As crianças são a nossa maior riqueza

DIREITOS, RESPEITO E DIGNIDADE SÃO ESSENCIAIS PARA O BEM-ESTAR DOS MAIS NOVOS

As crianças são a nossa maior riqueza

A Convenção dos Direitos da Criança consagrou princípios aceites a nível internacional. O Século XX ficará para a história como o século das crianças. Depois da chacina de milhões de crianças pelos nazis, reconheceram-se os seus direitos fundamentais.

Criança: pode invocar seus direitos sem distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião, origem, fortuna, nascimento; a família é o meio natural para o crescimento; para o desenvolvimento harmonioso da sua personalidade, deve crescer num clima de amor e compreensão; ser educada num espírito de paz, dignidade, tolerância, liberdade, igualdade e solidariedade; tem necessidade de cuidados especiais, tanto antes como depois do nascimento; escolaridade básica de qualidade, conviver com os outros, com espaço para o seu desenvolvimento afectivo. Estes são alguns dos direitos.

O mundo moderno orientado por pseudo-valores torna-se muitas vezes incapaz de dar à criança aquele carinho, dedicação e ternura que só o coração de uma mãe, a sua mãe, poderá dar. As crianças são a nossa maior riqueza.

O RESPEITO PELA VIDA

O cardeal Ratzinger, no seu primeiro livro escrito depois de ter sido eleito Papa “A Europa de Bento na crise de culturas”, afirma que “a Igreja nunca se resignará perante as leis que permitem o aborto. O respeito pela vida, desde o primeiro momento da sua concepção, é uma questão decisiva”. “Não há pequenos homicídios (…) Quando o homem perde na sua consciência o respeito pela vida como coisa sagrada, acaba inevitavelmente por perder a sua própria identidade”, escreve.

Três arcebispos africanos do centro de África comentaram: «A Europa está perdendo a sua alma e sendo vítima de um relativismo sem ética. Bem fizeram João Paulo II e Bento XVI (e o faz o Papa Francisco), recordando aos europeus as suas raízes cristãs».

O porta-voz da Conferência Episcopal Indiana lembrou: «No Velho continente reserva-se ao Cristianismo um papel cada vez mais marginal, e este fenómeno visto da Ásia gera preocupação porque a Europa é considerada o berço da mensagem cristã. Ela deve redescobrir as suas raízes cristãs. Os católicos são chamados a testemunhar com coragem a sua fé no âmbito da vida social e civil».

INVERNO DEMOGRÁFICO

O Papa Francisco alertou em 26 de Março de 2019, em Roma, numa visita surpresa à Universidade Lateranense, para o «individualismo» da sociedade que levou a um «inverno demográfico» no Ocidente, à falta de crianças.

«É um ponto que me faz sofrer. Mas porque não têm filhos, ao menos, dois?», sublinhou Francisco. A intervenção questionou uma sociedade cada vez mais centrada no próprio «bem-estar», sem a preocupação de dar «frutos».

O inverno demográfico que hoje todos nós sofremos é, realmente, efeito desse pensamento único, egoísta, dirigido somente para nós mesmos, que busca somente a “minha” realização.

«Estudantes… este pensamento parece muito cultural, mas é “selvagem”, porque impede de fazer história, de deixar uma história depois de ti».

O Papa disse mesmo que esta exaltação do próprio eu é uma «vergonha», falando em «doença do individualismo», com «o desprezo e descarte dos outros, a recusa em deixar-se interpelar pela evidente ruína da criação», e a contrariar a «mística do nós» e de «uma espiritualidade de solidariedade global».

CRIANÇAS-SOLDADO

A criança-soldado é um jovem com menos de dezoito anos que faz parte de qualquer força armada. São combatentes, cozinheiros, mensageiros e compreende meninas que são recrutadas para fins sexuais e casamentos forçados.

A chaga das crianças-soldado é um fenómeno definido pelo Papa Francisco como uma «tragédia» e uma «escravidão» que ainda está presente na maior parte das guerras no mundo.

Há crianças recrutadas em países com números assustadores: dezanove mil crianças no Sudão do Sul e dez mil na África Central utilizadas como soldados. O Tribunal Penal Internacional considera o recrutamento de crianças com menos de quinze anos de idade um crime de guerra.

Podem chegar à guerra: “forçados, voluntários para os grupos armados, para fugir à pobreza, à fome ou até mesmo apoiam uma causa”, assinala a UNICEF.

CRIANÇAS DESLOCADAS

De acordo com um relatório publicado, em 6 de Dezembro 2019, pela UNICEF, cerca de 761 mil crianças foram deslocadas internamente nas ilhas do Caribe, por tempestades entre 2014 e 2018. Estes foram os cinco anos mais quentes já registados.

É um aumento de quase seiscentos mil meninos e meninas, em comparação com as crianças deslocadas nos cinco anos anteriores. A principal causa do aumento foi uma série de ciclones ou furacões tropicais catastróficos que atingiram a região.

As mudanças climáticas, com tempestades severas, provocarão altos níveis de deslocamento forçado nas próximas décadas, em qualquer parte do mundo.

O Vaticano apresentou, no dia 5 de Maio 2020, um documento sobre deslocados internos, vítimas “invisíveis” dos conflitos e catástrofes. As orientações pastorais do Papa para actuação da Igreja Católica no campo das migrações são: acolher, proteger, promover e integrar.

Pe. Armando Soares

In Boa Nova – atualidade missionária

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