Fim de Circo… e o futuro incerto
Estamos a chegar ao fim, com o cair do pano em Abu Dhabi, nos Emiratos Árabes Unidos. O Circuito de Yas Marina, na ilha artificial Yas Island, é considerado um dos mais sofisticados do mundo. Foi criado de raiz para a Fórmula 1, se bem que seja utilizado por outro tipos de carros e motos, incluindo uma fórmula “residente”. A Formula Yas 3000, muito pouco conhecida do público, foi desenvolvida pela equipa técnica da Cosworth (outrora a maior fornecedora de motores para a Fórmula 1). É uma fórmula de aluguer (poder-se-á assim designar), onde se pode experimentar as emoções de conduzir um monolugar, durante uma hora, por 473 dólares americanos (três mil 780 patacas).
O autódromo foi desenhado por Hermann Tilke – quem mais haveria de ser… – sendo um dos mais curtos do calendário da Fórmula 1, com apenas cinco mil 554 metros de perímetro, o que resulta em provas com muitas voltas. Só a corrida da Fórmula 1 são 55 voltas. Desde o início da corrida, disputada ao final do dia, o sistema de iluminação está ligado para que os pilotos se habituem progressivamente ao crepúsculo, acabando a prova já de noite.
O Yas Marina foi inaugurado em 2009, o primeiro com luz artificial. O outro, mais famoso, é o de Marina Bay, em Singapura, disputado integralmente depois do Sol posto.
Nos Emiratos, Sebastian Vettel venceu em 2009, 2010 e 2013 (Red Bull) e Lewis Hamilton outras três vezes: 2011 (McLaren), 2014 e 2016 (Mercedes). Kimi Raikkonen venceu para a Lotus Renault em 2012 e Nico Rosberg subiu ao degrau mais alto do pódio com um Mercedes em 2015. Se Vettel vencer este fim de semana passará a ser o “Sir Yas Marina”, com quatro vitórias. O tetracampeão do mundo tem tudo para ganhar a última corrida deste ano, com o ressurgimento – tardio – da Ferrari, e assim tornar-se vice-campeão, atrás de Hamilton. O outro candidato ao lugar, Valtteri Bottas, precisa que Vettel não acabe a prova em nenhuma posição pontuável e que ele vença para poder ultrapassar o défice de vinte e dois pontos que tem para o alemão. Difícil? Sim! Impossível? Não! Vettel que se cuide!
Abu Dhabi tem uma diferença de menos quatro horas que Macau. Quando em Yas Marina forem 19 horas, em Macau serão 23 horas. A agenda do Grande Prémio de Abu Dhabi está assim escalonada: Treinos livres 1, hoje, 13 horas – 14 horas e 30; treinos livres 2, hoje, 17 horas – 18 horas e 30; treinos livres 3, sábado, 14 horas – 15 horas. Provas de qualificação: Sábado, 17 horas – 18 horas. Corrida: Domingo, 17 horas – 19 horas. A meteorologia local prevê céu pouco nublado para hoje e amanhã com temperaturas entre os 22 os 28 graus centígrados. Para Domingo espera-se céu limpo com temperaturas entre os 23 e os 28 graus centígrados.
No que respeita à próxima temporada, como já havíamos referido anteriormente, Felipe Massa voltou a despedir-se da Fórmula 1, aparentemente de vez. O “massinha” ruma agora à Fórmula E. À semelhança de muitos outros pilotos e comentadores, acredita que mais tarde ou mais cedo a Fórmula 1 e a Fórmula E se irão fundir numa só. Tudo indica que assim será, com as grandes marcas a apostarem cada vez mais nos carros (motos e autocarros) movidos a electricidade. Se bem que haja diversas formas de obter energia, em princípio todas serão energias “limpas”. Eólica e hidráulica são as mais populares e fiáveis, mas algumas empresas apostam no “Fuel Cell”, que funciona com oxigénio e hidrogénio. O certo é que em breve o mundo deixará de depender do petróleo e estará livre de muita poluição.
O Grande Prémio do Brasil está em risco de não se voltar a efectuar devido a problemas de segurança, com assaltos à mão armada a serem comunicados diariamente, dentro e fora do recinto. De relembrar que este facto não é novo. Em anos anteriores chegou a haver membros de equipas a ficar ligeiramente feridos durante os assaltos. A polícia de São Paulo, cidade onde se situa o Autódromo José Carlos Pace, prometeu, por escrito, que iria estar vigilante, especialmente nos horários de chegada e saída do pessoal das equipas, mas o resultado foi o mesmo de sempre.
A realização do Grande Prémio do Brasil esteve em duvida esta temporada, tendo aparecido no calendário de 2017 com a sigla TBC (To Be Confirmed = a ser confirmado). A gigantesca mole humana que todos os anos acompanha o Circo no Brasil começa a não ter vontade de regressar. Veremos então se o País fará parte do calendário de 2018, com a agravante de não fazer alinhar qualquer piloto brasileiro, o que não acontece desde 1979.
Para além destes problemas “domésticos” no Brasil, os novos patrões da Fórmula 1 enfrentam graves problemas financeiros. A Liberty Media declarou um défice de 160 milhões de dólares americanos, o que não abona muito a favor da “saúde” da categoria. A piorar o cenário, continua a pairar no ar a ameaça da Ferrari em abandonar a Fórmula 1, sendo que a voz crítica do seu presidente, Sergio Marchionne, encontrou eco na pessoa de Niki Lauda, hoje director não-executivo da Mercedes. O facto do CEO da Liberty Media, Chase Carey, e o ex-director da Ferrari, Ross Brawn, apontarem para regras que não convencem a Ferrari e a Mercedes está a causar mau estar no “paddock”. Os novos patrões estão a tentar mudar tudo, esquecendo-se dos legados de inovação em liberdade – dentro dos parâmetros da FIA – impondo algo que no final mais irá parecer um campeonato mono-marca.
As palavras de Carey, em resposta à ameaça da Ferrari – e agora da Mercedes – não acalmou os ânimos. Os pontos da discórdia são a inclusão de mais uma corrida nos Estados Unidos, o princípio de motores iguais para todos e a afirmação veiculada pela edição inglesa do semanário Autosport de que as alterações são para serem impostas, mesmo sem o acordo dos construtores. Uma novela que pode acabar mal!…
Manuel dos Santos