Defensor da humanidade e pastor universal»

«Defensor da humanidade e pastor universal»

VATICANO ABRE ARQUIVOS SOBRE PONTIFICADO DO PAPA PIO XII

O Vaticano abriu na segunda-feira a consulta dos documentos do pontificado de Pio XII (1939-1958) a investigadores de todo o mundo, no Arquivo Apostólico e outros arquivos da Santa Sé.

A abertura destes arquivos foi anunciada pelo Papa Francisco a 4 de Março de 2019, após um trabalho de mais de catorze anos.

O pontificado de Pio XII atravessou a II Guerra Mundial e o início da chamada “Guerra Fria”.

Uma das principais fontes de informação é o arquivo dos Assuntos Gerais da Secretaria de Estado do Vaticano, com quase cinco mil caixas que foram reordenadas, num inventário de cerca de quinze mil páginas.

O arcebispo D. Paul Richard Gallagher, secretário do Vaticano para as Relações com os Estados, disse ao portal Vatican News que a documentação agora disponível vai mostrar o Papa italiano “em toda a sua grandiosidade, como defensor da humanidade e como autêntico pastor universal”. O Papa Pio XII, assinalou o responsável, “foi um corajoso diplomata”.

“Como Papa demonstrou uma caridade ilimitada, nem sempre compreendida e nem mesmo partilhada dentro dos muros vaticanos. Dos seus documentos evidenciam-se os esforços feitos para tentar responder aos pedidos de ajuda para a salvação dos perseguidos e dos necessitados em perigo de vida. Certamente poderemos constatar também o ódio do nazismo contra a Igreja Católica e pelo próprio Papa”, revelou.

O Arquivo Histórico mostra ainda que no pós-guerra houve uma “grande actividade” de religiosos enviados pelo Papa para tentar negociar com autoridades soviéticas.

O cardeal português D. José Tolentino Mendonça, responsável pelo Arquivo Apostólico Vaticano, disse que os novos documentos sobre o pontificado de Pio XII vão poder ser analisados num clima de “total abertura”.

“O que poderá ser consultado são os arquivos das principais instituições da Santa Sé, a começar pelo Arquivo Central, o Arquivo Apostólico Vaticano, e a ela terão acesso, sem qualquer restrição de religião, de proveniência, de ideologia, isto é, de uma total abertura, os estudiosos qualificados”, esclareceu ao portal Vatican News.

“A Igreja não tem medo da história, mas considera a avaliação dos estudiosos com a certeza de que seja compreendida a natureza de sua acção”, precisou.

  1. Tolentino Mendonça disse à Agência ECCLESIA, aquando do anúncio do actual Papa, que espera a atenção de “muitos historiadores” sobre um pontificado longo, “num dos períodos cruciais da história contemporânea, que tem uma riqueza muito grande”.

“É evidente que um momento central é o da II Guerra Mundial, da perseguição aos judeus, mas há toda uma série de questões, como a preparação do Concílio Vaticano II (1961-1965), que vai aparecer no pontificado seguinte, de São João XXIII: o clima, a relação com a teologia, a aspiração das várias Igrejas, isso tudo aparece já no pontificado do Papa Pio XII, que é muito rico, nomeadamente para Portugal”, concluiu D. Tolentino Mendonça.

A documentação inclui 73 arquivos de representações pontifícias, quinze séries da Secretaria de Estado, 21 acervos de Congregações romanas e escritórios da Cúria e palatinos, três do Estado da Cidade do Vaticano e outros oito acervos.

In ECCLESIA

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