Panamá acolhe Jornadas Mundiais da Juventude em 2019

IGREJA VIVA E RENOVADA

A 14ª edição das Jornadas Mundiais da Juventude teve início a 26 de Julho, em Cracóvia, na Polónia. O evento durou seis dias, tendo decorrido até 31 de Julho. Antes do evento a cidade foi-se enchendo de jovens, peregrinos, grupos religiosos e representantes de várias dioceses espalhadas por todo o mundo. O ambiente foi sempre de festa, harmonia e muita fé, que se prolongou e intensificou entre a chegada e a despedida do Papa Francisco. O CLARIM disse “presente!”

As Jornadas Mundiais da Juventude foram instituídas pelo Papa João Paulo II em Dezembro de 1985. Desde então, a cada dois ou três anos têm lugar numa cidade diferente, juntando milhões de católicos de todo o mundo, maioritariamente jovens, que se unem para celebrar e alimentar a fé, conhecer melhor a doutrina católica, construir pontes de amizade e de esperança entre continentes, povos e culturas, e para compartilhar entre si a vivência da espiritualidade. Por este motivo as Jornadas de Cracóvia tiveram um significado especial: foram organizadas na terra natal do Papa que as idealizou e as instituiu.

Contaram este ano com representantes de 167 países, sendo as maiores delegações da Polónia, Itália, Brasil, França, Espanha, Portugal, Estados Unidos, México, Argentina e Alemanha. No entanto, pudemos ver representantes de todo o mundo, oriundos de países como o Camboja, Síria, Paquistão, Líbano, Israel, entre muitos outros. E também da China, Hong Kong e Macau, com representações de várias dimensões. A maioria deslocou-se integrada num grupo religioso, em nome de uma associação ou diocese. Quando interrogados acerca do motivo que os levou às Jornadas, a maioria respondeu que pretendia encontrar-se através de Jesus Cristo; fazer parte de um evento com o Papa; viver novas experiências, ou ajudar a propagar a palavra de Jesus Cristo.

As Jornadas Mundiais da Juventude arrancaram com missa de abertura, presidida pelo cardeal metropolitano de Cracóvia, D. Stanislaw Dziwisz, no Campo Blonia. Durante a cerimónia o cardeal deu as boas vindas aos jovens, fez um discurso emotivo acerca do tempo que a Polónia ansiou por este momento e deixou três questões no ar para reflexão. «De onde viemos?» «Onde estamos neste momento da nossa vida?» «Para onde iremos e o que vamos levar deste encontro?» Viveu-se uma tarde de união e muita alegria, de entoação de cânticos e de muita fé.

 

AGENDA DE FÉ

Na dia 27 de Julho o Papa Francisco chegou a Cracóvia por volta das quatro horas da tarde. Foi recebido pelo Presidente da República e pela primeira dama, pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, pelo arcebispo de Cracóvia e por duas crianças. Depois dirigiu-se para Wawell Hill, onde teve um encontro com as autoridades da Polónia e com o corpo diplomático. Já de noite, subiu à janela da Casa dos Arcebispos de Cracóvia para saudar os jovens que o esperaram durante horas.

No dia seguinte teve lugar a cerimónia de acolhimento dos jovens, presidida pelo Papa Francisco, no Campo Blonia. O recinto encheu-se de jovens, cor e alegria. O Papa começou o seu discurso, dizendo: «Finalmente encontrámo-nos! Obrigado por esta calorosa recepção. Nesta sua terra natal, quero agradecer a São João Paulo II, que sonhou e deu impulso a estes encontros. Não há nada mais belo do que contemplar os anseios, o empenho, a paixão e a energia com que muitos jovens abraçam a vida. Quando Jesus toca o coração dum jovem, estes são capazes de acções verdadeiramente grandiosas. Hoje a Igreja olha-vos e quer aprender de vós, para renovar a sua confiança na Misericórdia do Pai que tem o rosto sempre jovem. Queres viver uma vida plena? Começa a deixar-te mover pela compaixão! Porque a felicidade germina e desabrocha na Misericórdia. Esta é a sua resposta, o seu convite, o seu desafio, a sua aventura: a Misericórdia».

