Fórmula 1 – Época de 2017

Vettel – Hamilton, capítulo 8

O Grande Prémio do Azerbaijão volta a ser incluído no calendário do Campeonato do Mundo de Fórmula 1. O circuito da capital, Baku, tem muito de Mónaco e de Macau. Circuito citadino, com os muros a pouco centímetros dos carros, que permite apreciar a condução pura. Qualquer deslize deixa o piloto apeado, na triste condição de espectador. Por outro lado, Baku possui a recta mais longa da actual Fórmula 1, com os seus 2,2 quilómetros de aceleração constante, que nos faz lembrar o Circuito do Castellet/Paul Ricard, em França, ou o Monte Fuji, no Japão. No tempo dos primeiros motores turbo a Fórmula 1 passava por esses dois circuitos, que foram palco das maiores explosões de motores de sempre. A tecnologia mudou e hoje os motores têm a obrigação de aguentar. É graças a essa interminável recta que em Baku se compensa o tempo perdido no resto do circuito, e que este ostenta o título de Grande Prémio mais veloz da história da Fórmula 1. Espera-se que os 330 quilómetros por hora registados no ano passado sejam batidos pelos novos carros.

A Mercedes, vencedora indiscutível do passado Grande Prémio do Canadá, continua de “pé atrás”, pois sabe que a vitória se deveu em grande medida ao facto de Sebastian Vettel, com o seu Ferrari, ter caído para a última posição nas primeiras voltas da corrida, o que obrigou o alemão a um prodígio de condução, tendo terminado a prova no quarto lugar, minimizando assim a perda de pontos para o campeonato, que ainda lidera. O outro factor na vitória alemã chamou-se Max Verstappen, que teve uma largada “canhão”, não bateu em ninguém e apareceu no segundo lugar ao fim da primeira volta, mas foi traído por uma súbita avaria no seu Red Bull Renault. Os telespectadores ainda se aconchegaram nos sofás, antecipando o duelo Verstappen – Hamilton, mas foi “sol de pouca dura”. O “menino maravilha”, vítima de uma insuspeita avaria mecânica, ficou a dar entrevistas às cadeias de televisão.

A grande surpresa do dia foi a prestação dos dois Force India, que andaram quase trinta voltas nos quarto (Sergio Perez) e quinto lugares (Esteban Ocon), com Ocon a mostrar-se muito mais rápido e melhor do que Perez, que impediu sempre a ultrapassagem ao seu companheiro de equipa, o que foi mau pois a cinco voltas do fim acabaram por ceder as duas posições para um Vettel super-inspirado, perdendo pontos preciosos para o Campeonato do Mundo de Construtores. Curiosamente, assistiu-se a um erro crasso da direcção da prova, que fez mostrar a bandeira azul e o respectivo sinal luminoso a Perez, quando este lutava com Ocon, e depois também a Ocon, quando este lutava com Vettel, para que deixassem os adversários ultrapassá-los. Felizmente que não obedeceram. Para quem não sabe, a bandeira azul e o placar luminoso com a mesma cor significa “deixar ultrapassar; carro mais veloz aproxima-se”. Acontece que os carros em questão não iam perder uma volta para o tal “carro mais veloz”, pois todos estavam na mesma volta a lutar por uma posição. O dono da Force India, Vijay Mallya, no final da corrida elogiou os seus dois pilotos, mas foi avisando que não quer mais pontos perdidos, sendo que eventualmente poderá vir a emitir “team orders” em futuras corridas.

Quanto a Fernando Alonso, quando todos já pensavam festejar o seu 10º lugar, a menos de uma volta do fim, o motor Honda voltou a deixá-lo apeado. Foi visitar os amigos nas bancadas… A grandiosa McLaren, de James Hunt, Emerson Fittipaldi, Alain Prost e Ayrton Senna, preparava-se para festejar um único pontinho. O jovem Lance Stroll herdou o nono lugar, levando até ao xadrez o único Williams que completou a corrida. Carlos Sainz, em Toro Rosso, atirou com o Williams de Felipe Massa e o Haas de Romain Grosjean para o capim, na segunda curva da primeira volta. Desta confusão, só o piloto da Haas é que conseguiu voltar à pista e ainda arrecadou o último ponto disponível.

No capítulo técnico viu-se que os motores da marca alemã deram um salto qualitativo importante. Se a vitória no Canadá aconteceu, foi porque os carros da Mercedes estavam bem melhores do que no Mónaco, o que se reviu ainda nos Force India que também usam motores alemães. Já a Renault, da qual se esperava muito mais, não foi melhor no Canadá do que no Mónaco. Daniel Ricciardo, em Red Bull Renault, passeou atrás dos dois Mercedes, aparentemente sem possibilidade de se aproximar por falta de potência do motor. A terceira posição foi mais herdada do que ganha. O pior é que a Renault, pela voz de Cyril Abiteboul, director desportivo da equipa francesa, já anunciou que não haverá grandes progressos técnicos a cada corrida, mas apenas uma melhoria continuada ao longo da época.

Baku tem uma diferença horária de quatro horas para Macau. A agenda do Grande Prémio do Azerbaijão é a seguinte: Treinos livres 1, hoje, 13 horas – 14 horas e 30; treinos livres 2, hoje, 17 horas – 18 horas e 30; treinos livres 3, sábado, 10 horas – 11 horas. Provas de qualificação: sábado, 14 horas – 15 horas. Corrida: Domingo, 17 horas – 19 horas. A meteorologia local prevê céu limpo para os três dias, com algumas nuvens no sábado.

Manuel dos Santos

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