Dos receios da Mercedes ao gás de Button
Há uns tempos atrás perguntaram-me porque é que se chama “circo” à Formula 1. No passado, quando a Fórmula 1 era disputada quase exclusivamente na Europa e as equipas não dispunham dos fantásticos orçamentos que têm nos dias de hoje, todo o equipamento, desde os carros – naquele tempo muitos dos pilotos principais tinham dois e mesmo três carros à disposição – até à alimentação, passando pela lavandaria e cozinha, era transportado em camiões e autocarros, alguns deles transformados em autênticas “mobile houses”. Cada equipa levava, normalmente, entre três a oito veículos pesados, mas as “grandes” equipas, apoiadas por fabricas de motores, chegavam a ter autênticos comboios de mais de dez carros, em tudo semelhante aos circos quando estes se deslocavam de cidade em cidade para mostrar as suas maravilhas ao povo.
E assim nasceu a designação “Circo da Fórmula 1”. Hoje, o “circo” desloca-se em aviões de carga, com os pilotos e executivos a chegarem aos circuitos, ou à cidade mais próxima, em pequenos mas sofisticados jactos privados ou helicópteros; os mecânicos – conhecidos hoje como “engenheiros” – viajam em voos comerciais, chegando aos circuitos muitas vezes uma semana antes dos primeiros testes livres para a corrida.
No penúltimo fim de semana deste mês, de 21 a 23, a Fórmula 1, ainda sem ter recuperado de algumas mazelas, vai disputar o grande Prémio da Bélgica, no Circuito de Spa Francorchamps. É um circuito muito peculiar e extenso, na famosa floresta das Ardenas, onde por vezes, ao mesmo tempo, chove torrencialmente em alguns troços, enquanto noutros faz um lindo Sol. No passado os pilotos serviam-se das longas – quase – rectas para descansarem dos locais mais sinuosos.
É pois um circuito muito rápido, onde os Ferrari poderão voltar a ameaçar o domínio da Mercedes Benz. Os pilotos da equipa alemã já reconheceram que as novas regras, referentes ao fim do auxílio dos pilotos a partir das boxes (via rádio), especialmente nas largadas, poderão constituir um “handicap” para a equipa.
Algumas empresas especializadas em pesquisas estiveram muito activas durante o último mês, tendo questionado alguns milhares de pessoas seleccionadas sobre o que poderia ser melhor para o futuro da disciplina. Aparentemente, a esmagadora maioria foi da opinião que os carros asa deveriam continuar proibidos – trata-se de carros sem apoios aerodinâmicos visíveis, mas com o fundo em forma de asa de avião invertida, o que lhes proporciona grande aderência ao solo – assim como os reabastecimentos, e também a utilização de um terceiro carro por equipa, para melhor se preencher o “grid” da largada. Isto, entre cerca de 150 perguntas.
Não se sabe ao certo o que a FIA (Federação Internacional do Desporto Automóvel) e/ou o Sr. Bernie Ecclestone vão fazer com as respostas recolhidas. Sabe-se, no entanto, que os testes vão ser banidos e poderá continuar a haver um só fornecedor de pneus, que monopolizando o abastecimento às equipas, como é o caso presente, será na realidade quem comandará a corrida a seu belo prazer, pois será quem disponibilizará os pneus que entender – e não os que as equipas gostariam de ter em certos circuitos.
Falou-se do regresso da Michelin, por forma a competir com a Pirelli, mas até agora parece não ter passado de boatos de bastidores.
O director do Departamento de Desporto Motorizado da Honda, Yasuhisa Arai, reconheceu que a fábrica nipónica não estava preparada, nem contava com os problemas que surgiram até ao momento, o que já resultou na pior época de sempre para os pilotos da McLaren, Fernando Alonso e Jenson Button. Parece agora haver uma luz ao fundo do túnel, pois Alonso terminou em 5º e Button em 9º no último Grande Prémio da Áustria, o que deu vida nova aos técnicos nipónicos. Tanto a marca japonesa, como a McLaren, sofreram quebras acentuadas nas vendas dos seus produtos desde o início do ano, devido às péssimas prestações da McLaren-Honda esta temporada.
A Force India no 5º lugar do Campeonato de Construtores continua a lutar pelo quarto posto, ocupado pela Red Bull com apenas mais 24 pontos. Já na Sauber, pensa-se mais no carro de 2016 do que no carro deste ano. O novo director técnico, Mark Smith (Jordan Benetton, Force India e Caterham), reconhece que o seu contributo para o novo carro será diminuto, visto estar quase pronto, mas que em 2017 será tudo muito diferente. Smith foi o “pai” do fantástico Jordan 901 da Eddie Jordan, com o qual Michael Schumacher venceu a sua primeira corrida em 1991.
A terminar, Jenson Button e a mulher, Jessica Michibata, sofreram, aparentemente, um assalto de cariz – no mínimo – estranho. Alegaram que os ladrões teriam usado algum tipo de gás para poderem despojá-los mais tranquilamente de cerca de 300 mil libras em jóias, incluindo o anel de noivado que Button ofereceu a Jessica Michibata, no valor de 250 mil libras. A polícia de Saint-Tropez (França) não parece aceitar esta hipótese, que foi adiantada por alguém do grupo do ex-campeão do mundo, depois deste se ter sentido mal. A polícia francesa recolheu amostras de sangue do piloto e da mulher para verificar se, realmente, houve ou não recurso a gás…
Manuel dos Santos