Minoria cristã recusa ser silenciada
O presidente da Conferência Episcopal do Paquistão, D. Joseph Coutts, disse à agência ECCLESIA que a minoria católica neste país se recusa a ficar «calada», apesar de todas as dificuldades que enfrenta.
«Posso dizer, com orgulho, que não somos uma minoria silenciosa ou escondida, nós contribuímos para o bem do País», assinalou.
O prelado dá como exemplo as escolas, hospitais e clínicas católicas, bem como o trabalho realizado junto das pessoas com deficiência, toxicodependentes e marginalizados. «O trabalho que fazemos é para todos», explicou.D. Joseph Coutts esteve esta semana em Portugal num momento particularmente delicado para os católicos paquistaneses por causa dos episódios que envolvem a chamada “lei da blasfémia”, com acusações que acabam por ser um rastilho de violência contra cristãos e outras minorias.
Segundo o arcebispo, «a própria lei, a forma como está formulada, é o problema» e o Governo, após muitos anos de protestos, «começa a aperceber-se disso».
A mudança tem de começar «nos líderes islâmicos», para que todos se apercebam de que a lei «precisa de mudanças», contrariando todas as manifestações de fanatismo, diz D. Joseph Coutts.
O presidente do episcopado católico no Paquistão fala numa «Igreja pobre», que precisa da ajuda material e espiritual de outras comunidades católicas.
A Portugal, o responsável levou o testemunho de viver como cristão num país muçulmano que se está a tornar «cada vez mais islâmico» nos últimos anos.
«Como cristãos, não somos cidadãos de segunda classe, não somos imigrantes, temos tantos direitos como os outros», observa.
O arcebispo de Karachi esteve em Portugal a convite da Fundação Ajuda a Igreja que Sofre (AIS) e participou no passado Domingo na Ronda da Lapinha, em Guimarães, que este ano reuniu 15 mil pessoas em oração pelos cristãos perseguidos no mundo.
«Não sabemos quando será o próximo ataque contra uma igreja, ou quando e onde o próximo cristão vai ser falsamente acusado de blasfémia e condenado à morte», alertou o arcebispo de Karachi, em Guimarães.
D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga, destacou o facto de a Ronda da Lapinha ter sido realizada com esta intenção particular de intercessão de Nossa Senhora pelos cristãos perseguidos.
«Há cristãos espalhados pelo mundo inteiro que, por fidelidade à fé, arriscam a vida e muitos morrem mesmo», assinalou.