Regresso à ilha dos novos cristãos
As igrejas de São José e de Saint Joseph, em Singapura, ambas edificadas no mesmo local, estão profundamente ligadas à vida e obra do padre Francisco da Silva Pinto e Maia, oriundo da cidade do Porto e líder de uma Missão portuguesa que chegou a Goa (Índia) em 1826.
O padre Francisco da Silva rapidamente expandiu a sua zona de acção e fundou uma Missão em Singapura. Com a morte do clérigo português em 1850, o seu dinheiro e as doações das outras Missões (como da China, por exemplo) serviram para erigir a primeira igreja de São José. Os donativos foram canalizados para Singapura por intermédio do Seminário de São José em Macau.
O seu sucessor, padre Vicente de Santa Catarina, também foi um grande impulsionador da expansão da Igreja Católica entre os fiéis euro-asiáticos da ilha adjacente à Península Malaia.
Entretanto, este fim-de-semana corre-se o Grande Prémio de Singapura. Mas antes de fazermos a antevisão da corrida, falemos primeiro do polémico Halo. Como tantos outros, éramos firmes opositores da instalação do Halo, inventado à revelia de todos, incluindo pilotos, chefes de equipa, jornalistas, etc., com que a FISA (Federação Internacional do Desporto Automóvel) brindou a Fórmula 1 e, por acréscimo, a Fórmula 2. Foram três longos anos em que centenas de jornalistas, chefes de equipa, alguns pilotos e muitos milhares de aficionados tentaram demover a FISA e as outras instâncias oficiais do uso do Halo. Pois bem, dois fins-de-semana foram suficientes para que todos aqueles que não gostavam do Halo (nós incluídos) se tivessem tornado nos maiores paladinos do novo apêndice.
Na largada do Grande Prémio da Bélgica, Nico Hulkenberg, com o seu Renault, falhou a travagem na primeira curva do circuito, atirando o McLaren de Fernando Alonso para cima do Sauber de Charles Leclerc. As marcas do impacto, exactamente sobre a cabeça de Leclerc são assustadoras. Os comentadores internacionais descreveram-nas como “sickening” (doentias). Nenhum dos três pilotos envolvidos teve qualquer ferimento. Uma semana depois, em Monza, no Grande Prémio de Itália, outro Sauber, desta vez de Marcus Ericsson, ficou totalmente destruído, a ponto de ter sido substituído todo o chassi. Ericsson deu quatro saltos mortais, a cerca de 320 quilómetros por hora, logo no início da primeira volta lançada, durante a primeira sessão de treinos livres. Foi com absoluta incredibilidade que os comissários de pista viram o piloto da Sauber a sair do que restava do carro. Sem qualquer ajuda! E as marcas no Halo revelaram que na sua ausência algo de muito mau poderia ter acontecido. Uma vez mais, Sir Jackie Stewart, o mentor do Halo, voltou a ter razão. Este é um antigo campeão do mundo, que a determinado momento se cansou de ver a quantidade de jovens pilotos que morriam todos os anos apenas para que a Fórmula 1 persistisse. Enzo Ferrari chegou mesmo a afirmar que não aguentava assistir a uma corrida de Fórmula 1, porque não podia ver aqueles jovens generosos e fantásticos morrerem ao fim-de-semana, ao volante dos carros que ele fabricava.
A Fórmula 1 está pois de regresso à Ásia, mais propriamente a Singapura e ao Circuito de Marina Bay, para a já tradicional prova nocturna, em que uma vez mais as boas intenções dos ambientalistas são esquecidas, espezinhadas e ignoradas, a bem do “showbiz”. Singapura é uma prova querida de todos os pilotos e equipas, atraindo uma “entourage” só ultrapassada pelo Mónaco, com quem partilha muitas semelhanças. Com um traçado exigente, veloz e difícil, tudo ao mesmo tempo, revela quem é o melhor piloto. Com a “temperatura alta” entre Sebastian Vettel e Lewis Hamilton tudo pode acontecer. Recordemos a largada em que os Ferrari se eliminaram mutuamente, ou Vettel a cometer mais uma daquelas gafes monumentais, ficando agarrado numa das curvas, ou os Mercedes a se recusarem a ser competitivos, o que nos tempos actuais é difícil, improvável, embora sempre possível.
Singapura tem o mesmo fuso horário que Macau. A agenda do Grande Prémio da cidade-Estado está assim escalonada: Treinos livres 1, hoje, 16:30 horas – 18 horas; treinos livres 2, hoje, 20:30 horas – 22 horas; treinos livres 3, sábado, 18 horas – 19 horas. Provas de qualificação: Sábado, 21 horas – 22 horas. Corrida: Domingo, 21 horas e 10.
Enquanto O CLARIM esteve de férias disputaram-se duas provas do calendário da Fórmula 1, mais especificamente os Grandes Prémios da Bélgica e de Itália.
Na Bélgica, a Ferrari, sem na realidade ter o melhor carro, conseguiu colocar Vettel no degrau mais alto do pódio. Hamilton, com uma corrida extremamente inteligente, levou o Mercedes ao segundo lugar. Max Verstappen chegou em terceiro, dando um miminho à família que se encontrava nas instalações da Red Bull Racing.
Em Itália, no mítico Circuito de Monza, também conhecido como a “Catedral da Velocidade”, houve surpresa sobre surpresa. O Ferrari de Vettel – aparentemente – foi tocado na segunda variante (nome italiano para chicana) pelo Mercedes de Hamilton. Depois de exaustivas revisões do incidente, o colégio de comissários decidiu não haver matéria para qualquer tipo de sanção a Hamilton. Sinceramente, pareceu-nos que Vettel foi apanhado na sua própria armadilha. A Ferrari, desconsolada, lá viu o piloto alemão ir à “box”, após a primeira volta, com danos na asa dianteira. Durante a corrida Vettel nunca conseguiu aproximar-se do quarteto da frente, composto por Kimi Raikkonen, Valtteri Bottas, Lewis Hamilton e Max Verstappen. Parecia, ainda assim, que os “tiffosi” poderiam saborear uma vitória da Ferrari em “casa”, mas com os pneus a desfazerem-se (literalmente) o piloto finlandês da Scuderia de Maranello não conseguiu conter o assalto de Hamilton.
Bottas e Verstappen disputava a sua guerrinha privada, com o holandês a desrespeitar quase todas as regras de bom comportamento na estrada, e a ser finalmente punido com dez segundos, que o relegaram para trás de Vettel.
A estratégia da Mercedes foi absolutamente “pristine”, com Bottas a mudar de pneus apenas à 36º volta, mantendo Raikkonen atarefado a gerir os pneus que se degradavam rapidamente. O golpe final coube a Hamilton, que rodava com pneus frescos.
No pódio os dois pilotos da Mercedes foram vaiados pelas dezenas (ou centenas?) de milhares de “tiffosi, o que levou a um pedidos de desculpa por parte dos novos e antigos dirigentes da Ferrari.
Manuel dos Santos