Filosofia, uma dentada de cada vez (13)

O que é um silogismo?

Um silogismo é uma argumentação da qual, de duas proposições (as premissas ou antecedentes) que têm um termo comum a ambas (chamado “termo médio”), surge necessariamente uma terceira proposição (a conclusão) distinta das antecedentes. O termo médio tem que ser universal, no mínimo, em duas premissas. Muitas vezes é descrito da seguinte forma:

S é M (premissa menor)

M é P (premissa maior)

Assim sendo, S é P (conclusão)

Lembram-se do que dissemos da última vez sobre “conectar os pontos”? Aqui fazemos a ligação entre S e P por intermédio de M. O sujeito (S) e o predicado (P) da conclusão são chamados de extremos. O sujeito (S) é chamado de “extremo menor” ou “termo menor” ou, simplesmente, “menor”. O predicado (P) é chamado de “extremo maior” ou “termo maior” ou, simplesmente, “ maior”. A premissa que contém o termo menor é chamada de “premissa menor” enquanto que a premissa que contém o termo maior é chamada de “premissa maior”. Bastante simples e directo, não é?

Porque é que o predicado é chamado de maior? Porque representa uma classe ou conjunto que é maior que a classe ou conjunto representado pelo menor.

O menor é apenas um membro da classe ou conjunto do predicado. Tecnicamente, dizemos que a extensão do termo maior é maior que a do termo menor.

Por exemplo:

Todos os mamíferos são animais.

Todos os cães são mamíferos.

Sendo assim, todos os cães são animais.

O termo maior é “animais” e o menor é “cães”. O conjunto “animais” é maior do que o conjunto “cães”.

Da última vez vimos que uma premissa verdadeira conduz a conclusões verdadeiras, excepto quando existe raciocínio defeituoso (expresso na fala como “argumentação” ou “discurso”). No raciocínio temos que tomar em consideração dois aspectos: o conteúdo ou a matéria (as premissas são verdadeiras?) e a maneira ou forma de raciocínio (está o raciocínio correcto?).

Para que o argumento seja correcto o assunto tem que ser verdadeiro e o raciocínio correcto. Este facto significa que quando analisamos um silogismo devemos lembrar-nos destas vertentes: a verdade das premissas (a matéria) e a correcção do raciocínio (a forma).

Muitos filósofos são extremamente lógicos, mas partem de premissas falsas. Por outro lado, há pessoas que partem de premissas verdadeiras, mas não sabem como ordenar correctamente o silogismo.

A tarefa mais importante num silogismo consiste em descobrir a verdade das premissas (a matéria). Em muitos casos isto requere a definição dos termos (definição) ou a distinção (reconhecer) dos diferentes significados de um termo (divisão).

Deixem-nos dar-vos um exemplo de um argumento onde a matéria é imperfeita (defeituosa):

Apenas existem as coisas que eu vejo.

Eu não posso ver Deus.

Assim, Deus não existe.

Considerando a verdade da primeira premissa, temos que objectar que existem muitas coisas que não vemos, mas cuja existência aceitamos – amor, justiça e a inteligência de outras pessoas.

Eis aqui um exemplo de uma forma defeituosa:

O Homem é um animal.

O asno (jumento) é um animal.

Assim, o Homem é um asno (jumento).

O que está errado nesta lógica? O que cria a sua forma defeituosa? E de qualquer forma, quais são as regras correctas do raciocínio? Existem oito regras básicas para o silogismo simples. Iremos estudá-las na próxima semana.

Pe. José Mario Mandía

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