O Natal está a ser islamizado.
Nesta primeira crónica do ano quero aproveitar para desejar a todos os leitores d’O CLARIM um excelente 2018.
Em 2017 muito aconteceu, em especial em Portugal, país onde nasci, mas onde já não vivia a tempo inteiro desde o ido ano de 1997.
A minha estada em Portugal é, como sabido, forçada por motivos de saúde e, se tudo correr como esperado, deverá terminar no início de Novembro. Nessa altura esperamos reatar a viagem de veleiro que iniciámos em Janeiro de 2014 e que tivemos de interromper em Setembro de 2016. Nunca tinha estado em Portugal tanto tempo desde o dia em que daqui sai para ir para Macau. Doze meses que deram para visitar o País de norte a sul, ir a Macau (duas vezes), à Tailândia e também a Espanha, França e Andorra. Ainda houve tempo para criar um negócio de comida asiática.
Pois em Portugal muito aconteceu nos últimos doze meses. Acontecimentos entre os quais destaco a visita do Papa, para assinalar o Centenário das Aparições de Fátima e canonizar os pastorinhos. Confesso-me pouco religioso, apesar de baptizado na Igreja Católica, mas sou sem dúvida devoto de Nossa Senhora de Fátima; os cem anos da sua aparição na Cova da Iria foi um acontecimento que me marcou e no qual fiz questão de estar presente. Em breve irei dar início à minha peregrinação anual (a pé) a Fátima. Três dias para caminhar e muito reflectir em direcção ao Santuário – um exercício de introspecção que aconselho a religiosos e não religiosos. No Santuário, principalmente quando todo o negócio está fechado, sente-se algo especial, algo que é difícil de explicar mas que não deixa ninguém indiferente.
Outro dos assuntos que não pode deixar de ser registado foi o extenso período de seca que assolou Portugal, Espanha e o Sul de França. Em Portugal foi de tal forma devastador (97 por cento do território nacional esteve em seca severa ou extrema), especialmente quando a isto juntarmos os dois incêndios que assolaram o País e que deixaram um rasto de destruição e de morte em zonas já por si debilitadas. No fogo do dia 15 de Outubro, de acordo com dados oficiais, havia mais de quinhentos focos de incêndios, no Norte e Centro de Portugal, a arderem ao mesmo tempo. A minha vila foi fortemente atingida e tivemos de evacuar para um local mais seguro durante 24 horas.
Em tom positivo gostava também de destacar o facto de Portugal ter deixado o Procedimento por Défice Excessivo, passados oito anos a “apertar o cinto”, uma austeridade que tem custado caro às classes média e baixa da sociedade, que viram o seu poder de compra severamente afectado. Este passo pode ter sido o primeiro no caminho da recuperação económica do País que todos desejam.
Há ainda um outro tema que, apesar de não ter afectado (ainda) Portugal, se tem vindo a registar um pouco por toda a Europa. Há vários anos que os mais diversos países europeus têm recebido – e bem – milhares de refugiados, na sua maioria de países islâmicos. Até aqui não vejo qualquer problema, dado que a Europa sempre se baseou em princípios de igualdade e de apoio aos mais desfavorecidos. Mas quando esses mesmos desfavorecidos se aproveitam da situação e da boa-vontade de quem os recebe para começar a tentar impor a sua ideologia e as suas leis há um limite que se ultrapassa. A mim sempre me ensinaram que “em Roma, sê romano”. Se não estás satisfeito, muda-te!
Recentemente li um texto intitulado “Uma submissão inaceitável ao Islão”. Embora acredite que todas as religiões têm um princípio bom e que querem o bem estar do ser humano, há limites que as sociedades acolhedoras não devem permitir que sejam violados.
No referido texto falava-se de medidas que foram tomadas, durante a época natalícia, em diversas cidades europeias, para tentar não ofender os refugiados de fé islâmica.
É inaceitável que para não ofender uma minoria se alterem nomes de festivais que estão enraizados na cultura e maneira de ser de diversas comunidades. Por exemplo, surgiram nomes como o Desfile de Inverno de Amesterdão, Confraternizações de Inverno de Bruxelas, Kreuzberger Wintermarkt, London Winterville e Festival de Inverno de Munique. E, aqui ao lado em Espanha, na capital, as festividades de Natal foram chamadas de “Feira Internacional das Culturas”. Mais a norte, numa cidade alemã, uma escola adiou uma festa de Natal porque um estudante muçulmano reclamou que as canções de Natal cantadas na escola eram incompatíveis com o Islão!!!
A Cruz Vermelha na Bélgica decretou que todos os seus escritórios no País retirassem os crucifixos para “assegurar a identidade secular da organização”. Em Graested, na nórdica Dinamarca, uma escola cancelou um tradicional serviço religioso que marca o início do Natal para não ofender os alunos muçulmanos. Em Itália algumas escolas passaram a chamar os festivas de Natal de “Grande Festival de Boas Festas”. No Reino Unido uma igreja, recentemente, patrocinou uma celebração para assinalar em conjunto o nascimento de Jesus e Maomé, sendo que a iniciativa foi duramente criticada pelo blog cristão “Archbishop Cranmer”, que censurou duramente a igreja: “Toda vez que uma igreja aceitar o epíteto de ‘Profeta’ a Maomé, ela estará repudiando a crucificação, negando a ressurreição de Cristo e refutando que a Palavra se fez carne e habitou entre nós, pelo facto de Maomé ter negado todos esses princípios fundamentais da fé cristã”.
São excessos como estes que acabam por dividir a sociedade e, ao invés de produzirem efeitos de assimilação e aceitação das minorias, incentiva sentimentos de exclusão na maioria da sociedade que os acolhe.
Em Portugal, até agora, ainda não se registaram eventos desta natureza mas, sendo Portugal parte integrante da velha Europa, mais tarde ou mais cedo tal virá a suceder. Quando acontecer espero que os nossos decisores políticos e religiosos tenham bom-senso e ponderem bem antes de impor à maioria medidas que a reprimam, apenas para que não ofendam minorias de outra fé.
Em Macau, felizmente, durante quase cinco séculos temos presenciado a um salutar convívio entre diversas fés, sem que tenha sido registado qualquer favorecimento de minorias em detrimento da maioria da sociedade.
JOÃO SANTOS GOMES