Maestro Aurelio Porfiri entre os dez mais influentes do mundo
O colaborador d’O CLARIMpontifica ao lado de cientistas, activistas dos Direitos Humanos e de líderes religiosos e políticos. A revista norte-americana Inside the Vaticanconsidera que o maestro, compositor e escritor italiano Aurelio Porfiri, que viveu e trabalhou em Macau entre 2008 e 2015, foi uma das dez pessoas mais influentes do mundo em 2021.
A Inside the Vaticancoloca o maestro Aurelio Porfiri ao lado de personalidades como o Presidente da República da Polónia, Andrzej Duda, ou o cardeal libanês D. Béchara Boutros Raï, o patriarca da Igreja Siríaca Maronita de Antioquia.
A publicação, que tem como director Robert Moynihan, considera que Aurelio Porfiri tem desenvolvido “um trabalho intensivo para defender a tradição da fé nos tempos de hoje” e defende que o compositor e maestro italiano “se tornou um ponto de referência para os católicos em Itália e em todo o mundo”. A revista vai mais longe e considera que a Igreja Católica tem uma dívida de gratidão para com Aurelio Porfiri “pelo trabalho que ele está a fazer com grande paciência e com grande atenção para o detalhe” em domínios como a defesa do património e da tradição musical da Igreja.
Colaborador d’O CLARIMhá vários anos, Aurelio Porfiri manifesta surpresa por ter sido incluído numa lista que integra líderes políticos e religiosos, cientistas, médicos e activistas dos Direitos Humanos. O compositor, que em Macau foi responsável pelos Coros Infantis do Colégio de Santa Rosa de Lima e da Escola de Nossa Senhora de Fátima, sustenta que o que não falta são pessoas que desenvolvem um trabalho bem mais influente, mas considera, ainda assim, que a distinção constitui um reconhecimento. «Não fiquei surpreendido. Fiquei muito, mas mesmo muito surpreendido quando me disseram. Acho que há pessoas bem melhores que eu que poderiam ter sido incluídas nessa lista», salienta Aurelio Porfiri. «Honestamente, não me parece que eu possa ser tão influente como alguns dos outros nomeados. Acho, no entanto, que a inclusão nesta lista é um reconhecimento pelo esforço contínuo que eu tenho vindo a desenvolver na defesa de certas ideias», acrescenta o maestro.
Compositor prolífico, Aurelio Porfiri publicou mais de duzentas composições musicais em países e territórios como Macau, Itália, Estados Unidos, Alemanha e França. Ao trabalho de criação no mundo da música, o músico italiano, de 53 anos, junta ainda a autoria de mais de sessenta livros e a colaboração com dezenas de jornais, revistas e publicações digitais. O reforço, ao longo dos últimos anos, da presença nas redes sociais poderá ter sido, de resto, o que chamou a atenção dos responsáveis da Inside the Vatican. «Deixei Macau há sete anos e, desde então, fiz muitas coisas e muitas mais há para fazer. Tenho-me concentrado na escrita e na composição, mas nos últimos anos também desenvolvi a minha presença nas redes sociais e, provavelmente, foi isto que chamou a atenção da revista», reconhece Porfiri.
A pandemia de Covid-19 e as medidas de contingência adoptadas por Itália na primeira metade de 2020 contribuíram, em grande medida, para uma aposta mais aprofundada em plataformas digitais como o Facebook, o YouTube ou o Twitter. O confinamento de centenas de milhares de pessoas em Roma, cidade onde Aurelio Porfiri vive e trabalha, inspirou-o a criar um fórum digital. A plataforma depressa se tornou “hub” de discussão sobre as grandes questões da Igreja, e também de tópicos tão diversos como geopolítica, estreias de cinema ou mesmo discos voadores. «A pandemia afectou-me pessoalmente de uma forma muito profunda. Como sabe, Itália foi fortemente afectada e ainda continua a ser. A pandemia de Covid-19 mudou a minha perspectiva em relação a vários assuntos», explica. «Durante o confinamento a que fomos sujeitos, ocorreu-me a ideia de recorrer às tecnologias modernas e ao poder das redes sociais. Criei uma série de transmissões que são divulgadas no YouTube, no Facebook, no LinkedIn e no Twitter. Discuto, habitualmente com convidados, sobre diversos tópicos, nem sempre relacionados directamente com a religião. A maior parte das vezes, no entanto, é isso que acontece. Debatemos assuntos e questões que dizem respeito à Igreja Católica, mas também já discutimos séries da Netflix, geopolítica ou discos voadores», sublinha Porfiri.
A iniciativa foi tão bem recebida que o músico e compositor promove actualmente três debates semanais, dois em língua italiana e um em língua inglesa. Pelo fórum digital já passaram autores, cientistas, artistas e membros de diferentes congregações religiosas. Sobre a mesa, velhas e novas questões, da dignidade da Liturgia Católica, ao impacto da pandemia de Covid-19 na vida da Igreja: «A pandemia veio exponenciar alguns problemas que já se estavam a desenvolver há vários anos. Em Itália, o número de pessoas que deixaram de frequentar a Igreja é bastante preocupante. Talvez estejamos a assistir a uma mudança de paradigma».
O protagonismo alcançado nas redes sociais ao longo dos últimos dois anos não afastou Aurelio Porfiri daquele que é o seu maior interesse: a música litúrgica e a tradição musical da Igreja. Actualmente, continua a escrever e a compor quase compulsivamente. A sua última obra foi publicada recentemente nos Estados Unidos. «Tenho uma série de projectos em mãos. Gostava apenas de referir o livro que assinei em co-autoria com o bispo Athanasius Schneider sobre a Missa Católica. Este livro acabou de ser lançado nos Estados Unidos», remata Porfiri.
Marco Carvalho