Não foi preciso ver para crer
Recentemente, a 20 de Fevereiro, a Igreja Católica celebrou a festa litúrgica dos santos Francisco e Jacinta Marto. Na passada edição, noticiámos as futuras celebrações a terem lugar no Santuário de Fátima e esboçámos um breve retrato sobre os santos meninos e o fenómeno de Fátima. Hoje, reproduzimos o testemunho da sobrinha dos Pastorinhos, Jacinta Marto Pereira, à Agência Católica de Informações (ACI), em Abril de 2017, no ano das celebrações do Centenário das Aparições de Fátima.
A Mãe de Deus, para além de ser Mãe do Senhor, é Mãe da Igreja, e nossa Mãe Santíssima. Foi nos dada por Jesus aos pés da Cruz, e desde aquela hora abraçou-nos a todos para a eternidade. Entre as suas aparições ao longo dos séculos, ainda em vida, conta-se uma a São Tiago, tendo realizado uma bilocação. Apareceu-lhe na região de Caesaraugusta em Espanha, hoje Saragoça (em Espanhol, Zaragoza), acompanhada por um coro de anjos. Esta aparição é conhecida como a de Nossa Senhora do Pilar.
As aparições de Nossa Senhora são prova do seu amor e do amor de Deus para com cada um de nós, e imagem viva de uma Mãe Santa que luta pela salvação das almas. Pela fé, pela Tradição da Igreja e o Seu Magistério, e pelos testemunhos analisados, estudados e comprovados, não restam dúvidas que Deus também nos continua a falar em nome da Santa Mãe e nos mostra a importância de estarmos unidos a Maria Santíssima, ao encontro do Filho.
No dia 13 de Maio de 1917, a Virgem apareceu pela primeira vez aos Pastorinhos de Fátima, Lúcia dos Santos, Jacinta e Francisco Marto.
Em entrevista à Agência Católica de Informações, Jacinta Marto Pereira, sobrinha dos santos Jacinta e Francisco, assegurou que Deus escolheu os seus tios porque Ele quis, mas «não merecíamos nada».
A família viveu sempre a Graça com humildade e simplicidade, como lembrou Jacinta Pereira: «Os meus avós e os meus pais, todos nós sempre o aceitámos como um dom de Deus. Deus escolheu os meus tios, porque Ele quis, tanto que o meu avô dizia que a Virgem queria vir a Fátima e havia escolhido os seus filhos, mas nós não merecíamos nada. Portanto, sempre vivemos com muita simplicidade porque Deus escolheu e escolhe quem Ele quer».
Jacinta Marto Pereira, aos 74 anos – à data da entrevista – falava do seu sentimento sobre a iminente celebração do Centenário das Aparições de Fátima. «Sinto uma grande alegria, naturalmente, mas esta festa não é somente da família, é de Portugal e do mundo inteiro, porque Nossa Senhora veio ao mundo. E eles são uma mensagem para o mundo», disse, acrescentando: «Às vezes pergunto-me como duas crianças de sete e nove anos conseguiram captar e responder ao mesmo tempo à mensagem de Deus».
Jacinta Pereira sublinhou que «a mensagem de Fátima recorda-nos que a Virgem veio para que voltemos a Deus, para que não esqueçamos que Deus nos ama, mas que devemos louvá-Lo e devemos ser gratos a Ele», acentuando que «a Virgem não pediu muitas coisas que não possamos fazer. Ela pediu para que se reze o Rosário. E Nossa Senhora havia pedido para rezá-lo – segundo dizia a própria Lúcia – porque era uma oração fácil para todos, pois pode ser rezado na igreja, caminhando, no carro… Em qualquer lugar existe a possibilidade de rezar o Rosário».
Durante a conversa, a sobrinha dos Pastorinhos revelou que procura rezar o Terço todos os dias, e apelou aos que não conseguem rezá-lo para que rezem pelo menos uma Avé Maria e um Pai Nosso – para louvar a Virgem Maria e para agradecer a Deus o ser nosso amigo.
Jacinta Pereira é filha de João, irmão dos Pastorinhos Jacinta e Francisco, tendo nascido na mesma casa dos tios. «O meu pai era dois anos mais velho que o Francisco e também teve o privilégio de estar na aparição de Valinhos(Valinhos está localizado perto do Santuário e foi o lugar da quarta aparição da Virgem Maria, a 19 de Agosto de 1917)», recordou.
Entretanto, afirmou: «o meu pai estava lá, mas não viu nada. Estiveram apenas Francisco, Jacinta e Lúcia e o meu pai, mas ele disse que por mais que abrisse os seus olhos e olhasse, não conseguiu ver nada».
Segundo Jacinta Pereira, os seus avós (pais de Jacinta e Francisco) «não entendiam as coisas(…). Então pensaram que os seus filhos eram um pouco diferentes dos outros, mas não sabiam exactamente de que maneira». Apesar disso, «o meu avô sempre acreditou», completou.
«Jacinta foi a primeira a dizer que Nossa Senhora havia aparecido. E quando perguntavam aos pais sobre o sucedido», estes respondiam: «os meus filhos não são mentirosos, eu os eduquei, portanto, se dizem que a viram, eu acredito que a viram».
Embora o avô nunca tenha visto a Virgem Santíssima, a neta guarda na memória a presença do patriarca da família em algumas aparições. Embora afirmasse que nada via, percebia que algo estava a acontecer, pois escutava um som, como se fosse uma abelha num cântaro, dentro de um recipiente. O avô foi uma das muitas pessoas que testemunhou o Milagre do Sol, que se deu depois da última aparição da Virgem Maria aos Pastorinhos. Na ocasião, foi possível ver o Sol mexer-se como se estivesse a “dançar”, de acordo com relatos da época. Segundo o jornal Século, aproximadamente setenta mil pessoas presenciaram o impactante Milagre do Sol.
A sobrinha dos Pastorinhos tem a uma certeza: «Jacinta e o meu tio protegem-me». Neste contexto, concluiu dizendo: «Eu não sou ninguém, sou pecadora como todos, mas acho que me protegem; sinto que eles me protegem, e Nossa Senhora também!».
Miguel Augusto
com Acidigital