Filosofia, uma dentada de cada vez (63)

A Vida Humana: Há por aí um manual de instruções?

Todo o ser humano, no uso perfeito do seu juízo, é capaz de reconhecer a lei moral natural e as suas exigências. Além disso, para todos os que aceitaram a Fé Pregada por Jesus Cristo, ainda há uma fonte adicional de conhecimento e uma garantia de que aquilo em que acreditamos tratar-se de normas morais serem as normas morais correctas.

«Muitas vezes e de muitos modos, falou Deus aos nossos pais, nos tempos antigos, por meio dos profetas. Nestes dias, que são os últimos, Deus falou-nos por meio do Filho (Hebreus 1:1-2)».

Como é que este “falou-nos” se encaixa na imagem (no conjunto da imagem)?

Deixem-nos voltar ao exemplo do lápis. Suponhamos uma pessoa que nunca viu ou usou um lápis na vida (nestes tempos de “gadgets” portáteis e dispositivos móveis, tal até pode ser muito provável). Há duas maneiras de aprender a usar o lápis. Uma é através de tentativas “erro-correcção”. Isto é bastante parecido com a forma como conhecemos a lei natural, através da nossa própria experiência.

Mas há uma outra maneira. Alguém pode ensinar, ou mostrar, como é que se usa e afia o lápis. Certamente que ficaria grato pela ajuda. É assim que Deus fala connosco – ensinando-nos como viver a plenitude da nossa vida.

Deixem-nos explicar este facto com outro exemplo. Reparem no que os fabricantes de todos os tipos de produtos fazem: incluem um manual de instruções. E para que serve o manual? Dá-nos informações de como usar o engenho/mecanismo (pode até nem ser uma máquina). Porque é feito de uma certa maneira, cada produto tem a sua própria natureza. Vemos uma vez mais como a natureza é o princípio das operações. Ela determina a forma como trabalharão.

O manual de instruções dá-nos instruções específicas (exemplo: “mantenha num lugar fresco e seco”), mas nunca ninguém pensou que os fabricantes estariam a limitar a nossa liberdade, ou coagindo-nos a que nos comportássemos de uma determinada maneira. Antes pelo contrário, estão a ajudar-nos a usar correctamente a nossa liberdade.

Como é que esta explicação se aplica aos seres humanos? Os seres humanos também possuem uma natureza. Essa natureza determina como funcionamos. Determina o que é benéfico (bom) e o que é prejudicial (mau) para nós. Vimos como a razão pode descobrir esta lei natural. A razão humana, no entanto, está limitada. Além disso, a vida é complexa e uma pessoa pode facilmente fazer julgamentos errados. Sendo assim, como é que o homem pode estar seguro sobre aquilo que deve fazer?

Deixem-nos dar um passo para além da Filosofia (aquilo que podemos descobrir com a própria mente) e entrarmos no domínio da Teologia (o que nos foi dito). A Fé diz-nos que Deus falou connosco (Hebreus 1:1-2). Mas a razão era dar-nos “um manual de instruções” para a vida. Deus, o fabricante, fornece-nos instruções porque «Ele sabe do que somos formados (Salmo 103:14)». Ele conhece-nos «como o barro nas Suas mãos (Jeremias 18:6)»; «nós fomos feitos por Ele (Éfesos 2:10)».

Assim, para além da lei natural, temos conhecimento adicional, que é chamado de “lei divina positiva”. As instruções que nos foram dadas através da lei divina positiva estão resumidas nos Dez Mandamentos e nas Oito Beatitudes.

Quando aprendemos as exigências da lei divina positiva, reparamos que contém requisitos adicionais (exemplo: não estamos apenas proibidos de matar, mas ainda somos solicitados a amar; não nos disseram apenas para não sermos avarentos, mas instam-nos a dar não apenas as nossas posses, como a nós próprios; não fomos apenas advertidos para a obscenidade, mas somos convidados à castidade).

Deus propôs-nos objectivos mais elevados e coloca-nos face a desafios maiores, porque Ele quer-nos não apenas como totalmente humanos. Também quer que sejamos totalmente divinos. Quer que sejamos Santos (I Pedro 1:16). Desafia-nos a irmos para além do nosso potencial humano.

Pe. José Mario Mandía

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