Diocese de Macau ajuda Líbia e Marrocos

PAPA FRANCISCO LANÇOU O REPTO; CÁRITAS JÁ ENVIOU MAIS DE CEM MIL PATACAS

Diocese de Macau ajuda Líbia e Marrocos

O Papa Francisco deixou o apelo e a diocese de Macau respondeu de pronto. Uma segunda colecta será realizada em todas as paróquias, durante as missas antecipadas e dominicais deste fim-de-semana, em prol das vítimas do terramoto que sacudiu Marrocos, a 8 de Setembro, e das devastadoras inundações que destruíram parcialmente a cidade de Derna, na Líbia. A Cáritas de Macau antecipou-se ao repto do Santo Padre, tendo já enviado um donativo acima de cem mil patacas para a Caritas Internationalis.

Anunciado pela chancelaria da diocese de Macau, a segunda colecta deste fim-de-semana é a resposta ao repto lançado há dias pelo Papa Francisco, no Vaticano. No final da audiência pública semanal das quartas-feiras, o Santo Padre apelou à solidariedade para com as populações da Líbia e Marrocos. As duas nações do Norte de África foram afectadas por desastres naturais que resultaram em milhares de mortos, feridos e desalojados.

Na Líbia, a passagem da tempestade Daniel esteve na origem das maiores cheias que alguma vez afectaram o País. O mau tempo, aliado à ruptura de duas barragens, submergiu parcialmente a cidade portuária de Derna, um desastre que matou mais de quatro mil pessoas, estando cerca de dez mil desaparecidas. “O meu pensamento dirige-se às populações da Líbia, duramente atingidas por chuvas violentas, que provocaram cheias e inundações, causando numerosos mortos e feridos, além de danos elevados”, salientou Francisco. “Convido todos a unir-se à minha oração pelos que perderam a vida, pelos seus familiares e pelos desalojados. Que não falte a nossa solidariedade com estes irmãos e irmãs, tão provados por esta calamidade”, acrescentou o Papa, citado pela Agência ECCLESIA.

Durante a referida audiência, o Sumo Pontífice voltou a recordar as vítimas do terramoto que abalou a região de Marraquexe e o Centro-Sul de Marrocos. De acordo com o mais recente balanço das autoridades marroquinas, o abalo sísmico fez mais de dois mil e 800 mortos e afectou mais de trezentas mil pessoas. “O meu pensamento dirige-se também ao nobre povo marroquino, que sofreu estes tremores de terra, estes terramotos. Rezemos por Marrocos, rezemos pela população, para que o Senhor lhes dê a força de recomeçar”, exortou o Pontífice.

O montante angariado nas missas antecipadas (sábado) e dominicais, celebradas nas igrejas do território, serão canalizadas para a Caritas Internationalis, explica a diocese de Macau na Cúria Diocesana em que anuncia o peditório (publicada na segunda página desta edição).

CÁRITAS NA VANGUARDA

Entretanto, a Cáritas de Macau já fez chegar à Caritas Internationalis um donativo num valor acima de cem mil patacas, para apoiar as vítimas das duas catástrofes naturais. A organização secretariada por Paul Pun antecipou-se ao apelo feito pelo Papa Francisco e lançou uma campanha de angariação de fundos. A iniciativa, conduzida em articulação com a confederação internacional da organização católica, arrancou com o propósito de fazer chegar apoio às populações afectadas pelo terramoto em Marrocos, mas as notícias de que uma segunda tragédia se havia abatido sobre o Norte de África, mais concretamente na região litoral do Leste da Líbia, levou a Cáritas de Macau a lançar uma segunda campanha para recolha de donativos. Solidária, a população da RAEM respondeu com generosidade às duas iniciativas da Cáritas local. Em pouco mais de uma semana, a organização recolheu mais de 120 mil patacas com o objectivo de ajudar as populações envolvidas.

«Sou da opinião que os residentes de Macau são geralmente prestativos e cooperantes neste domínio. Procuram ajudar. Habitualmente, têm vários canais para o fazer. No caso da Cáritas, chegámos à conclusão que fazia mais sentido lançar campanhas específicas, ainda que estes desastres tenham acontecido um atrás do outro. Primeiro, decidimos lançar uma campanha para ajudar as populações afectadas pelo sismo em Marrocos, e depois uma segunda campanha para ajudar as vítimas das cheias na Líbia. Acreditamos que estas pessoas estão a sofrer; necessitam da atenção de todo o mundo e não apenas de Macau», disse Paul Pun, em declarações a’O CLARIM. «Gostava de fazer um apelo para que as pessoas ofereçam algo ou prestem ajuda às vítimas e à população das duas nações afectadas por estes desastres naturais. Para nós, o mais importante mesmo é fazer-se algo. Por muito pouco que possamos oferecer, podemos ajudar a aliviar o fardo a que estas pessoas estão sujeitas. Foram muitas as que perderam tudo o que tinham», sublinhou o dirigente.

Para além das mais de cem mil patacas que entregou à Caritas Internationalis, a Cáritas de Macau aliou-se a várias entidades bancárias com o objectivo de abrir contas solidárias para recolha de fundos. As contas estão activas durante três meses, período em que a instituição tenciona fazer chegar à Caritas Internationalis uma segunda remessa solidária. «Recebemos cerca de 120 mil patacas em donativos, em dinheiro e cheque. 62 mil para Marrocos e 61 mil para a Líbia. Acredito que a este montante possa acrescer mais algum que foi depositado nas contas bancárias, mas só vamos saber ao certo no final do mês, quando recebermos os extractos bancários. Assim que recebemos os donativos em cheque e em dinheiro, canalizamos o dinheiro para a Caritas Internationalis. Das 120 mil patacas, já enviamos cem mil», revelou Paul Pun. «Tal como aconteceu com outras iniciativas no passado, as duas campanhas vão prolongar-se por três meses, mas podemos mantê-las por um período de meio ano. Tudo depende das necessidades das populações afectadas e da resposta dada pela população de Macau», concluiu.

Marco Carvalho

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