo os abençoará e santificará, e o Pai aceitá-los-á, dando-se a sua multiplicação. O Trabalho Humano (Opus Hominis) torna-se Trabalho de Deus (Opus Dei). O “fruto da terra e a obra das mãos humanas” tornam-se “para nós o pão da vida”; o “fruto da videira e o trabalho das mãos humanas” tornam-se a nossa “bebida espiritual”. Graças infinitas resultam da nossa insignificante contribuição.
O Concílio Vaticano II, no documento Lumen Gentium(A Luz do Homem) afirma no ponto 34: “Os leigos, enquanto consagrados a Cristo e ungidos no Espírito Santo, têm uma vocação admirável e são instruídos para que os frutos do Espírito se multipliquem neles cada vez mais abundantemente. Pois todos os seus trabalhos, orações e empreendimentos apostólicos, a vida conjugal e familiar, o trabalho de cada dia, o descanso do espírito e do corpo, se forem feitos no Espírito, e as próprias incomodidades da vida, suportadas com paciência, se tornam em outros tantos sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo (1 Pedro 2,5); sacrifícios estes que são piedosamente oferecidos ao Pai, juntamente com a oblação do corpo do Senhor, na celebração da Eucaristia. E deste modo, os leigos, agindo em toda a parte santamente, como adoradores, consagram a Deus o próprio mundo”.
Pela razão acima elencada, a Santa Missa é a actividade mais importante que um cristão poderá realizar. Também é o centro à volta do qual a vida da Igreja gira. Neste âmbito, o Catecismo da Igreja Católica ensina-nos, no ponto 1407: “A Eucaristia é o coração e o cume da vida da Igreja, porque nela Cristo associa a sua Igreja e todos os seus membros ao seu sacrifício de louvor e de acção de graças, oferecido ao Pai uma vez por todas na cruz; por este sacrifício, Ele derrama as graças da salvação sobre o seu corpo, que é a Igreja”.
Pe. José Mario Mandía