Abraço invisível.
A festa de Nossa Senhora Auxiliadora dos Cristãos foi ontem celebrada na paróquia de Fátima, em Macau, e sob a designação de Nossa Senhora de Sheshan, na China continental. Recordamos a ligação do dia 24 de Maio à Carta aos Católicos Chineses, publicada em 2007 pelo então Papa Bento XVI, o papel de Dom Bosco na propagação desta devoção mariana pelo mundo e o milagre da batalha de Lepanto em 1571.
A comunidade da paróquia de Fátima celebrou ontem a festa de Nossa Senhora Auxiliadora dos Cristãos, com missa matinal dedicada à Igreja Católica na China, pelas 7 horas e 10.
De noite, após uma introdução sobre a realidade da Igreja na China, foi rezada uma oração especial, também na igreja de Nossa Senhora de Fátima, com três intenções pela unidade dos cristãos na China, pelo sofrimento dos fiéis chineses que são perseguidos e pela conversão dos não-crentes.
A celebração terminou com o Santíssimo Sacramento em procissão desde a igreja da paróquia até ao Colégio Diocesano de São José, edifício nº 5, regressando ao local de partida. Após o Santíssimo Sacramento ter entrado na igreja, observou-se um momento de silêncio e adoração, com oração em honra de Nossa Senhora de Sheshan, padroeira da diocese de Xangai, também celebrada ontem no interior da China.
Para o pároco José Ángel Castellanos, a festa de Nossa Senhora Auxiliadora dos Cristãos tem grande importância para os católicos de Macau, ao permitir que «sintam e tenham consciência da oração, em especial pela Igreja na China e por toda a Igreja universal».
Já quanto a Nossa Senhora de Sheshan, sublinhou que se traduz na «preocupação maternal da Virgem para todos os chineses», pois «dá mostras da sua preocupação pela salvação de todos os humanos e para a paz na China e no mundo».
O dia 24 de Maio, dedicado à memória litúrgica da Virgem Maria Auxiliadora dos Cristãos, igualmente venerada no santuário mariano de Sheshan, no distrito de Songjiang, em Xangai, é uma data importante para os fiéis chineses desde que o Papa Bento XVI lançou o Dia Mundial de Oração pela Igreja na China, na sua Carta aos Católicos Chineses em 2007.
Na ocasião, o então Sumo Pontífice pediu aos católicos chineses para a ele se unirem em oração, de modo a fortalecerem a unidade, a amarem e rezarem pelos perseguidores e a receberem a fraterna solidariedade e solicitude das igrejas do mundo inteiro.
Na Carta referiu ainda que Nossa Senhora de Sheshan encoraja o compromisso daqueles que na China, entre quotidianas fadigas, procuram, esperam e amam, e que nunca temam em falar de Jesus ao mundo e do mundo a Jesus. Bento XVI pediu também à Virgem que ajude os católicos chineses a serem sempre testemunhas credíveis deste amor, mantendo-se unidos à rocha de Pedro sobre a qual está edificada a Igreja.
Ao longo dos anos, a polícia chinesa tem vigiado de perto a basílica de Sheshan em Xangai, com receio de que muitas pessoas se juntem à celebração. O culto religioso tem-se estendido a outras partes do País, por meio da oração no seio das comunidades católicas.
SALESIANOS
O antigo superintendente do Colégio Yuet Wah, padre Francis Hung, recordou a’O CLARIM que no século XIX, no tempo de Dom Bosco, fundador da congregação salesiana, a Igreja passava por muitas dificuldades.
«O nosso fundador propagou esta devoção a Nossa Senhora Auxiliadora dos Cristãos por todo o mundo [ao fundar as Filhas de Maria Auxiliadora em 1872]», disse o sacerdote, acrescentando que em 1852 Dom Bosco mandou construir uma igreja em Turim (Itália) dedicada à Virgem Maria Auxiliadora dos Cristãos, dado que nos momentos difíceis que a Igreja atravessava era necessário que Nossa Senhora ajudasse à preservação da fé cristã, tal como sucedera em Lepanto, Viena, Savona e Roma.
Batalha de Lepanto (Caixa)
A crença em Nossa Senhora foi decisiva para a vitória da frota cristã, organizada pelo Papa São Pio V e comandada pelo Príncipe D. João da Áustria, perante as forças muçulmanas que ameaçavam invadir a Europa e subjugá-la ao Império Otomano. Tratou-se da Batalha de Lepanto, ocorrida a 7 de Outubro de 1571, no mar da Grécia. Após receberem a santa eucaristia, os soldados iniciaram a luta, invocando o nome de Maria, Auxiliadora dos Cristãos. Saíram vitoriosos passadas três horas, numa batalha que se tornou decisiva para estancar a ameaça otomana.
PEDRO DANIEL OLIVEIRA