O deus dos ateus

O deus dos ateus

É ABISSAL A DIFERENÇA ENTRE QUEM NEGA A DEUS E QUEM QUER SER SEU FILHO

Ateu – termo de origem grega, derivado da palavra “Theos” (Deus), à qual se antepôs o prefixo (a) que é uma negação – é aquele que não acredita na existência de Deus. Porém, quando uma pessoa se considera ateia é importante perceber e esclarecer qual a ideia que ela tem de Deus pois, seguramente, o deus que nega não é o mesmo Deus em que os cristãos acreditam.

No decorrer da História o ateísmo teórico foi esporádico, pontual e minoritário. Todavia, na segunda metade do século XIX, em consequência das ideias de alguns pensadores mais relevantes da Europa, como Hegel e Nietzsche entre outros, foi sendo destruída a crença num Ser superior criador, omnipotente (que pode tudo), omnisciente (que sabe tudo) e omnipresente (que está ao mesmo tempo em todos os lugares).

Esvaziado o conceito do Deus único, alguns filósofos passaram a identificá-Lo com o nada, desligando-O completamente do sentido cristão da essência divina, superior e absoluta.

O deus que os ateus mais célebres – Marx, Nietzsche, Freud e mais tarde Sartre – negaram, é este deus morto fruto das especulações filosóficas que dominaram completamente as ideias europeias, alastrando por todas as artes e culminando num verdadeiro ateísmo prático que viria a degenerar numa perseguição a todo o sentido religioso, nomeadamente nos regimes totalitários nazis e comunistas.

O Homem sem Deus fica despojado de toda a sua espiritualidade, é uma simples porção de matéria, pelo que facilmente se poderá usar como coisa para os fins mais perversos, como as guerras, os campos de extermínio, de trabalhos forçados e muitas experiências horrendas como se veio a comprovar no fim da Segunda Guerra Mundial.

Também o materialismo exacerbado, a crença cega de que as ciências experimentais viriam trazer a felicidade e o consequente fomentar dum consumismo alienante, propiciaram ao homem uma pseudo segurança que lhe permitiu prescindir de Deus, como se já tivesse tudo para ser feliz, considerando-se ele mesmo um deus independente.

Este cenário originou o ateísmo moderno, consequência da especulação filosófica que rejeitou a ideia da existência de Deus, fomentado e influenciando na sociedade uma atitude de descrença perante a inerente religiosidade humana a qual tinha sido a base da nossa civilização, cultura e humanidade.

É pois deveras importante compreendermos que o deus que os ateus criticam e negam é fruto do exacerbado racionalismo filosófico tão em moda nos últimos dois séculos, é uma construção desconstrutiva de tudo o que as religiões nos tinham dado e está muito longe de se assemelhar ao Deus do Cristianismo tradicional exposto nos Textos Sagrados, na Filosofia Cristã e na Metafísica do Ser.

A filiação divina não é uma metáfora, mas uma força santificadora, é o próprio Deus presente no humano. Esta realidade é tão forte e profunda que afecta a essência do próprio homem e lhe permite aceder à grandeza divina do Criador. É pois abissal a diferença entre os que não conhecem a Deus e O recusam ou negam e os que O conhecem ou procuram conhecê-Lo porque sabem e querem ser Seus filhos num acto livre e deliberado da vontade humana.

Susana Mexia

Professora

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