CUBA

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Bispos pedem fim dos confrontos

Os bispos católicos de Cuba reagiram às manifestações que levaram milhares de pessoas às ruas, contra a escassez de alimentos e medicamentos, pedindo o fim dos confrontos e criticando a “imobilidade” que prolonga os problemas.

“Neste momento, como pastores, preocupamo-nos que a resposta a essas reivindicações seja a imobilidade que contribui para dar continuidade aos problemas, sem resolvê-los. Não só vemos que as situações pioram, mas também que caminhamos para uma rigidez e endurecimento de posições que podem gerar respostas negativas, com consequências imprevisíveis que nos prejudicariam a todos”, afirma o episcopado cubano, num comunicado publicado na sua página de Internet.

“Não se chegará a uma solução favorável por imposições, nem por apelos ao confronto, mas quando se exerce a escuta mútua, se procuram acordos comuns e se dão passos concretos e tangíveis que contribuem, com a colaboração de todos os cubanos sem exclusão, para a construção da Pátria ‘com todos e para o bem de todos’”, acrescentam os responsáveis.

Os cubanos estão, desde o último Domingo, a sair à rua em manifestações com reivindicações que gritam “Temos fome”, “Liberdade” e “Abaixo a Ditadura”, por causa da crise económica que agravou a escassez de alimentos e medicamentos, e obrigou o Governo a cortar a electricidade durante várias horas por dia.

O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, em resposta, pediu no Domingo aos seus apoiantes para saírem às ruas, prontos para o «combate», em resposta às manifestações que aconteceram contra o Governo em vários pontos do País.

Os bispos cubanos reconhecem que a realidade não pode ser ignorada e relatam que “apesar dos riscos de contágio de Covid-19”, milhares de pessoas saíram às ruas de cidades e vilas de Cuba, “protestando publicamente, expressando o seu desconforto pela deterioração da situação económica e social que atravessa o nosso país”.

“Entendemos que o Governo tem responsabilidades e tem procurado tomar medidas para amenizar as referidas dificuldades, mas também entendemos que o povo tem o direito de expressar as suas necessidades, desejos e esperanças e, por sua vez, de expressar publicamente como algumas medidas afectam a população”, pode ler-se.

Numa mensagem dirigida a “todos os cubanos de boa vontade”, assinada no último dia 12, o episcopado sublinha que “violência gera violência” e que a agressividade “abre feridas e alimenta ressentimentos para o amanhã que custarão muito trabalho a superar”.

“Convidamos a todos a não contribuir para a situação de crise, mas com serenidade de espírito e boa vontade, exercitar a escuta, a compreensão e a atitude de tolerância, que leva em conta e respeita o outro para procurarmos juntos caminhos de uma solução justa e adequada”, apelamos bispos.

In ECCLESIA

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