Olhando em Redor

Ventos de Norte, dificuldades a Sul

O Chefe do Executivo chegou recentemente de Pequim com instruções bem precisas sobre o rumo que Macau deve trilhar nos próximos tempos. Alegra-me que, durante uma sessão de apresentação das conclusões das duas reuniões da Assembleia Popular Nacional (APN) e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), Fernando Chui Sai On tenha sido bastante incisivo quanto ao que, verdadeiramente, é preciso fazer.

Entre outras medidas importantes para o futuro da Região, os dirigentes de todos os serviços da Administração Pública devem concretizar, sem falhar o alvo, os objectivos do Governo Central, devendo ser também melhorada a governação pública e acelerada a reforma legislativa da Administração Pública.

O Plano Quinquenal de Macau e a estratégia “Uma Faixa, uma Rota” são outras preocupações que a RAEM deve ter bem presente, entre outras que foram partilhadas na sessão da passada sexta-feira e que contou com a participação de Edmund Ho, vice-presidente da CCPPC, de Wang Zhimin, director do Gabinete de Ligação do Governo Central da RAEM, e de Ho Iat Seng, presidente da Assembleia Legislativa.

Apesar dos recados dirigidos para dentro da Administração Pública, a principal responsabilidade recai no próprio Chefe do Executivo, afinal a autoridade máxima para que as linhas condutoras vindas de Pequim possam ser implementadas em toda a sua plenitude.

Contudo, temo que a sua tarefa seja realmente difícil de pôr em execução, a toda a escala, no tempo que resta do seu mandato, quer pelo conservadorismo ainda subjacentes às elites vigentes, algumas das quais com grande influência, ou preponderância, nos variadíssimos corredores da Administração Pública, quer pelas resistências – é preciso saber se directas ou indirectas – que poderão surgir nos bastidores por via de determinados deputados ou empresários com grande influência na sociedade. Já para não referir os erros, ou lapsos, que aqui e ali têm afectado a própria governação de Fernando Chui Sai On… Em suma, basta ao leitor ficar atento às notícias que vão saindo nos jornais para facilmente perceber o teor destas minhas palavras.

Numa outra linha de ideias, congratulo-me com o significado da sessão de apresentação das conclusões sobre as reuniões da APN e da CCPPC, porque – acima de tudo – reforçam o papel de Macau enquanto Região Administrativa Especial. Para mal de algumas vozes da província de Guangdong, é certo…

 

Legislativas

O presidente da Comissão dos Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), Tong Hio Fong, elevou a responsabilidade de termos, no próximo dia 17 de Setembro, as legislativas mais limpas de sempre no tempo de vigência da RAEM.

Os recados aos Órgãos de Comunicação Social e a entrada em funcionamento da linha telefónica para a denúncia de irregularidades sobre o processo das legislativas são algumas das medidas que justificam o meu exacerbado optimismo.

Finalmente vamos deixar de ter táxis na rua, no dia das eleições, com dísticos a fazer lembrar uma lista. Vamos também deixar de receber chamadas telefónicas ou mensagens SMS, com o intuito de cativarem o voto numa ou noutra lista. E vamos deixar de ter corrupção eleitoral, pura e dura, através do pagamento de jantaradas ou almoçaradas em Macau, em qualquer outro lado das Portas do Cerco, ou até mesmo em Hong Kong. Ou de pessoas relacionadas com determinadas listas, as que fazem o trabalho sujo por via do pagamento de elevados subornos, da distribuição de “lai si” ou de electrodomésticos, tudo em prol do voto em certo tipo de candidaturas. Ou seja, todas aquelas situações que invariavelmente até chegam ao conhecimento do cidadão, às quais a CAEAL e o CCAC não conseguiram ainda dar resposta.

 

Rádio-táxis

A deputada e presumível candidata às próximas legislativas, Melinda Chan, veio recentemente a público defender a classe dos taxistas, ao clamar por um aumento da bandeirada, dado que o sector não faz uma actualização da tarifa desde 2014.

Sustentando que os taxistas têm de melhorar o serviço prestado antes de exigirem o aumento, para que os residentes considerem o pedido razoável, a parlamentar também apoiou a discussão do aditamento de uma taxa especial durante o Ano Novo Chinês.

A tomada de posição aconteceu aquando do aumento proposto pela Associação de Mútuo Auxílio dos Condutores de Táxi, que pretendia subir a bandeirada das actuais dezassete para as vinte patacas, algo que não recebeu a concordância de Kou Kun Pang, membro do Conselho Consultivo do Trânsito, considerando-a «inadequada nesta fase», conforme noticiou o jornal Ou Mun.

Conhecendo o histórico de Melinda Chan na Liga dos Táxis de Macau, convinha à deputada que também viesse a terreiro convocar uma conferência de Imprensa para condenar veemente todas e quaisquer atitudes desleais, por parte de quem trabalha no ramo, como foi o caso do condutor da “Companhia de Serviços de Rádio Táxi Macau” que cobrou abusivamente cinquenta patacas de gorjeta na fase de viagens gratuitas, sob pena de parte do eleitorado, cada vez mais esclarecido, optar por não lhe dar o voto de confiança que tanto poderá necessitar para ser reeleita na Assembleia Legislativa.

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

pedrodanielhk@hotmail.com

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