Sabia que a Páscoa se estende por seis Domingos?

TEMPO PASCAL SÓ AGORA INICIOU

Sabia que a Páscoa se estende por seis Domingos?

Na realidade, são oito Domingos de Páscoa, ou Tempo Pascal, o tempo litúrgico que vai do Domingo de Páscoa ao Domingo de Pentecostes. Compreende, na verdade, oito Domingos, ou melhor, seis Domingos designados na ordem do Tempo Pascal, do Domingo de Páscoa propriamente dito (que encerra o Tríduo Pascal) ao Sexto Domingo de Páscoa, ao qual se seguem os restantes dois, o da Ascensão do Senhor e depois o de encerramento deste tempo litúrgico, o de Pentecostes. Trata-se de um período de cinquenta dias, que são como um só grande Domingo, marcado pelo júbilo e pela luz do Mistério da Páscoa, de alegria pelo Senhor ressuscitado. Compreende, na prática, sete semanas, a partir da Vigília Pascal, com a Ressurreição de Cristo, até à vinda do Espírito Santo no Domingo de Pentecostes (que significa, em Grego, precisamente, “cinquenta dias”). É um tempo de alegria, podendo aqui recordar-se que, já no Século II, Tertuliano referia que neste período não se jejuava, antes se deveria celebrar com entusiasmo.

A primeira das sete semanas deste tempo litúrgico é a chamada “Oitava da Páscoa”, que se encerra com o “Domingo da Oitava da Páscoa”. O termo “oitava” refere-se ao oitavo dia após a festa de referência, a Páscoa, portanto. Tenha-se em conta que existem também outras oitavas, como a Oitava de Pentecostes, da Epifania, de Corpus Christi, de Natal, da Ascensão e do Sagrado Coração de Jesus, que são as chamadas “oitavas privilegiadas”, além de outras oitavas consideradas “comuns” (como a da Imaculada Conceição e a da Solenidade de São José, entre outras), ou “simples” (como a de Santo Estêvão e a dos Santos Mártires Inocentes, por exemplo). Todo o período entre a Festa principal e o seu oitavo dia é considerado como uma só celebração prolongada.

O “Domingo da Oitava da Páscoa” era antigamente denominado de Domingo “in Albis”, Domingo “vestido de branco”, já que nesse dia os neófitos (novos baptizados) envergavam a túnica branca do Baptismo. Popularmente, também já foi chamado de “Pascoela”, ou “pequena Páscoa”, e, ainda, de “Domingo do Quasimodo”, devido às duas primeiras palavras em Latim (“quasi modo”, isto é, “do mesmo modo”), cantadas no introito do Primeiro Domingo depois da Páscoa. Desde o ano 2000, este Segundo Domingo do Tempo Pascal recebe mais um nome: “Domingo da Divina Misericórdia”, conforme a disposição de São João Paulo II, após a canonização de Santa Faustina Kowalska. É nesse dia que chega ao fim a Novena à Divina Misericórdia, iniciada na Sexta-feira Santa.

Os Domingos desde a Páscoa até ao Dia da Ascensão, além de serem chamados de Primeiro, Segundo (e por aí adiante) Domingo de Páscoa, têm títulos próprios e peculiares. Assim, além do Domingo de Páscoa e do Segundo Domingo de Páscoa ou da Divina Misericórdia, Domingo de Quasimodo ou Domingo Baixo, vem então o Terceiro Domingo de Páscoa, que antes era também chamado de Domingo da Misericórdia e Domingo do Bom Pastor no Cristianismo Ocidental, designações que, entretanto, passaram para o Quarto Domingo, após as reformas litúrgicas modernas. Este Quarto Domingo de Páscoa era antigamente chamado de Domingo de Jubileu, designação que passou para o Terceiro Domingo. O Quarto Domingo de Páscoa também é conhecido como Domingo do Bom Pastor e Domingo das Vocações. Depois, temos o Quinto Domingo, ou Cantate Domingo, um Domingo que está na metade do Tempo Pascal. Segue-se o Sexto Domingo de Páscoa, que marca o início da sexta Semana da Páscoa, dita da Ascensão do Senhor (quinta-feira). O Sétimo Domingo chama-se de Oitava da Ascensão, sendo denominado “Exaudi” no Introito; em algumas regiões é chamada Festa de Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos (dupla maior) ou do Cenáculo (primeira classe); em Roma era chamado de “Domingo das Rosas” (“Pascha rosarum” ou “rosatum”), pois eram atiradas pétalas de rosas no Panteão para dentro da igreja. Por fim, temos a última semana do Tempo Pascal, a semana anterior ao Pentecostes, a “Hebdomada expectis”, ou semana da expectativa, do Espírito Santo, naturalmente. Na Igreja Latina, na Vigília de Pentecostes a água baptismal é abençoada. O Domingo de Pentecostes é, assim, o Oitavo Domingo de Páscoa, cinquenta dias depois da Ressurreição de Jesus e dez dias depois da Sua Ascensão.

Refira-se ainda que o calendário judaico era originalmente lunar (meses de 28 dias). Por isso, o feriado cristão da Páscoa é comemorado no Domingo imediatamente após a primeira lua cheia a seguir ao Equinócio da Primavera de 21 de Março (Equinócio de Outono no Hemisfério Sul), o que pode cair entre 22 de Março e 25 de Abril.

Vítor Teixeira

Universidade Fernando Pessoa

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