Estudantes e membros do clero vítimas de raptos
O presente mês de Novembro tem sido particularmente duro para as comunidades católicas e muçulmanas na Nigéria.
Às primeiras horas da manhã do dia 17 de Novembro, “pouco antes das orações matinais”, um número desconhecido de raparigas foi raptado por homens armados que atacaram uma escola feminina no Noroeste do País. Os membros de um gangue atacaram, desta vez, a Escola Secundária Governamental Feminina de Maga, no distrito de Danko/Wasagu, localizado no Estado de Kebbi. Depois de matarem o vice-director da escola, Malam Hassan Makuku – docente que em vão tentou proteger as alunas – e de ferirem um segurança, os atacantes fugiram para o Estado vizinho de Zamfara, levando com eles um número indeterminado de raparigas.
A área onde ocorreu o sequestro faz parte do Emirado de Zuru, sendo predominantemente muçulmana.
No Estado de Kebbi há um longo historial de raptos de estudantes por gangues que invadem instituições de Ensino. A 17 de Junho de 2021, por exemplo, homens armados sequestraram aproximadamente oitenta pessoas, incluindo funcionários e alunos do Colégio Estadual de Yauri. Alguns dos reféns acabariam por ser libertados pelo Exército nigeriano, poucos dias após o rapto, enquanto muitos outros – a maioria – só foram libertados após o pagamento dos respectivos resgates. Ao fim de sete meses os bandidos haviam libertado 57 reféns, tendo os restantes saído de um cativeiro que durou “mais de 707 dias”, apenas entre Abril e Maio de 2023.
Também no passado dia 17 de Novembro, mais um padre católico foi vítima de violento sequestro. O padre Bobbo Paschal, pároco da igreja de Santo Estêvão, no Estado de Kaduna (região centro-norte da Nigéria), foi capturado por homens armados que atacaram a casa paroquial às primeiras horas da manhã. De acordo com a arquidiocese de Kaduna, os bandidos fizeram ainda um número indeterminado de outros reféns; e durante o ataque mataram Gideon Markus, irmão de um outro clérigo da Paróquia: o padre Anthony Yero.
“Convidamos todos os homens e mulheres de boa vontade a unirem-se a nós para garantir a libertação segura de todos os sequestrados o mais rapidamente possível”, lê-se num comunicado assinado pelo chanceler da arquidiocese de Kaduna, padre Christian Okewu Emmanuel.
Apesar dos rumores que circularam (e circulam ainda) em diversas plataformas dos media e das redes sociais, o padre Bobbo Paschal não foi assassinado. A este respeito, afirma o padre Christian: «Rejeitamos esses relatos [de que foi assassinado], pois são completamente falsos e infundados. Na verdade, o padre Paschal continua vivo e as autoridades estão a fazer todos os esforços para garantir a sua libertação em segurança».
A Arquidiocese pede ao público, blogueiros e utilizadores das redes sociais para que não divulguem informações não confirmadas, dado que pode “causar pânico desnecessário, angústia à família do padre e dificultar os esforços para garantir a sua segura libertação”.
A Arquidiocese agradece os fiéis pelo apoio e pede que as orações continuem “pela libertação do Padre Pascal e dos outros indivíduos que ainda estão nas mãos dos seus captores”.
Ainda outro caso: nas primeiras horas da manhã de 21 de Novembro, um grupo armado em sessenta motocicletas e carros invadiu a Escola Primária e Secundária Católica de Santa Maria, na comunidade de Papiri, Estado de Níger, também na região centro-norte da Nigéria.
Um comunicado da diocese de Kontagora, assinado pelo secretário diocesano, Jatau Luka Joseph, revela que um membro da equipa de segurança ficou gravemente ferido neste ataque. “A Diocese de Kontagora condena veementemente o ataque e expressa profunda preocupação com a segurança das crianças sequestradas e das suas famílias”, diz o comunicado enviado à agência noticiosa FIDES. “As autoridades foram imediatamente contactadas e iniciaram já esforços coordenados para garantir o retorno seguro dos reféns”.
O bispo D. Bulus Dauwa Yohanna acredita que os sequestradores são quase de certeza criminosos que buscam ganho ilícito ao exigir um resgate pela libertação dos jovens que capturaram.
Entretanto, um segundo comunicado enviado à agência FIDES pela diocese de Kontagora nota que cinquenta das crianças sequestradas conseguiram escapar e já se encontram junto das suas famílias. De acordo com a Diocese, “dos 315 alunos sequestrados, 265 permanecem em cativeiro”.
A escola tem um total de 430 alunos do Ensino fundamental (377 internos e 53 externos). O Ensino médio é composto por 199 alunos, incluindo 85 internos e 14 externos. “Estes detalhes são importantes”, enfatiza o comunicado, “para ajudar o público a entender a dimensão do incidente e os extensos esforços em andamento para localizar cada criança e funcionário desaparecidos”.
“Continuamos totalmente comprometidos com o resgate seguro daqueles que ainda estão em cativeiro. Continuamos a colaborar com as autoridades e as partes interessadas relevantes e pedimos ao público que permaneça calmo, em oração e solidário, enquanto os esforços progridem”, conclui o texto.
Também o Papa condenou a vaga de sequestros e ataques contra igrejas e escolas, que nos últimos dias afectaram aquela região africana. «Recebi com imensa tristeza as notícias dos sequestros de sacerdotes, fiéis e estudantes na Nigéria e nos Camarões. Sinto uma dor profunda, sobretudo pelos muitos rapazes e raparigas raptados e pelas suas famílias angustiadas», disse Leão XIV, após a recitação do Ângelus, na Praça de São Pedro.
Joaquim Magalhães de Castro

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