«Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância» (João, 10:10)
Caros Irmãos e Irmãs em Cristo,
Este é um ano muito especial, porque todos os países no mundo se preocupam com o impacto, em diferentes níveis, que a pandemia da COVID-19 nos trouxe. Além disso, continuam a se espalhar guerras e lutas entre nações e raças; o uso da religião como disfarce para criar conflitos; descontentamento em diversos sectores da sociedade; o desprezo pela vida com suicídios entre a camada jovem. Calmamente, chegamos ao Natal cheios de alegria e paz. É um forte contraste. Então esperemos com confiança e voltemos para a manjedoura que temos em Macau para receber o nosso Salvador, Jesus Cristo: “Verdadeiramente grande é o valor da vida humana, se o Filho de Deus a assumiu e fez dela o lugar onde se realiza a salvação para a humanidade inteira!”. (1)
A Sabedoria de Deus é um mistério maravilhoso. Talvez não percebamos porque é que temos que ser ameaçados pelas angústias, de modo que duvidamos que a vida é um dom divino e se torna triste e sombria. Porém, mediante a Salvação através da encarnação, paixão, morte e ressurreição de Cristo, o valor da vida restaurou e foi elevado para um auge nunca antes atingido na espera da graça de vida eterna. (2)
O nascimento do nosso Salvador Jesus Cristo diz-nos que a vida humana é um dom de Deus, e a dignidade da vida humana provém do amor de Deus. Para divulgar e lembrar o valor da vida humana e preservar a sua dignidade, a Comissão Diocesana para a Vida organizará no ano que vem uma série de actividades para cuidar das necessidades das pessoas nas várias etapas da vida, nomeadamente:
- “Semana da Defesa da Vida” para as pessoas compreenderem os mistérios da criação da vida humana, valorizando-a com dignidade;
- “Workshop de Instrução Dignitas Personae” para abordar e reflectir as questões éticas da vida através de notícias recentes;
- “3º Curso Básico da Teologia do Corpo” para discutir a reacção do corpo humano aos planos de Deus, assim como a organização de conferências de educação sexual;
- Organização de convívios com os irmãos físico-deficientes para compartilhar com eles a dificuldade da vida;
- “Workshop para as pessoas que sofreram aborto espontâneo” para atender às suas necessidades espirituais;
- Organização de aulas de primeiros socorros de saúde mental, para atender aos problemas mentais surgidos com a pandemia;
- Colóquios para familiares de idosos, a fim de apreenderem os devidos cuidados, por forma a proporcionarem aos seus familiares serviços de boa morte com uma confiança positiva em Deus.
A vida é o dever que Deus nos confia. Desde o princípio até ao fim, a vida é sagrada e inviolável; pois a vida pertence a Deus e está sob a protecção especial d’Ele, sem que ninguém possa destruir, abandonar ou dispor da própria ou a de outros. Pelo contrário, devem promovê-la activamente, cultivando atitudes e comportamentos para a servir. É precisamente nesta perspectiva tão positiva que “se estabelece uma nova cultura da vida humana”. E nós é que devemos assumir esta missão da vida humana que será cumprida por meio de serviços de caridade que nos leva a “cuidar de todas as vidas humanas e a de cada um de nós”. (3)
Quando o Anjo apareceu, disse aos pastores de Belém: «Eis que vos anúncio uma boa nova que será alegria para todo o povo: hoje nasceu na cidade de David um Salvador que é o Cristo Senhor» (Lucas, 2:10-11). Participemos mais nas actividades acima referidas para examinar se estamos a cumprir suficientemente bem a cultura da vida e para divulgar esta grande notícia na nossa família, no trabalho e nos círculos sociais.
Convido-vos para suplicar com toda a confiança a Maria, Mãe da Vida na manjedoura. Na luta prevista no Livro do Apocalipse entre a Mulher, que ia gerar o filho que estava para nascer, e o dragão que queria devorar a vida do Menino, tomamos consciência de que a vida está sempre no centro desta grande luta. No entanto, na relação mútua da Mãe de Jesus e Mãe de todos os homens, a Igreja encontrou a fonte da imensa esperança. Nesta peregrinação difícil, Maria é a “palavra da vida que nos consola”. (4)
Tomámos conhecimento de que a 8 do corrente mês, Festa da Imaculada Conceição, Sua Santidade Papa Francisco convocou o “Ano de São José”, no sentido de incrementar o nosso amor para com o Santo, encorajando-nos a recorrer ao seu auxílio e imitar as suas virtudes e fervor. Devemos confiar com piedade filial a obra da vida a Maria e José na manjedoura.
+ D. Stephen Lee
Bispo de Macau
Notas:
(1) “Evangelium Vitae”, 33.
(2) “Catecismo no Evangelium Vitae”, 2.
(3) “Catecismo no Evangelium Vitae”, 4.
(4) “Evangelium Vitae”, 104