O que um pobre pode oferecer a um Rei?
A festa da Epifania faz-me relembrar dois pequenos poemas, que gostaria de partilhar convosco. O primeiro da autoria de Rabindranath Tagore (1861 – 1941) é assim:
Era um pedinte de porta em porta nas ruas da aldeia
Quando o seu Coche dourado surgiu à distância
Como se fosse um bonito sonho, e eu maravilhei-me
Quem era este Rei de Todos os Reis?
As minhas esperanças cresceram, e pensei para comigo
Que os meus dias infelizes iriam terminar
E fiquei à espera de esmolas não solicitadas
E por riquezas espalhadas por todos os lados
O Coche parou onde eu estava.
O Seu olhar caiu sobre mim
E Ele desceu do Coche com um sorriso
Senti que o meu dia de sorte tinha finalmente chegado
Quando, subitamente, Ele levantou a sua mão direita
E disse «O que tens para Me oferecer?»
Oh, que gesto majestoso esse,
Estender a sua mão a um pobre, e pedir!
Fiquei confuso e indeciso,
Então, lentamente retirei do fundo do meu pobre alforge
O meu último grão de milho
E dei-Lho.
Grande foi a minha surpresa no fim do dia
Quando esvaziei o meu alforge no chão, e encontrei
Uma pequena pepita de ouro entre as minhas velharias.
Chorei amargamente e desejei
Ter tido a coragem de me ter entregue totalmente a Ele.
É como a história do rapaz que ofereceu os seus cinco pães e dois peixes a Jesus (Mateus 14:13-21, Marcos 6:31-44, Lucas 9:10-17 e João 6:5-15). Era tudo o que tinha, mas tudo deu a Jesus. E o que ganhou com isso? Doze cestos de sobras! Realmente não há nada melhor no Mundo do que trocar a nossa insignificância pelas bênçãos de Deus
A história dos Reis Magos também me lembra uma canção de Natal conhecida de muitos de nós. Foi escrita em 1941 por uma compositora clássica, chamada Katherine Kennicott Davis, e inicialmente conhecida como a “A Canção do Tambor”, gravada em 1955 pelos Cantores da Família Trapp (recordados no famoso filme “The Sound of Music” (“Música no Coração”). Essa musica é assim:
Anda, disseram-me pa rum pa pum pum
Nasceu um novo rei para vermos…
Levamos os nossos melhores presentes…
Para colocar junto do Rei
E assim honrá-Lo
Quando chegarmos.
Menino Jesus
Também sou um menino pobre…
Não tenho presentes para trazer…
Que se possam dar a um Rei…
Posso então toco para Si
O meu tambor?
Maria aceitou
O boi e os carneiros esperaram
Toquei o meu tambor para Ele
Toquei o melhor que soube para Ele
E Ele sorriu para mim
Para mim e para o meu tambor.
Somos todos pequenos tamborileiros. Somos todos pobres. Comparados com Deus somos todos indigentes, todos estamos carentes. E, o que podemos fazer? Tudo o que nós façamos – estudar, ou ensinar, ou cozinhar, ou tomando conta de pessoas doentes, ou ouvir alguém que precise ser ouvido, lavando roupas, ou escrevendo cartas, ou mesmo atendendo uma chamada telefónica – façamo-lo por Jesus, e deixem-nos “fazer o nosso melhor para Ele”, dar o nosso melhor para Sua Glória, lembrando-nos do que Ele disse: «Em verdade vos digo, o que fizerdes a um dos mais pequeninos dos meus irmãos, estão a fazê-lo a Mim» (Mateus 25:40).
Pe. José Mario Mandía