Política do Jogo e reforço da China irão marcar o novo ano.
A definição dos planos para a indústria do Jogo e dos candidatos a Chefe do Executivo pode ganhar contornos em 2018, avança o advogado Pedro Cortés. Presidente Xi Jinping com poder reforçado está em linha com uma China cada vez mais forte e interventiva no seio da comunidade internacional, defende o docente universitário Jorge d’Abreu. Instabilidade gerada por conflitos entre nações acentua incertezas de paz global, aponta o médico Humberto Évora.
«Tendo em conta que faltam dois anos para terminar a concessão da SJM e a subconcessão da MGM, o ano de 2018 pode marcar o futuro da indústria do Jogo de Macau em termos de planos para além de 2020», disse a’O CLARIM o advogado Pedro Cortés.
«Vão ser inaugurados novos resorts no COTAI, esperando-se que mais turistas preencham o número crescente de quartos. Além disso, é provável que a população seja recompensada com mais benefícios a nível de impostos, em resultado da tragédia do tufão Hato, que marcou 2017», frisou o sócio da firma de advogados Lektou.
Quanto a medidas políticas, vão ser «mais do mesmo», dado que «nada de estrutural é esperado no penúltimo ano de mandato do Chefe do Executivo». Já sobre o sucessor de Fernando Chui Sai On, assinalou que «2018 também pode ser o ano em que poderemos conhecer os candidatos para o próximo mandato» de Chefe do Executivo, encontrando-se «o senhor Ho Iat Seng e os secretários Lionel Leong e Wong Sio Chak na “pole-position” para desempenharem o mais alto cargo político da RAEM».
«Cada um deles tem qualidades e competências aos olhos da elite local e, alegadamente, daqueles que decidem em Pequim. Felizmente, Pequim não punirá as elites locais ao escolher um favorito que prefira abandonar o princípio “um país, dois sistemas” e o sub-princípio “Macau governada pelas suas gentes”», adiantou Pedro Cortés, acrescentando que «a população de Macau deve entender que aquilo que somos é devido a esse princípio. Deve mostrar a Pequim que somos capazes de nos governar e não apenas governar uma pequena franja da sociedade».
Lembrando que «2018 é o Ano do Cão», ou seja «um signo do elemento Terra», Pedro Cortés realçou ainda que este animal «é considerado um símbolo de astúcia e fortalecimento, podendo ser um bom ano para proteger de forma inteligente as gerações futuras».
China
No contexto da política chinesa, o professor de Português da Universidade de Macau, Jorge d’Abreu, vincou que «é inegável o reforço da autoridade e de poderes do Presidente Xi Jinping, conseguidos no 19º Congresso do Partido Comunista Chinês, em Outubro passado», razão pela qual o líder chinês «encontra-se agora numa posição incontestada, ao nível de Mao Tsé-tung e Deng Xiaoping». Assim sendo, «é natural que este reforço de autoridade lhe dê maior capacidade de actuação, tanto a nível interno como externo».
No panorama interno, o docente destacou a continuidade do combate à corrupção, «que deveria estender-se a toda a China, e não apenas ao continente», bem como a diminuição da poluição e a protecção do Meio Ambiente, a modernização da economia e das forças armadas, o aumento das condições e capacidade financeira da população menos favorecida e o controlo do imobiliário, entre outras medidas.
A nível externo apontou para a posição marcante do contributo chinês na economia mundial, com a consolidação do Banco dos BRICS, e para a diminuição do aquecimento global, sem esquecer as relações com os Estados Unidos e a União Europeia, e o problema nuclear da Coreia do Norte.
«As conversações para que Taiwan volte a fazer parte integrante da China continuarão a desenrolar-se. E quanto a Hong Kong, parece-me que os avisos têm sido bem claros, pelo que qualquer “sonho de independência” não passa de uma veleidade sem qualquer futuro», reforçou.
A China vai continuar a manter e a aumentar a sua influência em África, «não só pela procura de matérias-primas, mas também com a construção de estradas, ferrovias e outras infra-estruturas», devendo o mesmo acontecer nos restantes continentes, como é o caso da América do Sul, por via da ajuda financeira a vários países e também da construção de infra-estruturas.
«Deste modo continuaremos a assistir, em 2018, à materialização de uma grande potência mundial a nível económico, social, financeiro e militar, quebrando em definitivo com a hegemonia dos Estados Unidos em diversas áreas», avançou Jorge d’Abreu.
Mundo
No contexto mundial, o médico Humberto Évora referiu que entrámos no ano de 2018 com «vários rastilhos acesos», nomeadamente no Iraque, em Jerusalém, na Coreia do Norte e no Myanmar. «Significa isto que iremos ver o que cultivámos. E ao que parece, as preces do Papa Francisco não estão a surtir o efeito desejado», disse.
«Vamos continuar a assistir à repercussão pelo mundo fora de tomada de posições, como por exemplo as do Governo de Trump (e não só), que me faz lembrar um pouco os filmes de índios e cowboys da minha juventude. Só que os índios são o resto do mundo», continuou.
De igual forma, sublinhou que poucas são as medidas que foram tomadas para se respeitar o equilíbrio ecológico do planeta (poluição e aquecimento global), sendo razão suficiente para que 2018 seja um ano de reflexão e de reacção, sob pena de sucederem danos irreversíveis ou catástrofes naturais no planeta.
«No que concerne à saúde, faço votos para que 2018 seja um ano de maior dedicação à actividade física, como medida preventiva à ocorrência de doenças cardiovasculares. A OMS tem recomendado aos países medidas no sentido de incentivar a prática de actividades físicas. Ao que parece, estas recomendações não têm sido acatadas com maior entusiasmo pela maioria dos países», sustentou o médico.
E Portugal? «Com o desanuviar da austeridade, 2018 vai ser um ano em que se poderá “respirar” melhor. E tudo leva a crer que seja um ano mais desafogado, com muitos turistas e visitantes», frisou, atirando: «A geringonça, aproveitando os bons ventos, vai conseguindo levar a água ao seu moinho».
No panorama desportivo, Humberto Évora, que foi médico da delegação de Cabo Verde nos Jogos Olímpicos de Pequim, de Londres e do Rio de Janeiro, disse que pelo menos no início do ano haverá um equilíbrio competitivo entre o Benfica, o Porto e o Sporting na luta pelo título da Liga NOS em Portugal. «Mas a minha bolinha de cristal diz-me que o Benfica começará a mostrar resultados mais vitoriosos do que tem sido [norma até ao momento] e… irá terminar ganhando o pentacampeonato», concluiu.
PEDRO DANIEL OLIVEIRA
pedrodanielhk@hotmail.com