Olhando em Redor

Agentes patogénicos

Não constitui surpresa que Sulu Sou tenha o seu mandato de deputado suspenso, em resultado da votação dos seus (até há dias) homólogos na Assembleia Legislativa. Sulu Sou pertence ao campo pró-democrata, razão pela qual não é alinhado com as oligarquias vigentes, sendo por isso “descartável”.

A oportunidade surgiu célere, pois nem teve tempo de aquecer o lugar no Hemiciclo. Fosse Sulu Sou um desses “patriotas” (quando lhes convém) – apenas para defenderem interesses corporativos ou de uns amigos abonados – e nada disto lhe teria acontecido, até porque não seria alvo do “Big Brother” local. E mesmo que o fosse, seria protegido pelos seus pares ou teria que abandonar a RAEM para não sofrer consequências gravosas (não seria caso único…).

O afastamento (ainda temporário) de Sulu Sou vai trazer sérias consequências a Macau. A população em geral, embora bastante tolerante, não é néscia e muito menos ignorante; sabe muito bem aquilo em que o território se transformou na última década e meia.

O que acontecer daqui em diante não será culpa dos insatisfeitos que representam franjas dessa mesma população. Será apenas uma reacção à impotência no combate aos males incrustados nos poderes – Executivo, Legislativo e Judicial – que nos governam.

É aqui que o Poder Central tem falhado ultimamente, no que respeita a Macau: perceber que a contestação não é um vírus, mas sim um claro sintoma de doenças crónicas causadas por agentes patogénicos.

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

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