PORQUE O SÍNODO DOS BISPOS TAMBÉM ENVOLVE AS COMUNIDADES CATÓLICAS

PORQUE O SÍNODO DOS BISPOS TAMBÉM ENVOLVE AS COMUNIDADES CATÓLICAS

Que importância tem a comunidade para um cristão?

Toda a gente, porque é pessoa, é um ser social. Nasce numa família, vai à escola, tem um emprego, tem o seu grupo de amigos, o seu partido, o seu clube de futebol, tem sempre uma vida comunitária. Jesus, que é em tudo um ser humano, excepto no pecado (Hb., 4), tem também uma vida social. Em Nazaré, como trabalhador, vivendo com os amigos, indo aos acontecimentos notáveis na sua comunidade, como nas bodas de Caná. Sendo galileu, na beira do lado onde escolhe os discípulos, caminhando para Jerusalém, onde é incompreendido nas suas mensagens e nos seus gestos, pelo que é condenado à morte pelo Sinédrio, pelo interesse político de Pilatos, pelo silêncio de Herodes e pelos gritos da multidão. Por isso, no meio de uma comunidade que não O compreendeu morre na Cruz. Porém, ao terceiro dia ressuscitou e foi ao encontro da sua comunidade, no Cenáculo (Jo., 21).

Depois disso, apareceu várias vezes aos Apóstolos em diversas circunstâncias e prometeu-lhes enviar o Espírito Santo (Jo., 16), o que aconteceu no Dia do Pentecostes em Jerusalém.

A comunidade crista, a Igreja Católica, é autêntica comunidade de Jesus. Todos os baptizados Lhe pertencem. Os cristãos, purificados pelo santo Baptismo, são alimentados em toda a vida pelos Sacramentos. Todos escutaram o dito de Jesus: «Que todos sejam um, como Eu e Tu, ó Pai somos um, e creia o mundo que Tu Me enviaste» (Jo., 17, 20). Esta comunidade instituída por Cristo constitui a santa Igreja que os Apóstolos fundaram depois em pequenas comunidades que entre todas fazem uma só e a que Jesus deu um primaz dizendo: «Simão, Simão, tu és Pedro e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja» (Mt., 16, 18).

Com todos estes pormenores dos Evangelhos, sente-se qual a comunidade que Jesus depois criou no Dia do Pentecostes, enviando-lhes o Espírito Santo, num grande ruído que invade a cidade de Jerusalém (At., 2, 2-4). São três as dimensões maiores: uma comunidade de irmãos, iguais entre si, até à unidade (Jo., 17, 20); com um só pastor, Pedro (Mt., 16, 18); animados e unidos sempre pelo Espírito, o Paráclito que Jesus deixou para continuar a sua missão (Jo., 16, 7-13). Assim, somos uma só Igreja com muitas comunidades. Essas comunidades foram fundadas pelos Apóstolos que as semearam pelo mundo inteiro então conhecido (cartas dos Apóstolos Pedro, Paulo, João e outras).

Estas comunidades multiplicaram-se tanto que os cristãos vivem sempre não apenas na Igreja universal mas vivem sobretudo em pequeninas outras igrejas, as dioceses e as paróquias que têm a mesma característica de unidade e comunhão, com referência a Pedro, o primaz, e a presença do Espírito Santo. Quem é cristão tem sempre estas três dimensões da vida comunitária: vive a unidade da fé, da esperança e do amor; tem uma profunda relação com o Papa, mas também com o bispo e o pároco, os líderes das comunidades cristãs, pequenas igrejas espalhadas pelo mundo; e, finalmente, sente-se apoiado pelos Sacramentos que são fonte do Espírito Santo. Qualquer cristão tem esta dimensão comunitária, comunidade universal, comunidade diocesana e paroquial. A relação pessoal constante dá-se com o pároco da sua paróquia e com os outros membros que fazem com ele uma comunidade verdadeira. Ser cristão obriga a participar na vida paroquial. É fácil anunciá-lo, porque se baseia sempre nas virtudes teologais: fé, esperança e caridade. Pela fé cresce-se no conhecimento e na relação com Jesus, Filho de Deus, Salvador, relação essa manifestada pelo pároco e pelo testemunho de todos; pela esperança compreende-se que a vida não acaba aqui, o que de facto dá sentido a todas as dificuldades até à comunhão na vida futura; pelo amor, o cristão aprende a amar, sobretudo os membros desta comunidade e por isso sente a capacidade de amar toda a gente sobretudo os mais vulneráveis e mais pobres. Compreende-se agora que não se pode ser cristão apenas indo à missa ao Domingo e celebrar os Sacramentos ao longo da vida. Tem de se exercer a fé, a esperança e o amor (caridade).

Monsenhor Feytor Pinto 

Antigo sacerdote da paróquia do Campo Grande, em Lisboa. Faleceu no passado dia 6 de Outubro.

In Família Cristã

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