Portugal: incêndios, incendiários e bombeiros!

Acabaram-se as férias para a grande maioria dos portugueses e chegou o momento de fazer o rescaldo de alguns dos principais acontecimentos negativos deste nosso “querido” e quente mês de Agosto.

Digo negativos porque as férias não foram agradáveis para toda a gente. Houve quem não tivesse mãos a medir para salvar das chamas os seus haveres e os dos outros.

Neste Verão particularmente quente em Portugal a área ardida foi três vezes superior à média dos últimos dez anos! Tendo em conta o tempo necessário à reflorestação, em consequência dos incêndios dos anos anteriores, há até quem pergunte se ainda há mais alguma coisa para arder…

Desta vez houve mais meios, prevenção e organização. No entanto, o resultado foi este…

Árvores, casas, vinhas, pastagens e mato foram o pasto para as chamas que afectaram a ilha da Madeira e o Continente e que mobilizaram milhares de bombeiros e populares, envolvidos neste combate desigual, contra as forças de uma natureza hostilizada por um bando de criminosos incendiários.

Incendiários que, desta vez e na sua maioria, a avaliar pelas informações da Imprensa, sofriam (???) de loucura mal tratada, loucura reincidente, perturbações psicológicas de vária ordem e alcoolismo. Situação que nos conduz a pensar que, em vez de prisões, tendo em conta as penas leves para quem pratica este tipo de crimes, o que nos faz falta são hospitais psiquiátricos com internamento compulsivo a longo termo. Na falta deste tratamento clínico, por falta “compreensiva” de recursos, há quem sugira atá-los a uma árvore, no meio de um incêndio, até que “a alma lhes doa”. Pode ser que o calor lhes dilate o juízo!

Mas não só de incêndios florestais este Verão aqueceu o País. Também em política se acenderam alguns fósforos!…

De vez em quando, Passos Coelho e “algum” PSD acendiam pequenos fogachos (CGD, investimento, dívida nacional, défice, etc.), soprando até à exaustão para ver se o fogo pegava. No entanto, o “bombeiro de serviço”, Marcelo Rebelo de Sousa (PR), auxiliado por algumas “bisnagas” social-democratas, ansiosos por tirar a “caixa de fósforos” ao seu Presidente, rapidamente controlaram os focos de incêndio, mantendo o País em “lume brando” até ao próximo Orçamento de Estado para 2017…

A fogosa Cristas do CDS, desejosa de se afirmar na capoeira de vaidades em que se tornou o seu partido, vai cacarejando alguns títulos de jornais, em consonância com o líder da oposição, enquanto apaga o fogo produzido por um dos seus correligionários, que teve o desplante de considerar o MPLA cada vez mais próximo do CDS (!?) Estes “camaradas”, influenciados pelo “espirito comercial” do seu antigo líder (Paulo Portas), agora inteiramente dedicado aos negócios, fazem das vantagens económicas a sua cartilha ideológica.

Felizmente que os fogos não afectaram as lindas praias deste Portugal, onde os “burkinis” ainda não se instalaram como em França, levando os turistas franceses a viajarem para as nossas areias e a incendiarem os espíritos (fumo sem fogo, claro) com a visão deslumbrante dos “fios dentais” das jovens que proliferam no areal. Este ano e para bem da nossa débil economia, a invasão turística foi de tal forma que o desemprego desceu e até a moral social melhorou.

Mas Setembro parece continuar quente em Portugal, acreditando não só nas previsões meteorológicas, mas também nas constantes ameaças de um crescimento económico muito inferior ao esperado (tal como em toda a Europa), face a um investimento privado incipiente e que o Estado não pode substituir, porque anda “demasiado ocupado” a pagar os juros dos empréstimos.

Os apelidados “investidores” andam de tal forma desagradados com os juros baixos que, na Alemanha, os aforradores estão a tirar o dinheiro dos bancos e a comprar cofres caseiros, receando os juros negativos, ou seja, ter de pagar para ter o dinheiro guardado (ou mal guardado) nas instituições bancárias. Claro que em Portugal, onde o dinheiro não abunda, meter o dinheiro que existe debaixo do colchão ainda é uma solução. Mas o problema são os fogos!…

Portugal está obrigado (ou não está) a cumprir certos compromissos financeiros e orçamentais a que se comprometeu com União Europeia. Se tal não acontecer e os inflamados dirigentes desta Europa em cinzas nos quiserem “incendiar” a casa outra vez, nem o “bombeiro-chefe” nos salva. Nesse caso só nos restam três soluções: deixar de pagar a “bula aos papas financeiros” (valente Afonso…), correndo o risco de ardermos na fogueira inquisitória; apelar ao divino, para fazer cair uma forte chuvada de Outono sobre as cabeças duras da Europa, “arrefecendo” os seus propósitos, ou associarmo-nos a outros bombeiros com dificuldades idênticas, mas melhor equipados para este tipo de combates.

Em qualquer dos casos o Outono anuncia-se quente e o calor altera os corpos.

LUIS BARREIRA

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