Padre Franz Gassner comenta a posição da Igreja Católica em relação à abolição da pena de morte

Papa Francisco alumiou o caminho.

O padre Franz Gassner, docente da Faculdade de Estudos Religiosos da Universidade de São José, vê com bons olhos a recente tomada de posição da Igreja Católica, ao condenar toda e qualquer razão para a existência da pena de morte.

«Pessoalmente, estou contra a pena de morte», disse a’O CLARIM o padre Gassner, elencando várias razões que sustentam a sua convicção. «Os Governos cometem erros. Há provas claras de pessoas inocentes que foram mortas, algo que se estende dos Estados Unidos à China. Como pode uma forma de punição irreversível ser justificada quando há erros e, até mesmo, abusos?», justificou o sacerdote.

No seu entender, «não há necessidade» de existir a pena de morte, dado que as sociedades têm hoje em dia outras formas de proteger o bem comum. «A clara e completa abolição da pena capital está em linha com os desenvolvimentos do ensino da Igreja quanto a este respeito», sublinhou o docente da USJ.

Assim, vincou que o esclarecimento do Sumo Pontífice, a 2 de Agosto último, foi necessário para evitar mais abusos e interpretações erradas do Catecismo da Igreja Católica, pois declarou que a pena de morte é errada em todos os casos. «Ao fazê-lo, [o Papa Francisco] desafia os políticos, juízes, funcionários e leigos católicos nas suas “zonas de conforto teológico”, ao argumentarem que a sua igreja não se opunha totalmente à pena de morte», frisou.

«A pena capital dá a impressão errada de que as sociedades podem resolver os seus problemas tirando a vida de uma pessoa. Trata-se de um pensamento fatal num mundo onde tantas pessoas são sacrificadas, dia após dia, por diferentes razões, seja por terroristas, seja pelo aborto, tráfico humano e tráfico de órgãos», sem esquecer «as pessoas pobres e marginalizadas que são “deitadas fora” e “descartadas” como lixo».

Ao promover a completa abolição da pena de morte, a Igreja Católica segue a sua missão de desafiar as pessoas a aprofundarem a fé; de mudar as pessoas e as sociedades, superando as mentalidades erradas, tornando-as mais humanas.

«A vida e a dignidade humanas são incondicionais e não podem ser perdidas, nem mesmo devido a um comportamento criminoso. Conforme escreveu o Papa Francisco, a pena de morte “é inadmissível porque é um atentado contra a inviolabilidade e a dignidade da pessoa”», concluiu o padre Gassner.

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

pedrodanielhk@hotmail.com

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