No dia 29, logo pela manhã, o Papa visitou o campo de concentração de Auschwitz. À tarde visitou o Hospital Universitário de Crianças e ao final do dia presidiu à missa da Via Sacra, também no Campo Blonia. Mais uma vez, o Papa proferiu um discurso, encorajando os jovens a procurar Deus no seu interior: «Nesta noite, queridos jovens, o Senhor renova-nos o convite para vos tornardes protagonistas no serviço. Ele quer fazer de vós uma resposta concreta às necessidades e sofrimentos da humanidade; quer que sejais um sinal do seu amor misericordioso para o nosso tempo! Para cumprir esta missão, Ele aponta-vos o caminho do compromisso pessoal e do sacrifício de vós próprios: é o Caminho da Cruz. É o caminho da felicidade de seguir Cristo até ao fim, nas circunstâncias frequentemente dramáticas da vida diária; é o caminho que não teme insucessos, marginalizações ou solidões, porque enche o coração do homem com a plenitude de Jesus. É o caminho da esperança e do futuro. Que percorre com generosidade e fé, dá esperança e futuro à humanidade».

No sábado de manhã o Papa visitou o Santuário da Divina Misericórdia e celebrou missa no Santuário de São João Paulo II, tendo à tarde participado na missa pela Jornada Mundial da Juventude, no Campo da Misericórdia. Durante o dia cerca de um milhão e meio de jovens e peregrinos cumpriram uma caminhada de quase treze quilómetros para chegar ao Campo da Misericórdia. Trata-se de um espaço com 23 hectares, que foi preparado para acolher a vigília e a última missa das Jornadas.

É tradição participar na vigília e ficar no recinto até ao fim da missa de encerramento – uma verdadeira peregrinação, acompanhada de muito sacrifício, muita fé e muita entreajuda. Durante a vigília ouviram-se os testemunhos de três jovens: Rand Mittri (Síria), Miguel (Paraguai) e Natália (Polónia). O testemunho de Rand Mittri foi sem dúvida o mais emotivo. A descrição que fez da situação que se vive no seu país foi comovente. Apesar de todos os dias se perguntar onde está Deus quando há tanta morte e tragédia ao seu redor, a fé n’Ele é o que a faz seguir em frente todos os dias. O tema da vigília foi baseado na oração das Jornadas, um espectáculo com cinco actos: Fé para aqueles que duvidam; Esperança para os resignados; Amor para os indiferentes; Perdão para os que são culpados; Alegria para os que são tristes. No final foi celebrada missa pelo Santo Padre, seguida da vigília. O recinto encheu-se de luz através das milhares de velas que foram passando de mão em mão.

 

ADEUS, ATÉ 2019

No Domingo, 31 de Julho, último dia das Jornadas, houve missa de encerramento. No Angelus o Santo Padre dirigiu-se de novo aos jovens: «No final desta celebração desejo unir-me a todos vós em acção de graças a Deus, Pai de misericórdia infinita, porque nos concedeu viver esta Jornada Mundial da Juventude. Agradeço a todos os que prepararam este evento e contribuíram para o seu êxito. Um obrigado imenso digo-o a vós, queridos jovens! Enchestes Cracóvia com o entusiasmo contagiante da vossa fé. Nestes dias experimentamos a beleza da fraternidade Universal de Cristo; foi uma oxigenizacao espiritual, para poderdes viver e caminhar na misericórdia quando voltardes aos vossos países e às vossas comunidades. A providência de Deus sempre nos precede. Pensai que já decidiu qual será a próxima etapa desta grande peregrinação iniciada por São João Paulo II! É, por isso, e com alegria que vos anuncio que a próxima Jornada Mundial da Juventude será em 2019, no Panamá».

Na cerimónia de despedida com os voluntários, na Arena Tauron, o Papa preferiu falar em Espanhol. Pôs de lado o discurso de cinco páginas, que disse ser aborrecido, e fez um discurso emocionado de agradecimento a todas as pessoas envolvidas neste evento. «Não tenham medo! Tenham coragem!»

Foram dias de muita reflexão, de sacrifício, de convívio, de alegria, de harmonia e de renovação da fé. Foi comovente ver quase dois milhões de jovens reunidos num evento desta natureza. Encontrámos jovens, leigos e representantes da Igreja de todos os cantos do mundo. Muitos deles fazem trabalho voluntário, participam em missões, vivem integrados em comunidades católicas e participam activamente em actividades religiosas – todos unidos pela fé em Cristo.

Da Polónia levamos a simpatia deste povo, a beleza do País, a generosidade sem limites. Não sabemos se todos os jovens vão sair da Polónia com a resposta à última pergunta do cardeal Stanislaw: «O que vão levar deste encontro?» Eu, Ana Marques, certamente levarei uma admiração renovada nos jovens de hoje e a esperança que, sim, podemos ter um futuro melhor.

Ana Marques

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