Em direcção ao Norte

Estamos prontos para seguir viagem rumo ao Norte, mais precisamente para Sainte Pierre. Iremos fazer, pelo menos, duas paragens pelo caminho, para conhecer outros pontos desta magnifica ilha de Martinica. A primeira paragem será logo depois de sairmos de Fort-de-France e termos passado o farol que aqui assinala uma colina. Tive esta semana conhecimento do pequeno local ao ir com um amigo encher o tanque de mergulho que a tripulação do El Caracol nos emprestou para limpar o casco do nosso veleiro. Trata-se de uma pequena praia anexa a um hotel, que irá servir como local de ancoradouro antes de – um ou dois dias depois – seguirmos viagem por mais algumas horas, rumo a Sainte Pierre.

Agora que está tudo a funcionar como deve ser, sem assuntos urgentes para tratar (claro que há sempre trabalhos e melhoramentos a fazer, como em qualquer casa), estamos concentrados na preparação do muito que há-de vir. Primeiro, os tais amigos de Portugal, que virão passar uns dias connosco em Maio, e depois a aventura da travessia para Aruba, Bonaire, Coracao, que nos irá tomar quatro a cinco dias.

Os últimos dias têm sido passados a arrumar a casa, com idas a terra para comprar comida e outros mantimentos. Numa das idas a um dos grandes supermercados (HyperU) aproveitei para doar sangue. Sempre o fiz em Macau, mas já não o fazia desde que embarcámos nesta aventura. É uma boa sensação ajudar quem necessita, sem esperar nada em troca; algo que aprendi com os meus pais, que tento fazer sempre que possível e que espero vir a incutir na minha filha.

Infelizmente, sendo que somos uma família que vive embarcada, nem sempre nos é possível ajudar quem necessita. O maior entrave à nossa vontade em ajudar não é falta de tempo ou disponibilidade. Na maior parte das vezes, por incrível que pareça, é não termos domicílio. O facto de não podermos apresentar um endereço, uma morada, faz com que as instituições olhem com desconfiança para a nossa generosidade. Mesmo em locais como St. Lucia e Martinica, por onde passam milhares de famílias como a nossa, a inexistência de um endereço é um problema incontornável para muitos assuntos de carácter oficial. Por exemplo, aqui em Martinica, não podemos alugar uma caixa postal… porque não temos um endereço postal. Mas podemos usar o endereço dos correios para receber correspondência, vá-se lá perceber!

Como já vos tinha dito na crónica anterior, esta semana fomos comprar o aparelho electrónico que nos permite receber informações meteorológicas a todo o momento e em qualquer parte do mundo, sem quaisquer encargos adicionais para além da sua aquisição. Já o testámos e funciona na perfeição. O teste de fogo irá ser feito na travessia para as ilhas holandesas em Junho. Até lá vou tentar colocar a antena do rádio de ondas curtas a funcionar melhor para que a recepção seja mais nítida. A informação chega por onda curta. Quanto mais clara for a sua recepção, melhor será a qualidade do ficheiro descarregado. O aparelho é um pequeno modem modificado que permite descodificar os sinais da informação meteorológica que são transmitidos, ininterruptamente, pelas autoridades de vários países e que podem ser sintonizados em rádios de onda curta. Para quem possa estar interessado, tem a designação “MeteoFax32” e é fabricado em França.

O catamaran português El Caracol irá seguir viagem connosco a partir de agora, pelo que serão duas as bandeiras portuguesas a esvoaçar nos ventos das Caraíbas (disponibilizámos uma das bandeiras que tínhamos em reserva, pois o El Caracol ainda não a tinha hasteado).

João Santos Gomes

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