Fé cristã resiste entre muros e arame farpado
O arcebispo de Lahore (Paquistão) falou, na passada segunda-feira, à agência ECCLESIA sobre a violência contra os cristãos no Paquistão, que voltou a crescer nas últimas semanas.
D. Sebastian Shaw lamentou que no seu país, de maioria muçulmana, subsista uma cultura de «morte» contra quem é «diferente».
Algo que ficou bem patente na última quadra natalícia, em Dezembro, quando um atentado contra uma igreja cristã metodista em Quetta provocou nove mortos e mais de meia centena de feridos.
Outro ataque, em Fevereiro de 2017, já tinha provocado mais de 130 mortos e quarenta feridos.
Devido a este contexto de permanente insegurança, muitas missas foram celebradas em igrejas envoltas em «muros de protecção», «arame farpado» e equipadas com «câmaras de vigilância».
«Temos de estar em alerta permanente, porque estes grupos vão e vêm, como num jogo do gato e do rato. Viver neste ambiente é muito difícil», disse o arcebispo de Lahore.
No entanto, os cristãos no Paquistão continuam empenhados na sua fé e convictos de que um dia o ódio, as armas, as bombas, vão dar lugar ao diálogo e à paz.
«Eu digo sempre às minhas comunidades “vocês são a luz”, Jesus disse que os cristãos são a luz do mundo. E quando somos luz temos uma missão a desempenhar», contou o bispo paquistanês, que apontou ainda duas máximas que procura transmitir sempre às pessoas: «não ao medo e não à violência».
«As pessoas perguntam-me depois o que devem fazer. E eu lembro-lhes que Jesus deixou-nos o que fazer. Ele disse abençoados sejam os que constroem a paz. E só quando estamos em paz é que podemos partilhar a paz», sustentou D. Sebastian Shaw.
Um dos principais focos de violência contra os cristãos no Paquistão tem sido a chamada “lei da blasfémia”, através da qual muitos fiéis foram presos e condenados à morte por alegadamente atentarem contra o nome de Maomé.
O caso mais mediático é o de Asia Bibi, uma mulher que está encarcerada há vários anos e que tem visto o seu julgamento sucessivamente adiado.
«Muitas pessoas estão conscientes do uso incorreto desta lei. Nós dizemos ao Governo, e também aos nossos estudiosos, que não estamos contra a lei da blasfémia. É uma lei e isso é bom. Mas o mau uso da lei tem de parar», alertou o arcebispo de Lahore.
In ECCLESIA