Perseguição e paz: Sisto II e Dionísio
SÃO SISTO II
(30.VIII.257 – 6.VIII.258)
O 24.º Romano Pontífice era de nacionalidade grega. A sua mansidão permitiu resolver os diferendos que tinham surgido dos três pontificados anteriores (Cornélio, Lúcio I e Estevão I). O Papa anterior, Estevão I, tinha ameaçado excomungar aqueles que seguiam São Cipriano que, como vimos na última vez, insistia em que as pessoas baptizadas por hereges fossem baptizadas de novo. São Firmiliano de Antioquia e São Dionísio de Alexandria tinham ambos escrito ao Papa Estevão, pedindo clemência. São Dionísio de Alexandria escreveu também uma carta ao Pontífice seguinte, o Papa Sisto, que atendeu ao apelo. O Santo Padre manteve a doutrina de que não era necessário um novo baptismo, mas não excomungou as igrejas africanas e asiáticas que seguiam São Cipriano.
A perseguição do imperador Valeriano obrigou o Papa a transferir os serviços litúrgicos das Catacumbas de Calisto (que os funcionários do Governo conheciam) para o Cemitério de Praetextatus, do outro lado da Via Ápia. Este parece ter sido um cemitério privado. No entanto, foram descobertos e o Papa Sisto foi preso com os seus arquidiáconos.
“Segundo a tradição, a cena comovente entre Sisto e o seu diácono-mor, São Lourenço, ocorreu nesta altura. Lourenço estava ausente quando a polícia fez a rusga. Ao saber da notícia, apressou-se a ir ao encontro do Papa e perguntou-lhe: «– Onde vais, padre, sem o teu filho? Onde vais, padre, sem o teu diácono?». O Papa Sisto respondeu: «– Meu filho, a ti não te abandono. Esperam-te lutas maiores. Pára de chorar; seguir-me-ás dentro de três dias» (Paul Allard, “Les dernières persécutions du troisième siècle”, pág. 91).
“E assim aconteceu. A polícia atacou São Lourenço e pressionou-o para que entregasse os tesouros da Igreja. São Lourenço aceitou levar o prefeito aos tesouros, e como o dinheiro de reserva da Igreja tinha sido distribuído aos pobres, Lourenço apontou os pobres como o tesouro da Igreja. O prefeito ficou desiludido” (JS Brusher e E Borden, “Popes Through the Ages”, pág. 48).
O Papa Sisto II foi martirizado no Cemitério de Praetextatus e sepultado nas Catacumbas de Calisto.
SÃO DIONÍSIO
(22.VII.259 – 26.XII.268)
A perseguição de Valeriano foi tão violenta que durante quase um ano não foi possível eleger um Papa. A crescente ameaça dos persas tirou a atenção de Valeriano e a perseguição abrandou. São Dionísio foi eleito Papa. Era um monge, segundo o Liber Pontificalis.
O persa Sapor derrotou Valeriano em 260. Valeriano foi sucedido pelo seu filho, Galiano, que tinha uma atitude simpática para com os cristãos. Emitiu um decreto de tolerância e até restituiu os bens da Igreja. Este facto fez com que o Pontificado do Papa Dionísio gozasse de relativa paz.
No entanto, o ataque dos persas afectou a Igreja no Oriente. Como tinham devastado a Capadócia, o Papa enviou-lhes uma carta para os consolar e uma quantia considerável de dinheiro como resgate pelos cristãos capturados e escravizados.
No plano doutrinal, o Papa Dionísio defendeu a doutrina das três Pessoas numa só Natureza Divina contra o bispo de Alexandria, também chamado Dionísio. Homem de boa índole, não era herege, mas impreciso na sua terminologia. Aceitou a correção do Santo Padre, que tinha escrito uma carta notável pelo seu conteúdo dogmático e que serviria de preparação para o Concílio de Niceia.
Na mesma altura, houve um desafio doutrinal maior na Ásia. Paulo de Samósata, bispo de Antioquia e tesoureiro do Governo Civil, negava que Jesus fosse o verdadeiro Deus. Os bispos da Ásia reuniram-se em Antioquia em 264 e condenaram os ensinamentos de Paulo. Enviaram uma carta ao Papa Dionísio e a Máximo, bispo de Alexandria, para os informar sobre o Concílio.
Pe. José Mario Mandía