A decisão mais importante
Qual é a decisão mais importante na vida?
Talvez seja o que é que vamos fazer com ela.
Nós não nos demos a vida. Ela foi-nos entregue. É um presente enigmático e maravilhoso ao mesmo tempo.
Mas, apesar de não nos termos dado a vida, estamos chamados a responder à pergunta (não de um modo teórico, mas profundamente prático): o que é que eu vou fazer com a vida que me foi dada?
E a resolução mais importante parece ser: vou centrar a minha vida em mim ou nos outros?
Claro que um cristão sabe que para centrar a vida nos outros tem antes de a centrar no Outro, que nos deu a vida, e que nos pedirá contas de como a aproveitámos. Esta opção – centrar a vida em nós ou nos outros – é a que mais condicionará o resultado global da nossa fugaz existência.
É a velha dicotomia expressada por Santo Agostinho há mil e seiscentos anos: dois amores diferentes constroem duas cidades diversas. O amor de Deus até à capacidade de dizer não a si próprio: a cidade celestial. O amor próprio desordenado até à triste capacidade de dizer não a Deus e aos outros: a cidade terrena.
Encontrar alguém generoso ao nosso lado pode ser uma óptima ocasião para pensar com calma: há neste mundo pessoas que se sacrificam por Deus e pelos outros. E eu? Que estou a fazer neste mundo? Que faço por Deus? Que faço pelos outros?
Tenho presente que a decisão mais importante da minha vida devo renová-la, uma vez e outra, todos os dias?
Não basta fazer coisas boas. Isso já é algo – mas é pouco. É preciso fazê-las por amor a Deus e ao próximo. Não por egoísmo ou auto-afirmação.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
Doutor em Teologia