LUXEMBURGO: UM EXEMPLO COMO HÁ POUCOS

LUXEMBURGO: UM EXEMPLO COMO HÁ POUCOS

Quando um monarca protege o Catolicismo

Apesar de ter visitado o Luxemburgo por inúmeras vezes, nos últimos trinta anos, nunca reparei que o País tivesse uma tradição religiosa tão enraizada. De acordo com números tornados públicos, em resultado de vários estudos, mais de três quartos da população declara-se crente e praticante, sendo que os cristãos, principalmente os católicos, constituem a maioria da população e são praticantes assíduos.

Começando pelo Grão Duque Henri (Henri Albert Gabriel Félix Marie Guillaume), católico romano e praticante declarado, não é de estranhar que com o apoio da Casa Real haja igrejas por todo o País. Desde tempos imemoráveis que os senhores deste burgo, assim como muitos dos seus nobres, têm patrocinado a construção de diversos templos em todas as suas localidades.

São numerosos os locais destinados ao culto religioso, encontrando-se muitos deles edificados em fabulosas paisagens. Daí que ocupem lugar de destaque em todo o Grão-Ducado.

Especialmente aos fins-de-semana é comum ver os fiéis a reunirem-se em belas igrejas, basílicas e abadias nas cidades com mais população. Também nas localidades mais pequenas é possível deparar com muitas igrejas paroquiais, detentoras de uma arquitectura notável e interiores solenes, e com congregações numerosas e muito activas.

A vida dos católicos luxemburgueses é marcada por celebrações religiosas durante todo o ano. A procissão dançante de Echternach ou a peregrinação da Oitava, na Cidade do Luxemburgo, são apenas alguns exemplos dos muitos eventos religiosos sobre os quais vos iremos falar em 2022.

Relativamente às igrejas e outros templos, a quantidade é tanta que há para todos os gostos! Hoje venho falarmos de uma igreja circular, localizada na cidade de Ehnen, sobranceira ao Rio Moselle, no coração da região vitivinícola com o mesmo nome. Ficou-me pois na memória, após um passeio recente pela região. O templo – único no Luxemburgo – é de arquitectura simples, como se pode ver na fotografia que acompanha este texto. Infelizmente, é escassa a informação disponível sobre esta igreja.

As restrições relativas ao Covid-19 não permitem entrar em igrejas e noutros locais do género fora dos horários de culto, pelo que não nos foi possível visitar a igreja, nem houve quem nos desse detalhes sobre a sua construção, bem como sobre a construção do resto da cidade de Ehnen. Ainda pesquisámos na Internet, mas só conseguimos descobrir algumas fotos do seu interior. Ainda assim, deu para percebermos que o altar principal é encimado por uma cruz (suspensa), albergando a nave principal várias fiadas de bancos reservados aos fiéis. A sua capacidade deve rondar uma centena de pessoas, o que deverá ser suficiente para uma cidade que tem pouco mais de dois mil habitantes e onde há outras igrejas.

Quanto a Larochette, a tal cidade onde iremos viver, como vos dissemos na crónica da semana passada, está dotada de uma imponente igreja paroquial, situada mesmo no centro urbano. É em redor desta igreja que a comunidade se organiza e participa nas festas religiosas.

A igreja paroquial de Santo Donato – é assim que se denomina – está localizada na Praça Bleech. Foi construída, entre 1860 e 1862, pelo arquitecto do Grão-Ducado, Charles Arendt, que lhe deu um aspecto austero e pesado, embora se enquadre muito bem na panorâmica envolvente. No interior, para além de mobiliário antigo, destacam-se várias estatuetas de excelente qualidade. Os frescos do coro são obra de Nicolas Brucher, um artista luxemburguês que viveu entre 1874 e 1957, e que deixou uma extensa colecção no campo da pintura religiosa, cujo valor atinge frequentemente preços bastante elevados em leilões da especialidade.


A igreja de Santo Donato de Larochette esteve fechada até muito recentemente para obras de manutenção. O arrastar das obras causou alguma insatisfação na comunidade local, que se viu privada do seu principal local de culto. Entretanto, já foi reaberta aos fiéis e turistas, sendo celebrada Missa duas vezes por semana, às quartas-feiras e aos Domingos. A Missa Dominical tem a particularidade de ser também celebrada em Português.

Durante as referidas obras, os fiéis deslocavam-se à igreja mais próxima, em Heffingen, dedicada a São Matias. Estamos a falar numa distância de apenas quatro quilómetros entre Larochette e Heffingen.

Durante a época de Natal que findou há dias, todas as igrejas e afins deveriam ter estado engalanadas e repletas de actividade e alegria. No entanto, há já dois anos que a pandemia vem travando este tipo de iniciativas, tornando as celebrações religiosas menos efusivas.

Recordo-me de visitar o Luxemburgo nesta época do ano e ficar encantado com toda a alegria que se podia respirar. A visita às igrejas eram uma experiência única, que a todos deixava maravilhados, não só pelas decorações como pelo ambiente festivo-religioso que se fazia sentir. Era uma energia positiva que tudo e todos contagiava.

Tenhamos esperança que momentos de alegria como estes voltem a ser uma realidade em 2022. E nós cá estaremos atentos para vos dar conta, dentro das nossos limitações logísticas, das actividades da Igreja Católica no Luxemburgo, nomeadamente aquando das datas mais importantes do Calendário Litúrgico, sejam de âmbito local, regional ou nacional.

João Santos Gomes

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