Porquê?
Porquê?
É uma boa pergunta para começar. Isto é onde toda a Filosofia começa.
No entanto, pode-se dizer: “Mas todos nós fazemos essa pergunta”.
É verdade. Todos nós fazemos essa pergunta. Todos nós queremos saber as razões por detrás do que vemos, ou do que acontece. Nós queremos conhecer as suas causas. Faz parte da nossa natureza humana.
“Quer dizer que todos nós podemos ser filósofos?”
É verdade. Todos nós podemos ser filósofos.
Mas o que é a Filosofia? A palavra filosofia deriva de duas palavras gregas: philia (amor à amizade) e sophia (sabedoria, conhecimento). Filosofia é o amor ao conhecimento.
E o que é a conhecimento? É o conhecer (saber) as causas finais.
Portanto, assim, a Filosofia é amor ao conhecimento das causas finais, a procura das respostas para os muitos “porquês” da vida. E o que isso tem a ver connosco?
Sócrates (469-399 BC) disse: «Uma vida não examinada não vale a pena ser vivida». Fazemos perguntas sobre nós próprios, sobre este mundo em que vivemos, e sobre as realidades para além de nós. Porque somos seres que pensamos e ponderamos os factos, naturalmente queremos saber se há um significado para a vida. Sentimos a necessidade de descobrir esse significado. Queremos saber a verdade.
Além disso, para nós, cristãos, a Filosofia desempenha um papel importante. O primeiro parágrafo da encíclica “Fides et ratio” (“Fé e Razão”), de São João Paulo II, afirma: “A fé e a razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de O conhecer a Ele, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio (cf. Ex 33, 18; Sal 2726, 8-9; 6362, 2-3; Jo 14, 8; 1 Jo 3, 2)”.
Deixem-me explicar-vos três maneiras em que a Filosofia pode ser útil para a Fé.
Primeira: a Filosofia por servir como uma preparação para a Fé. Uma pessoa que use a sua curiosidade natural e faça perguntas sobre o mundo, mais tarde ou mais cedo irá esbarrar na Primeira Causa. O caso em questão é o do filósofo analítico Antony Flew (1923-2010). Decidiu ser ateu quando tinha 15 anos de idade, e foi o ateu mais famoso do mundo durante meio século. Mas em 2004 anunciou que tinha começado a acreditar em Deus. Descreveu a sua conversão no livro “There is a God: How the World’s Most Notorious Atheist Changed His Mind” (“Existe Um Deus. Como o Mais Notório Ateu Mudou A Sua Opinião”).
Segunda: a Filosofia ajuda os crentes a entenderem e aprofundarem o seu conhecimento da crença. A Teologia emprega um bom número, conceitos e termos filosóficos. Estes conceitos e termos ajudam-nos a entender porque é que, por exemplo, não há contradição num só Deus e Três Pessoas, ou porque é que o inferno não é uma criação de Deus, mas que existe apenas devido à liberdade do ser Humano.
Terceira: a Filosofia ajuda a explicar e a defender a Fé. São Pedro exorta-nos: «Estejam sempre dispostos a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la peça; com mansidão e respeito (I Pedro 3:15)». A Filosofia é um instrumento essencial para esta defesa. Ajuda-nos a clarificar os nossos conceitos e a tornar o raciocínio mais lúcido, sistemático e ordenado.
Assim, juntem-se a mim nesta viagem da razão.
Pe. José Mario Mandía