«O Governo Central fez da Grande Baía uma prioridade»
O princípio “Um País, Dois Sistemas” é o principal sustentáculo do projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e vai ajudar a transformar a região do Delta do Rio das Pérolas na mais próspera área metropolitana do mundo, defendeu quarta-feira, na Universidade de Macau, Lao Ngai Leong.
O empresário e filantropo foi distinguido com o grau de doutor “honoris causa” pela UM, e na palestra que foi convidado a proferir, à margem da cerimónia de entrega da distinção, o também deputado à Assembleia Popular Nacional abordou as oportunidades estratégicas e os desafios que se colocam ao território, tanto no âmbito da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, como do projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau.
Numa intervenção de cerca de duas horas, em que se dirigiu especificamente aos alunos da Universidade de Macau e às novas gerações da RAEM, Lao Ngai Leong explicou que o primeiro passo na dinamização dos dois mega-projectos foi dado há vinte anos, com a transferência de administração entre Portugal e a República Popular da China. «O regresso de Macau à soberania chinesa fez do território um lugar melhor. Uma das razões pelas quais as condições melhoraram em Macau foi porque a segurança melhorou substancialmente e o ambiente de negócios também melhorou», disse.
Nascido na Indonésia, mas com raízes familiares na região de Chaozhou, na vizinha província de Cantão, Lao defendeu ainda que as gerações mais jovens não devem ter vergonha de ver a prosperidade associada à indústria do jogo. «Os jovens não devem ter vergonha do facto do território obter grande parte das suas receitas da indústria do jogo. Devem ter orgulho nisso. No entanto, Macau não deve estar refém de uma única indústria e deve diversificar o seu perfil económico», avisou o empresário, que tem assento na Assembleia Popular Nacional há cinco mandatos consecutivos.
A via rápida para a diversificação, acrescentou Lao, abriu-a o Governo Central com a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” e com o projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. O mesmo considera que a RAEM deve saber tirar proveito do estatuto de Centro Mundial de Turismo e Lazer, da qualidade de plataforma comercial e económica para os Países de Língua Portuguesa, e ainda da aposta feita por Pequim na transformação de Macau de um trampolim para a promoção, a nível internacional, da Medicina Tradicional Chinesa.
Já no capítulo da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, Lai Ngai Leong sublinhou que a pluralidade de realidades políticas e económicas que estão inerentes ao projecto constitui uma vantagem competitiva e vai contribuir para que a região da Grande Baía se torne a área metropolitana mais próspera do mundo. «O Governo Central fez da Grande Baía uma prioridade e vai dotar este projecto de condições que as outras regiões de baía não têm. As outras regiões de baía não têm a política “Um País, Dois Sistemas” e nós temos. Este projecto abrange três formas diferentes de se estar no mercado e temos todas as condições para construir uma grande área metropolitana internacional, com cidades de topo a nível mundial», afirmou.
No entanto, Lai reconhece que para a missão de Macau no âmbito da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” e do projecto da Grande Baía ser bem sucedida, o território tem primeiro que dar resposta a uma série de desafios, dos quais a circulação de pessoas, a agilização das redes de transportes e a formação de quadros qualificados são os mais prementes.
Marco Carvalho