Padre Steve Bevans fala de «novo espírito na Igreja».
«Tem sido maravilhoso. Há um novo espírito na Igreja. Julgo que é o que a Igreja e o mundo precisam», disse a’O CLARIM o padre Steve Bevans, a propósito da palestra “Papa Francisco: Os Primeiros Cinco Anos”, que proferiu na passada terça-feira no auditório do Seminário de São José.
Durante o evento falou particularmente do «entendimento que o Sumo Pontífice tem sobre a inculturação», o que «põe em realce muito outros aspectos». Nesse sentido – conforme nos realçou à margem do evento – «a avaliação que faço do seu trabalho é exactamente aquilo que a Igreja e o mundo são: maravilhosos».
Reconhecendo que há pessoas a minarem o trabalho do Papa Francisco, inclusivamente no seio da Cúria Romana, o que considerou ser «uma vergonha», o padre norte-americano confessou-se chocado, porque «essas são as pessoas que dizem: “temos que ter total lealdade para com o Papa”, mas quando ele não faz o que querem então já não são leais».
No seu entender, tal nunca aconteceu no tempo do Papa João Paulo II e do Papa Bento XVI. «Se as pessoas mais liberais fossem mais hesitantes sobre o que ambos faziam é certo que ficariam muito chateadas, dizendo: “como podem ser assim? Isso é contra o Santo Padre”». Por outras palavras, é algo que o padre Steve Bevans considera ser «muito irónico».
«A principal razão para tais comportamentos tem a ver com uma visão limitada que têm da Igreja, pois pensam que é o mais apropriado para o mundo, em vez fazerem algo como devia ser para um mundo simples, com a presença de um novo espírito e com o trabalho de Deus para todo o tipo de pessoas, e não apenas para as religiosas ou católicas», notou.
Nesta linha de ideias, o sacerdote dos Missionários do Verbo Divino acentuou que «o Papa Francisco é fortemente contra o clericarismo e o carreirismo», acrescentando que «muitos desses homens parecem estar mais interessados nas suas carreiras», razão pela qual «estão descontentes».
Embora admita que a credibilidade da Igreja Católica tenha ficado «muito comprometida» nos últimos anos, sendo disso exemplo os casos de abusos sexuais que vieram a lume «um pouco por todo o mundo», vincou que o Papa Francisco tem tido uma «abordagem corajosa para lidar com este e com outros problemas», ao mesmo tempo que «está menos preocupado com a Igreja [como instituição]», visto que a sua prioridade «são as pessoas».
A palestra foi organizada pela Faculdade de Estudos Religiosos da Universidade de São José.
PEDRO DANIEL OLIVEIRA
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