O movimento Woke
A palavra “woke” (acordado, consciente) começou a ser utilizada na luta afro-americana contra o racismo, tendo sido no final da década de 2010 amplamente associada a causas de políticas de esquerda progressistas, socialmente liberais, como o feminismo, o activismo LGBT e outras questões culturais, recorrendo aos termos “woke culture” e “woke politics”. Será então uma espécie do “politicamente correcto” para controlar a linguagem em forma de “cultura de cancelamento”.
O movimento Wokenão é relativista mas autoritário, considera o adversário não só como estando errado, mas como alguém que encarna o mal, um inimigo a abater, pois só se pode confiar nos fiéis especialistas do politicamente correcto. Este movimento não dialoga, estigmatiza.
O seu objectivo, declarado ou não, é o completo desmantelamento da cultura ocidental. Sobre as cinzas do humanismo secular nos últimos 70 anos, gerador dum absurdo vazio existencial, o “wokeísmo” desenvolveu uma nova visão da realidade desfigurando raízes e culturas. É uma entidade não linear, um movimento cultural, uma ideologia dinâmica e um jogo de poder em si, sob o disfarce de proteger vozes marginalizadas.
O “wokeísmo” não tem líder, nem centro, nem fronteiras, move-se como uma onda gigantesca por todas as facetas da cultura ocidental, moldando e redefinindo a sociedade à sua medida. Tomou as redacções de jornais, as ondas da rádio, os canais televisivos, os departamentos de recursos humanos, os media e tornaram-se o centro dos temas de filmes.
A suspeita que se espalha sobre quem nega o politicamente correcto conduz à sua marginalização, a ser silenciado, demonizado e até ser expulso de seu trabalho ou Universidade, numa palavra: CANCELADO.
Disfarçado sob a forma de compaixão e justiça, é portador duma ideologia incompatível com os valores ocidentais e incongruente com a cosmovisão cristã. Se não for controlada, esta nova religião pode levar a uma completa anulação da cultura ocidental, enfraquecendo nações, tradições, valores e democracias.
Foi o Cristianismo que veio defender a consciência individual contra a colectiva, que abriu caminho para os Direitos Humanos, lançando pela primeira vez as sementes da tolerância religiosa ocidental, na implementação de sucessivos movimentos sociais, o que possibilitou ao Ser Humano ser tratado com igualdade, dando um sentido divino à Humanidade.
Urge que compreendamos este jogo da ditadura “woke”, sejamos corajosos e não chamemos mentira à Verdade, ou verdade à mentira, que não entremos em consensos com esta cultura de cancelamento, não assumamos a culpa que nos queiram imputar, não cedamos a chantagens de controlo do pensamento, nem deixemos que com o nosso silêncio esta estratégia cultural extinga a nossa Cultura e Humanidade.
Susana Mexia
Professora