O mensageiro que anunciou a divindade e missão do Senhor
No dia 24 de Junho a Igreja universal celebra a Solenidade do Nascimento de São João Baptista. Com a excepção da Virgem Maria, São João Baptista é o único santo de que a liturgia festeja o nascimento. No passado, o Papa Bento XVI lembrou que os quatro Evangelhos realçam a figura de João Baptista, como profeta que conclui o Antigo Testamento e inaugura o Novo, anunciando Jesus de Nazaré, como o Messias, o Ungido do Senhor.
Sabemos por Santo Agostinho que São João Baptista já era comemorado a 24 de Junho na Igreja africana no século IV. A Igreja festeja-o duas vezes no ano litúrgico: no dia da sua morte, a 29 de Agosto, e no dia em que nasceu, a 24 de Junho.
No início do primeiro capítulo do Evangelho de São Lucas, lemos que no tempo de Herodes, rei da Judeia, havia um sacerdote chamado Zacarias, cuja esposa se chamava Isabel. «Ambos eram justos diante de Deus» (Lucas 1:6). Não tinham filhos, pois Isabel era estéril, e os dois eram de idade avançada. No seguimento da narrativa bíblica, temos o relato de como Zacarias recebeu a mensagem pelo anjo Gabriel de que Deus tinha ouvido as suas súplicas e que a sua esposa Isabel iria conceber um filho. E que este seria grande diante o Senhor, dizendo-lhe para lhe por o nome de João. Isabel – prima da Virgem Maria – concebeu e, durante cinco meses, permaneceu oculta. Dizia ela: «O Senhor procedeu assim para comigo, nos dias em que viu a minha ignomínia e a eliminou perante os homens» (Lucas 1:25).
Interessante notar neste capítulo de São Lucas que ao sexto mês de Isabel o anjo Gabriel foi enviado à Virgem Maria para lhe anunciar que iria conceber e dar à luz o Filho do Altíssimo, Jesus de Nazaré (Lucas 1:26-38). Depois da anunciação, passados alguns dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se para a montanha, ao encontro de Isabel, para ajudá-la nos últimos meses da sua gravidez. Aqui vemos uma ligação forte e unção por parte do Senhor a João Baptista. Quando eles se encontraram ainda no ventre das suas mães, no momento em que Maria saudou Isabel, João estremeceu no ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo, assim como o seu filho (Lucas 1:41-45).
O profeta Isaías já havia profetizado: «O Senhor declara-me que me formou desde o ventre materno, para ser o seu servo, para lhe reconduzir Jacob e para lhe congregar Israel. Assim me honrou o Senhor» (Isaías 49:4-6).
Deus escolhia um parente de Jesus, na sua humanidade, para anunciar e preparar o caminho do Senhor. Com efeito, será o próprio Jesus quem falará de João nestes termos: «É aquele de quem está escrito: Eis que envio o meu mensageiro diante de ti, para te preparar o caminho. Em verdade vos digo: Entre os nascidos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Baptista; e, no entanto, o mais pequeno no Reino do Céu é maior do que ele» (Mateus 11:10-11).
A paixão de João Baptista era Jesus e sentiu o propósito da sua missão: «Pois esta é a minha alegria! E tornou-se completa! Ele é que deve crescer, e eu diminuir» (João 3:29-30).
Ao anunciar Jesus ao povo, enalteceu-O: «Eu baptizo com água, mas no meio de vós está quem vós não conheceis. É aquele que vem depois de mim, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias» (João 1:26-27).
João tinha a noção exacta de que Jesus era o Messias, o Salvador, o Cristo de Deus: «Ele há-de baptizar-vos no Espírito Santo e no fogo» (Lucas 3:16).
Ao ver Jesus que passava, revelou-O aos seus discípulos: «Eis o Cordeiro de Deus!» (João 1:36).
João sabia perfeitamente que Jesus era o Filho de Deus que vinha para salvar o povo dos seus pecados (Mateus 1:21), pelo que com todas as suas forças pregou o arrependimento e a conversão: «Convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu» (Mateus 3:2).
Jesus fez questão de ser baptizado por João Baptista, que se recusava: «“Eu é que tenho necessidade de ser baptizado por ti, e Tu vens a mim?”. Jesus, porém, respondeu-lhe: “Deixa por agora. Convém que cumpramos assim toda a justiça”. João, então, concordou» (Mateus 3:14-15).
Ao baptizar Jesus, João revela a Sua identidade: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!» (João 1:29), e a Santíssima Trindade fez-se ali presente: «O Céu rasgou-se e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corpórea, como uma pomba. E do Céu veio uma voz: “Tu és o meu Filho muito amado; em ti pus todo o meu agrado”» (Lucas 3:21-22).
Antes de tudo é preciso entender que o baptismo de João Baptista não era o “Sacramento do Baptismo” que hoje recebemos; pois este tem a sua eficácia na Morte e Ressurreição do Senhor, mas foi certamente um prenúncio do verdadeiro baptismo que o Senhor nos deixou quando disse aos Apóstolos: «Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo» (Mateus 28:19).
Cumprida a sua missão, João foi preso pelo tetrarca Herodes, a quem João censurava pelas más acções que tinha praticado e por causa de Herodíade, mulher do seu irmão Filipe. João dizia-lhe: «Não te é lícito possuí-la». No cárcere João Baptista acabou por ser decapitado por capricho de Herodíade (Mateus 14:3-12).
São João Baptista, rogai por nós!
Miguel Augusto
com Felipe Aquino
Achado o lugar onde São João Baptista terá iniciado a missão de anunciar Cristo
Um grupo de arqueólogos terá descoberto na Terra Santa um mosteiro sobre o lugar onde São João Baptista, provavelmente, começou a sua missão de anunciar a Cristo, segundo noticiou a Agência Católica de Informações (ACI) em 2017.
O Christian Media Center (CMC) informava que as escavações começaram há aproximadamente setenta anos no complexo chamado “Ain el-Ma’moudiyeh” ou “Fonte Baptismal”. O lugar situa-se na cidade de Hebron, na Cisjordânia, onde São João Baptista terá nascido e onde viveu com os seus pais.
Bertrand Riba, o arqueólogo responsável pelas escavações, indicou ao CMC que os especialistas encontraram um baptistério e «outro monumento vinculado a este. Uma igreja, referente a uma construção monástica. É um complexo inteiro que ainda deve ser descoberto». Referiu que as estruturas talvez «tenham sido construídas no local onde já existia uma tradição» sobre o início da missão de São João Baptista ou «talvez o mosteiro tenha dado à luz essa tradição a fim de aumentar o seu prestígio e atrair os peregrinos».
Por sua vez, Jerôme Haquet, outro arqueólogo envolvido nos trabalhos, explicou que «as escavações revelam que no lugar também houve um período de ocupação bizantina – período prévio às cruzadas –, como podemos ver no pavimento de mosaico no exterior e interior do edifício».
Hebron foi destruída pelas Cruzadas e, em seguida, ficou sob o domínio dos muçulmanos.
“Ain el-Ma’moudiyeh” não é o único lugar na Terra Santa que está relacionado com São João Baptista. Na Jordânia conserva-se um lugar no Rio Jordão onde, de acordo com a tradição, Jesus foi ali baptizado pelo santo.
Acidigital (texto editado)