Olhando em Redor

A importância de Macau

Macau é vista por muitos “opinion-makers” como um território com pouco importância no papel geoestratégico da Grande China. Isto para além da sua vocação desempenhada nas últimas seis décadas e impulsionada a partir da transferência de poderes: a indústria do Jogo.

Erro crasso para quem pensa assim. Com efeito, Macau representa mais do que um minúsculo ponto no mapa onde o capitalismo puro e duro tem dado cartas e imposto as suas regras, pese embora os derradeiros reveses sofridos com medidas bastante específicas que têm como objectivo promover a harmonia social, como foi o caso da última revisão da Lei de Terras.

O reforço dos mecanismos de supervisão no seio da Administração Pública, tanto para os trabalhadores da linha da frente, como para quem desempenha funções de relevo, tem vindo a ser cada vez mais notório, sendo clara a aposta em eliminar vícios antigos incrustados na mentalidade de muitos funcionários públicos (felizmente não são todos).

Os casos tornados públicos através dos Órgãos de Comunicação Social também servem, em abono da verdade, de alerta para os que até à data não foram apanhados nas malhas dos mecanismos de supervisão, razão pela qual ainda estão a tempo de rectificar o seu comportamento.

Todavia, mesmo que alguns tenham mudado a sua conduta, mais cedo ou mais tarde vão ter que responder pela via administrativa ou criminal, por causa dos erros cometidos no passado.

Nuns casos, porque tais ilicitudes foram detectadas e denunciadas pelos mecanismos de supervisão. Noutros casos, porque foram expostas pelas autoridades competentes em situações de causa-efeito com impacto na sociedade. Cumulativamente, porque se aplicou a lei.

Voltando ao papel geoestratégico de Macau: numa China continental em profundas transformações, onde a responsabilização dos tigres e das moscas tem sido o ponto de ordem, sob pena do regime se desmoronar, o que levará à desagregação do País, tendo ainda em conta que a relação com Taiwan já conheceu melhores dias e que Hong Kong caminha cada vez mais para o abismo, sem esquecer que o Tibete continua a ser uma arma de arremesso usada por vários países da Comunidade Internacional, resta Macau para mostrar ao mundo uma outra China, mais tolerante, aberta, inclusa e harmoniosa.

Há pois que disciplinar cada vez mais os funcionários afectos a um conjunto de instituições com importância capital na vida em sociedade, sob pena de Macau correr o risco de não cumprir, em toda a linha, com o renovado papel que lhe foi destinado por Pequim.

Também por isso é mais do que evidente que a elaboração de legislação especifica relacionada com a responsabilização dos titulares dos principais cargos públicos não deverá demorar muito mais tempo a ver a luz do dia.

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

pedrodanielhk@hotmail.com

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