PRIMEIRO ESCRITO DO PAPA LEÃO XIV FOI ONTEM APRESENTADO NO VATICANO

PRIMEIRO ESCRITO DO PAPA LEÃO XIV FOI ONTEM APRESENTADO NO VATICANO

Exortação apostólica Dilexi Te critica economia que empobrece

O Papa Leão XIV retoma as críticas de Francisco à “economia que mata”, na primeira exortação apostólica do seu Pontificado. Dilexi Te (“Eu te amei”) foi ontem apresentada na Sala de Imprensa do Vaticano.

“Não devemos baixar a guarda diante da pobreza. Preocupam-nos, de modo particular, as graves condições em que vivem muitíssimas pessoas, devido à escassez de alimentos e água potável. Todos os dias morrem milhares de pessoas por causas relacionadas com a desnutrição”, escreve o Papa, num documento que começou a ser preparado pelo seu antecessor.

O título Dilexi Te (“Eu amei-te”, em Português) é retirado de uma passagem do último livro da Bíblia, o Apocalipse (Ap., 3, 9). Francisco estava a preparar esta exortação apostólica antes da sua morte, um projecto agora assumido e publicado por Leão XIV.

O documento pontifício destaca que “há cada vez mais famílias que não conseguem chegar ao fim do mês” com dinheiro.

“Em geral, nota-se que as diferentes manifestações da pobreza aumentaram. Ela já não se apresenta como uma condição única e homogénea, mas manifesta-se em múltiplas formas de empobrecimento económico e social, reflectindo o fenómeno de crescentes desigualdades, mesmo em contextos geralmente prósperos”, pode ler-se.

Leão XIV afirma que o coração da Igreja é “solidário com os pobres, excluídos e marginalizados”, com todos aqueles que são considerados “descartáveis” pela sociedade.

“A cultura dominante do início deste milénio impele-nos a abandonar os pobres ao seu próprio destino, a não os considerar dignos de atenção e muito menos de apreço”, lamenta, acrescentando haver a ideia generalizada que “só o Governo deveria cuidar deles, ou que seria melhor deixá-los na miséria e ensinar-lhes antes a trabalhar. Além disso, assumem-se, às vezes, critérios pseudocientíficos para dizer que a liberdade do mercado levará naturalmente à solução do problema da pobreza”.

Citando a instrução da Doutrina da Fé sobre alguns aspectos da “Teologia da libertação” (datada de 6 de Agosto de 1984), o Pontífice escreve que “a preocupação pela pureza da fé não subsiste sem a preocupação de dar a resposta de um testemunho eficaz de serviço ao próximo e, em especial, ao pobre e ao oprimido, através de uma vida teologal integral”.

“Por vezes, nalguns movimentos ou grupos cristãos, nota-se a falta ou mesmo a ausência de compromisso pelo bem comum da sociedade e, em particular, pela defesa e promoção dos mais fracos e desfavorecidos. A este respeito, é preciso recordar que a religião, especialmente a cristã, não pode ser confinada à esfera privada”, insiste.

Leão XIV, que foi missionário e bispo no Peru, questiona o que chama de “uma pastoral das ditas elites”, segundo a qual, “em vez de perder tempo com os pobres, é melhor cuidar dos ricos, dos poderosos e dos profissionais, para que, através deles, seja possível alcançar soluções mais eficazes”.

Uma exortação apostólica é um documento formal do Papa dirigido principalmente aos católicos, sem se limitar a eles, cujo objectivo principal é orientar os destinatários sobre um tema específico – neste caso, “o amor para com os pobres”.

In ECCLESIA

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *