FESTAS DA RAINHA SANTA ISABEL E DE NOSSA SENHORA D’AGONIA REALIZADAS COM INÚMERAS RESTRIÇÕES
Se dissermos que Portugal é o país das romarias, não estaremos a exagerar, pois tal não é o número deste tipo de eventos durante todo o ano. Especialmente na época do tempo quente e da praia, as romarias e as festas são uma realidade que dificilmente se consegue evitar. Num ano dito normal (sem Covid, por exemplo) raro seria o dia de Verão em que não houvesse música no ar durante a noite.
Com a realização de tantas festas e romarias nas vilas e aldeias de norte a sul do País o que se pode esperar normalmente é um sem fim de gente e de visitantes. Isto, claro está, sem esquecer os milhares de portugueses que vivem por toda a Europa e noutros continentes, e que já planeiam o seu descanso anual de modo a coincidir com a festa da sua aldeia ou vila de origem.
Aqui em Mira, o santo padroeiro é São Tomé, um dos mais festejados em Portugal, logo a seguir aos Santos Populares (Santo António, São João e São Pedro). As Festas de São Tomé de Mira assinalam-se a 25 de Julho, sendo que as festividades começam sempre um fim-de-semana antes e terminam no seguinte. Como não podia deixar de ser, é uma semana inteira de folia para todos os gostos, tendo como apogeu religioso a procissão em honra de São Tomé (padroeiro da Vila de Mira) e o evento diurno que mais pessoas traz ao centro da vila.
No entanto, à semelhança do que vem acontecendo um pouco por todo o País, este ano não vai haver festa devido à pandemia do Covid-19. Ainda assim, sabendo da importância do evento para a economia local e para os ânimos dos populares, o Município anunciou que os concertos (entretanto já pagos com o erário público) se irão realizar até ao final do ano, cada vez que a situação da pandemia o permitir. A ver vamos…
Olhando para o actual panorama em Portugal, já estamos em Julho e ainda nem uma festa de aldeia se realizou. Com a medida anunciada pelo Governo de Lisboa de cancelar todos os eventos e concertos até ao final de Setembro, não há Verão este ano, pelo menos nos moldes em que o conhecemos desde criança. As festas que começavam em Junho e se prolongavam durante os meses seguintes, ou foram canceladas ou alteradas de forma dramática.
Aqui na zona centro, a festa religiosa mais famosa, e talvez a mais antiga do País, é a que se celebra em Coimbra e que honra uma antiga rainha de Portugal. As Festas da Rainha Santa Isabel, que este ano tiveram lugar na “cidade dos estudantes” entre 1 a 4 de Julho, não contaram com a muito querida procissão, cuja tradição data de 1625.
A festa este ano valorizou mais a dimensão litúrgica, a partir da igreja da Rainha Santa Isabel, em Santa Clara. Com um programa fortemente condicionado, viu também canceladas outras iniciativas, como a Gala das Rosas.
Agosto, mês em que se realiza o maior evento popular de Portugal, a Romaria de Nossa Senhora d’Agonia de Viana do Castelo, vai acabar por ser igual a Julho. A referida festa – remonta a 1772 – traz à memória as meninas e senhoras vianenses do Desfile da Mordomia, ostentando trajes vistosos, adornados com lindos adereços de ouro.
Infelizmente, este ano os principais eventos dos cinco dias da Romaria d’Agonia, entre 19 e 23 de Agosto, vão ser realizados em formato digital, através da rádio, da televisão e de outros meios audiovisuais e tecnológicos. Somente o evento religioso do dia 20, dedicado à padroeira dos pescadores, será celebrado presencialmente, na igreja de Nossa Senhora d’Agonia, embora com limitações a serem divulgadas em breve.
João Santos Gomes