Sempre Alerta, apesar das dificuldades
O Grupo de Escuteiros Lusófonos de Macau está a ser dirigido interinamente por uma das fundadoras do Agrupamento desde o final do ano passado, pelo que a saída de André Gonçalves não colocou em cheque o trabalho desenvolvido pelo organismo. O GELMac tem-se desdobrado em actividades e planeia fazer-se representar no maior evento internacional do movimento escutista. A edição de 2019 do Jamboree Mundial está agendada para o final de Julho e decorre no Estado norte-americano da Virgínia Ocidental.
Sem liderança, mas não necessariamente sem direcção.
A chefia do Agrupamento nº 341 do Corpo Nacional de Escutas (CNE) está desde finais do ano passado entregue, a título interino, a Celeste Costa. O novo elenco directivo do organismo só deverá ser eleito no fim do corrente ano. Apesar da saída de André Gonçalves, mantém-se a dinâmica do Grupo de Escuteiros Lusófonos de Macau (GELMac).
Desde o início de 2019, os escuteiros lusófonos do território já percorreram os trilhos de Coloane, visitaram a Quinta e Jardim Botânico Kadoorie, em Hong Kong, passearam alguns dos galgos que estão entregues ao cuidado da ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais, meteram mãos à obra no âmbito da empreitada de requalificação da sede do organismo e até ao final do ano são várias – e de monta – as iniciativas em que o GELMac deverá estar envolvido. Está já agendado um regresso a Hong Kong e nos planos dos responsáveis pelo Agrupamento está também a participação na 24ª edição do Jamboree Mundial, o maior evento organizado pelo movimento escutista internacional, explicou Celeste Costa em declarações a’O CLARIM. «Ainda este mês teremos uma nova actividade em Hong Kong, desta feita no Wetland Park, em Lantau. Em Abril, Coloane recebe a edição de 2019 do ACAGRU, o Acampamento de Agrupamento, e em Maio o grupo de Pioneiros vai acampar em Hong Kong», elencou a dirigente. «Em finais de Julho terá lugar, na Virgínia Ocidental, nos Estados Unidos, o 24º Jamboree Mundial, destinado a jovens escuteiros com idades compreendidas entre os catorze e os dezoito anos. Trata-se de um evento que se realiza de quatro em quatro anos e no qual temos vindo a participar de forma ininterrupta desde 1998», acrescentou.
O GELMac – um dos três agrupamentos da diáspora afiliados ao Corpo Nacional de Escutas – estreou-se em “jamborees” um ano depois de ter sido fundado e a tradição iniciada com a deslocação ao Chile, no final de 1998, é para continuar, ainda que a presença na costa leste dos Estados Unidos envolva custos que se afiguram quase incomportáveis para o GELMac. «É longe e é caro, mas é também uma oportunidade única para os escuteiros – apenas podem participar uma única vez enquanto membros do movimento escutista –, pelo que iremos trabalhar para que um pequeno grupo dos Pioneiros possa lá estar a representar Macau e o GELMac», adiantou Celeste Costa.
O Agrupamento tem matriz portuguesa, mas num território plural como Macau o GELMac há muito que deixou de ser um reduto exclusivo da Lusofonia. Entre os 35 elementos que integram actualmente as suas várias secções estão crianças e jovens de pelo menos seis nacionalidades. «Contamos actualmente com 35 escuteiros, entre os quais se encontram portugueses, chineses, macaenses, brasileiros, cabo-verdianos, filipinos e até uma jovem mongol», assinalou a chefe interina e uma das fundadoras do movimento há 22 anos. «Neste momentos todas as secções – Lobitos, Exploradores e Pioneiros – têm um adulto como Chefe de Secção e outros adultos voluntários que ajudam quando é preciso. São cerca de uma dezena no total».
Apesar da natureza multicultural do GELMac, Portugal e o Corpo Nacional de Escutas continuam a ser a sua grande referência, em termos de formação e de práticas escutistas. As relações com o CNE, garantiu Celeste Costa, «são as melhores» e o acolhimento dado em Portugal aos escuteiros da RAEM que participam, de três em três anos, nos Acampamentos Nacionais, dificilmente se poderia afigurar mais primoroso. «O Corpo Nacional de Escutas sempre se mostrou disponível para colaborar connosco quando uma tal colaboração é por nós solicitada, nomeadamente em termos de formação», sublinhou. «O GELMac costuma também participar com regularidade nos Acampamentos Nacionais. Trata-se de uma oportunidade para que os nossos elementos possam estreitar relações com os outros agrupamentos de Portugal e para adquirirem mais conhecimentos sobre práticas escutistas. Esta participação permite-nos alinhar as nossas actividades com o que está a ser feito pelo Corpo Nacional de Escutas».
Fundado em 1997, dois anos antes da transferência de soberania de Macau para a República Popular da China, o Grupo de Escuteiros Lusófonos de Macau é a única associação juvenil de matriz portuguesa na RAEM, tendo sido distinguida pelo Executivo com o estatuto de organismo de utilidade pública. Ao longo dos últimos 22 anos, o Agrupamento conseguiu manter de forma ininterrupta as actividades que desenvolve, não obstante o facto de se deparar com uma necessidade constante de renovação. «Eu diria que o GELMac se defronta com um problema que é específico de Macau e outro que é comum aos demais agrupamentos», começou por referir Celeste Costa, especificando de seguida: «O facto da maioria dos escuteiros serem jovens, que ao completarem o Ensino Secundário, geralmente, vão para o exterior estudar, confronta o Agrupamento com um problema de continuidade. Todos os anos o GELMac perde um número importante dos seus elementos mais experientes e este fenómeno é algo que obriga a uma renovação constante. Outra dificuldade, comum à generalidade dos agrupamentos, é a falta de adultos generosos quanto baste para colaborar no projecto».
Celeste Costa está disposta a continuar a dar o seu contributo ao Grupo de Escuteiros Lusófonos de Macau, mas deixou a entender que só será candidata à liderança do organismo se não aparecerem alternativas. Para a dirigente, a única forma de garantir a continuidade do movimentos escutista católico no território é através da mobilização de sangue novo. «Seria muito bom que aparecessem elementos mais jovens para assegurar o futuro do Agrupamento», rematou, em jeito de veredicto.
Marco Carvalho