«Ao Diabo agradam as elites»
O novo livro do Papa, “Avé Maria”, foi lançado na passada terça-feira, em Itália. Reproduz uma conversa sobre a “oração mais amada” mantida com o capelão da prisão de Pádua, padre Marco Pozza.
A publicação revela uma entrevista de Francisco para o programa “Avé Maria”, da Tv2000, canal televisivo católico, à imagem do que já tinha acontecido num ciclo de reflexões sobre a oração do Pai Nosso, em 2017.
A entrevista, realizada em colaboração com o Dicastério para a Comunicação do Vaticano, irá ser emitida parcialmente a 16 de Outubro, introduzindo nove emissões dedicadas à Avé Maria e duas ao “Magnificat”. A transmissão, na íntegra, acontece a 23 de Dezembro.
Francisco fala da normalidade de Maria e da sua santidade, que pode ser imitada por todos.
“Maria é a normalidade, é uma mulher que qualquer mulher deste mundo pode dizer que pode imitar. Nada de estranho na vida, uma mãe normal: mesmo no seu matrimónio virginal, casto naquele quadro de virgindade, Maria foi normal. Trabalhava, fazia as compras, ajudava o Filho, ajudava o marido: normal”, refere.
O Papa sublinha a importância da maternidade na fé católica, na concepção de Deus e da Igreja, perante uma sociedade com “tendências individualistas e egoístas”, porque as mães “sabem testemunhar a ternura, a dedicação incondicional”.
Um dos temas abordados foram as mães da Plaza de Mayo, uma associação formada pelas mães dos desaparecidos, os dissidentes desaparecidos durante a ditadura militar argentina (1976-1983).
“A uma mãe que sofreu o que as mães da Plaza de Mayo sofreram, eu permito tudo. Pode dizer tudo, porque é impossível compreender a dor de uma mãe”, observou o Papa, antigo arcebispo de Buenos Aires (Argentina).
Francisco alerta ainda para o que denomina como “o pecado da elite”, de quem não sabe viver com o seu povo.
“A Igreja é povo, o povo de Deus. E ao Diabo agradam as elites”, precisa.
In ECCLESIA